Hoje em dia, quando uma criança nasce, não numa família, mas sim, numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É obrigatório ter: o diploma de sonho, o emprego de sonho, a promoção de sonho, a casa de sonho, o carro de sonho, o maridinho/esposa de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!
Ao ler este "desabafo" do jornalista João Pereira Coutinho, que transcrevi, veio-me à ideia esta pequena história...
Quando os "Deuses do Mundo" se reuniram e decidiram criar um homem e uma mulher, todos sabemos que planearam criar-nos à sua imagem e semelhança.
Nessa altura, surgiu um problema, pois de repente um deles lembrou-se de algo que o perturbou:
-"Esperem! Se vamos criá-los à nossa imagem e semelhança, irão ter um corpo igual ao nosso, força e inteligência igual à nossa! Por isso devemos pensar em algo que os diferencie de nós, senão estaremos a criar novos deuses.
- "Sim..." - concordou o outro pensativo - "Devemos tirar-lhes algo, mas o que poderíamos nós tirar"?
Depois de muito pensarem, chegaram à conclusão que deveriam tirar-nos a FELICIDADE, (pois dizem que os deuses são felizes), mas o problema era onde escondê-la para que ela nunca fosse encontrada.
Então os deuses começaram a discutir um local onde ela nunca fosse encontrada...
-"Vamos escondê-la na montanha mais alta da Terra!"
- "Não te recordas que lhes demos força? Alguém conseguirá subir até o topo dessa montanha e logo saberão onde ela está".
- "Então vamos escondê-la no fundo do mar!"
- "Também não será um bom lugar, pois se têm inteligência, alguém certamente vai criar alguma máquina que os fará submergir e encontrá-la."
- "Quem sabe, talvez a possamos esconder na Lua ou em algum planeta bem distante?"
- "Também não seria eficaz, pois demos-lhes a curiosidade e a ambição portanto, irão querer ultrapassar os limites e logo criarão algo para voar pelo espaço e certamente a encontrarão".
Depois de muito discutirem e não chegarem a nenhuma conclusão, o único Deus que não havia falado, pediu a palavra e exclamou satisfeito pela descoberta:
- "Creio que sei aonde poderemos colocar a FELICIDADE, tenho a certeza que é um lugar que eles nunca descobrirão!"
Todos ficaram espantados e perguntaram em coro...
"- Onde?!?"
- Muito simples! Colocaremos a FELICIDADE dentro deles, pois estarão tão preocupados na sua busca lá fora, que nunca a descobrirão."
Sábia decisão! Todos concordaram e desde então tem sido assim...
O HOMEM PASSA TODA A VIDA EM BUSCA DA FELICIDADE SEM SE DAR CONTA QUE ELA É UM ESTADO DE ESPÍRITO E QUE PORTANTO NÃO EXISTE FORA DO SER.
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1 comentário:
De facto, é o que acontece na maior parte das vezes. Estamos tão obsecados a procurar "lá fora" que não vemos o que está junto de nós!
Bjs
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