quinta-feira, 23 de abril de 2009

As duas vizinhas


Já há alguns anos que aquelas vizinhas viviam em pé de guerra. Não podiam encontrar-se na rua que havia confusão certa. Mas as pessoas mudam e passado algum tempo, a vizinha Maria descobriu que a vida são dois dias, percebeu que a amizade era coisa para levar a sério e resolveu que iria fazer as pazes com a sua vizinha Celeste. Mal a encontrou, decidiu terminar ali mesmo a desavença que alimentava aquela zanga incompreensivel e, muito humildemente a Maria dirigiu-lhe um timido sorriso: -"Sabe vizinha Celeste? Eu gostaria de terminar este nosso conflito desgastante sem fundamento e que não nos leva a lado nenhum. Estou a propor-lhe que façamos as pazes e passemos a viver como amigas, afinal já nos conhecemos há tantos anos, nada justifica...
Celeste estranhou a atitude daquela que considerava inimiga, abanou a cabeça em sinal afirmativo e ficou a matutar na repentina proposta. Não... não, aquilo não lhe lhe soava a coisa boa, a vizinha Maria não pensasse que a enganava, se queria ser agora sua amiga, pois bem, iria dar-lhe um presente, sempre queria ver onde a outra queria chegar.
Tal como pensou, colocou o seu plano em acção: preparou uma bonita cesta, forrou-a com um vistoso papel e... encheu-a de esterco de vaca, pensando que gostaria de ser mosca para ver a cara da Maria quando desembrulhasse o "presente".
Mandou a empregada a casa da vizinha com a cesta onde não foi esquecido um bilhete com duas frases: "Aceito a sua proposta de paz e para selarmos o nosso compromisso, aceite este meu modesto presente".
Passou-se algum tempo sem que as duas vizinhas se encontrassem, até que uns dias depois Celeste abre a porta e vê um lindo cesto coberto com um explendido papel onde se viam as mais belas flores que podiam existir num jardim, e no topo ali estava um cartão com a seguinte mensagem:
Querida Celeste
Estas flores é o que lhe ofereço como prova da nossa recente amizade. Foram cultivadas com o esterco que teve a gentileza de me enviar e que proporcionou um excelente adubo para meu jardim. Afinal, cada um dá o que tem em abundância na sua vida. Com amizade.
Maria

1 comentário:

ANTONIO CAMBETA disse...

Estimada Amiga Irene,

Uma maravilhosa história da qual poderemos tirar alguns ensinamentos.
Por vezes a desconfiança e a maldade andam de braço dado, porém existem pessoas mais humildes, menos raposas, que com gestos mais belos dão uma bofetada com luva branca.
Adorei.
Um abraço amigo