quarta-feira, 24 de abril de 2013

Os Humanos e as Máquinas

Só aqueles que encaram despreocupadamente as coisas com que se preocupam os homens, pode preocupar-se com as coisas que os homens encaram despreocupadamente. (Confúcio)
Actualmente em todas as sociedades do mundo e devido à globalização, são mais valorizadas as máquinas, que os humanos, que vão sendo substituídos gradualmente por elas. Em qualquer dos sectores comerciais e industriais, a técnica é que domina!
A ideia inicial seria a máquina facilitar a vida do homem, e não criar a fome em função do desemprego que elas vieram causar.
O desemprego causado pelas novas tecnologias, como a robótica e a informática, passou a ter o pomposo nome de “desemprego estrutural”. Ele não é resultado de uma crise económica, mas sim das novas formas de organização do trabalho e da produção. Assim, as máquinas substituem os homens no processo produtivo, mas os beneficiados são os donos do capital constante e acontece, em função de mudanças definitivas na própria estrutura da sociedade, que vai investindo cada vez mais na automatização e na tecnologia de ponta.

A automatização dos processos produtivos na indústria e nos serviços, é uma mudança definitiva na forma de produzir bens e prestar serviços nas actuais sociedades modernas. Por isso, o desemprego que está a ser causado por essa automatização infelizmente está para ficar e durar.
Como exemplo, há uma cadeia produtiva de plástico que consegue, há anos, uma maior produtividade e competitividade, particularmente nos transformadores, em luta cerrada contra as garras cada vez mais afiadas da concorrência externa. A fim de se defenderem nesse confronto e ainda contemplá-los com maior controle de qualidade, destacam-se os mecanismos e equipamentos para automatização desse processo produtivo
A única solução, para quem ficou desempregado em função dessas mudanças estruturais, é (re)qualificar-se noutras áreas. os que não conseguem, vão ficando para trás...
Devido à actual crise de valores, egoísmo e individualismo, cada vez mais as pessoas estão a ficar isoladas da sociedade, muitos recorrem então ao uso excessivo do computador.
As pessoas, apesar de estarem juntas no emprego ou em família, sentem-se cada vez mais sós e isoladas do mundo. Para combater esse problema, recorrem à internet, para procurar um parceiro ou amigos. Noutros tempos, as pessoas conheciam-se através de amigos comuns, no café ou no ginásio. Mas agora, a realidade é diferente e a internet permite conhecer pessoas, que se podem tornar amigas ou algo mais.
No mundo virtual é fácil construírem-se personagens que em nada encaixam na realidade, mas mesmo assim muita gente marca encontro em lugares públicos ou cafés, com êxito ou sem ele, cada dia existem mais fãs deste procedimento.
O namoro on-line tem-se provado na prática, que tem muitas desvantagens, por isso, há que ter muita cautela para não se acreditar em tudo o que o outro publica, e ter a sensatez de não revelar pormenores da sua vida privada.
O que é um facto real é que o relacionamento humano está a passar por uma crise aguda e de consequências imprevisíveis. Mas atribuir às máquinas toda a culpa, também não é justo, embora elas tenham e continuarão a ter, uma considerável parcela de culpa pelo arrefecimento das relações pessoais entre os seres humanos, talvez a culpa seja  dos excessos...

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Se mudares o Homem, mudas o Mundo!


Circula na Internet, sem identificação do Autor, a seguinte fábula:
 
Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de minorá-los. Passava os dias no seu laboratório em busca de respostas para as suas dúvidas. 
Certo dia, o filho de sete anos, invadiu o seu santuário e decidiu ajudá-lo a trabalhar.
Vendo que seria impossível demovê-lo, o pai procurou algo que pudesse distrair-lhe a atenção. Até que se deparou com o mapa do mundo. Com o auxílio de uma tesoura, recortou-o em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho:
"- Toma, vou dar-te o mundo para consertar. Vê o que se consegue. Faz tudo sozinho!"
Pensou que, assim, estava a livrar-se do garoto, pois ele não conhecia a geografia do planeta e certamente levaria dias para montar o quebra-cabeças.  
Porém, uma hora depois, ouviu a voz do filho:
-"Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!"
Para surpresa do pai, o mapa estava completo. Todos os pedaços tinham sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?
-"Mas não sabias como era o mundo, meu filho, como conseguis-te?"
O menino respondeu:
-“ Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando tiraste o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando me deste o mundo para consertar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e descobri que tinha consertado o mundo."



sábado, 20 de abril de 2013

Gatos & Ratos



Alguns ratos, que viviam apavorados, alvoroçados com a frequente presença de um gato, resolveram
fazer uma reunião para encontrar uma forma de acabar com aquele eterno transtorno das perseguições.
Muitos planos foram discutidos e depois abandonados.
Finalmente, um rato jovem levantou-se e deu a ideia de pendurar uma sineta no pescoço do gato; assim, sempre que o gato chegasse perto, eles ouviriam a sineta e poderiam fugir correndo.
Todo o mundo bateu palmas: o problema estava resolvido!
Vendo aquilo, um rato velho que tinha ficado o tempo todo calado, levantou-se do seu canto e deu o seu parecer:
- O vosso plano é muito inteligente, muito audacioso e com toda a certeza, as preocupações quase chegaram ao fim. Só falta um pequenino detalhe: - quem vai pendurar a sineta no pescoço do gato?
Os Gatos e os ratos aparentemente nunca vão encontrar a Paz!



Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és, é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

(Fernando Pessoa, Cancioneiro, 1931)
 





domingo, 14 de abril de 2013

Uma vida...

Eu fui...
Mas o que fui, já me não lembro:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.

Eu sou! Mas o que sou, tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.

Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.

(José Saramago)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

PIMAVERA! Onde estás?



O tempo tem estado tão baralhado, que as estações do ano deixaram de estar definidas. Hoje acordei com saudades da Primavera de antigamente… Quem não acorda com saudades de qualquer coisa?

Sinto saudades de ver os raios de sol entrarem pela janela da minha casa de infância, saudades do tempo perdido, que uma pessoa não aproveitou como devia ser, saudades de um pouco de tudo…

A saudade é a luz viva e nítida, que ilumina a estrada do nosso passado.

Mas hoje, estamos na Primavera, que é a estação mais bela do ano! Céu claro, pássaros a cantar, a vida a florescer através das flores, que nos renova o corpo e a alma.

Estes dias cinzentos e chuvosos, trazem-me nostalgia e saudades…

segunda-feira, 8 de abril de 2013

6 Contos Sufís

Mulla Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) viveu no século XIV. Contou e escreveu histórias onde ele próprio era a personagem. São histórias que atravessaram fronteiras desde a sua época, enraizando-se em diversas culturas. Elas compõem-se num imenso conjunto que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, uma seita religiosa da antiga tradição persa, que se tem espalhado desde então pelo mundo.
CONSELHOS: Nasrudin começou a construir uma casa. Os seus amigos, que tinham cada um, a sua própria casa, e todos eles eram carpinteiros e pedreiros, rodearam-no de conselhos. Mulla estava radiante! Um após outro, e às vezes todos juntos, disseram-lhe o que fazer.
Nasrudin seguia docilmente as instruções que cada um lhe dava. Quando a construção terminou, ela não se parecia em nada com uma casa.
- Que curioso! - disse Nasrudin - e contudo eu fiz exactamente aquilo que cada um de vocês me tinha dito para fazer…”

PASSEIO DE BARCO

Nasrudim às vezes levava as pessoas para viajar no seu barco. Um dia, um pedagogo exigente contratou-o para transportá-lo para o outro lado de um rio, muito largo. Assim que se lançaram à água, o sábio perguntou-lhe se faria mau tempo. –“Não me pergunte nada sobre isso” - disse Nasrudim.
- “Você nunca estudou gramática?” – “Não!” – “Nesse caso, metade da sua vida foi desperdiçada"
O Mulla não disse nada. Porém, logo de seguida, desabou uma terrível tempestade. O pequeno e desorientado barco de Mulla, começou a encher-se de água. Ele inclinou-se para o companheiro e perguntou-lhe:
- “Alguma vez você aprendeu a nadar?” –“Não!” – respondeu o pedante
. – “Nesse caso, caro mestre, toda a sua vida foi desperdiçada, pois estamos a afundar-nos e eu, que nunca aprendi gramática, vou apenas salvar a minha pele.

DESEJOS
A festa reuniu todos os discípulos de Nasrudin. Comeram e beberam durante muitas horas, sempre a conversar sobre a origem das estrelas e dos propósitos da vida. Quando já era quase de madrugada, preparavam-se todos para voltar para as suas casas.
Restava um belo prato de doces sobre a mesa. Nasrudin obrigou os seus discípulos a comê-lo.
Um deles, porém, recusou:- ‘O mestre está-nos a testar. Quer ver se conseguimos controlar os nossos desejos?”
- “Estás enganado!” –respondeu Nasrudin – “ A melhor maneira de dominar um desejo, é vê-lo satisfeito. Prefiro que vocês fiquem com o doce no estômago, do que com ele no pensamento, que deve ser usado para coisas mais nobres.”

NASRUDIM E O OVO

Certa manhã, Nasrudin colocou um ovo embrulhado num lenço, foi para o meio da praça da sua cidade, e chamou aqueles que andavam por ali.
- “Hoje vamos ter um importante concurso! A quem descobrir o que está embrulhado neste lenço, eu dou de presente o ovo que está dentro!”
As pessoas olharam-se, intrigadas, e responderam:
- “Como podemos saber? Ninguém aqui é capaz de fazer esse tipo de previsões!”
Mas Nasrudin insistiu:- “O que está neste lenço tem um centro, que é amarelo como uma gema, cercado de um líquido da cor da clara, que por sua vez está contido dentro de uma casca, que se parte facilmente. É um símbolo de fertilidade, e lembra-nos dos pássaros que voam para seus ninhos. Então, quem é que me pode dizer o que está aqui escondido?”
Todos os habitantes pensavam que Nasrudin tinha nas suas mãos um ovo, mas a resposta era tão óbvia, que ninguém resolveu passar essa vergonha diante dos outros. E se não fosse um ovo, mas algo muito importante, produto da fértil imaginação mística dos sufis? Um centro amarelo podia significar algo do sol, o líquido em seu redor talvez fosse um preparado alquímico. Não, aquele louco estava a querer fazer alguém passar por ridículo.
Nasrudin perguntou mais duas vezes, e ninguém respondeu. O receio do ridículo tolheu-lhes a língua…

CASAMENTO
Nasrudin estava conversando com um conhecido, que indagou:
- “Mullah, responda-me, você nunca pensou em se casar?”
- “Sim, claro que já! Quando eu era jovem, determinei-me a achar o meu par perfeito. Cruzei o deserto, cheguei a Damasco, e conheci uma mulher belíssima e espiritualmente muito evoluída; mas as coisas triviais, do dia a dia, atrapalhavam-na.
Mudei de rumo e lá estava eu, em Isfahan; ali pude conhecer uma mulher com o dom para as coisas materiais, da vida caseira, e além disso mostrou-se muito espiritualizada. Porém, faltava-lhe a beleza física. Pensei: o que fazer? E então resolvi ir até ao Cairo.
Quando lá cheguei, fui apresentado a uma linda jovem, que também era religiosa, boa cozinheira e conhecedora dos afazeres do lar. Ali estava a minha mulher ideal.
- "Entretanto você não se casou com ela. Porquê"?
- “Ah, meu prezado amigo, porque ela também estava em busca do homem ideal.”

MERCADO
Certa manhã, quando se dirigia ao mercado, Nasrudin viu alguns cegos e, fazendo tilintar as moedas da sua bolsa, disse em voz alta:
- “Amigos, amigos, peguem estas moedas. Tu, toma esta, tu, esta, e vocês repartam o resto” – e, enquanto fazia isso, fazia tilintar as moedas da sua bolsa.
É evidente e seria até demais esclarecer, que não repartiu um só tostão. Produzida a cena, afastou-se para observar a seguinte situação:
Os cegos começaram a precipitar-se uns sobre os outros, exclamando e gritando: "deu tudo para ti".
Ou então:" Vocês ficaram com tudo ao invés de repartir". " Eu nada recebi", " mentes", " dá-me a minha parte", etc. etc.
Estas cenas transforam-se em empurrões, socos, pontapés, insultos, terminando numa grande batalha indescritível, dada a cegueira total reinante.
Nasrudin, que seguia de perto as peripécias da batalha, murmurou:
- "Isto é o que poderia chamar-se de "uma luta de cegos, por motivo inexistente".


CONCLUINDO:
...assim somos nós construtores de problemas imaginários, onde deveria somente reinar a tranquilidade do ser.








sábado, 6 de abril de 2013

Viva como as flores

Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo. (Confúcio)
Contam as lendas que o filósofo Confúcio dava excelentes e sábios conselhos. Vejam este:

- “Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes. Sinto ódio das que são mentirosas. Sofro com as que caluniam. Que fazer para não me sentir tão infeliz com a maldade que me rodeia?
E o nosso sábio, tinha a resposta na ponta da língua:
- “Pois viva como as flores!” - advertiu o mestre.
- “Mas mestre, como é viver como as flores?” - perguntou o discípulo, pensando que o mestre estaria a brincar com ele.
–“Repare nestas flores - continuou o mestre imperturbável no seu saber, apontando os lírios que cresciam no jardim – “Elas nascem no esterco, entretanto, são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor das suas pétalas.
É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles, e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo o mal que vem de fora... Isso é viver como as flores...”


Confúcio: um dos mais influentes sábios chineses. Hoje, a sua filosofia é seguida por cinco milhões de pessoas, em especial na Ásia.
Seguindo a carreira como filósofo da corte, K’ung exortou os governantes chineses a ”governarem pela virtude interior” para ganhar o respeito de seus súbditos e dar um exemplo para que as pessoas pudessem seguir.
O Sábio chinês não aprovava a tirania e acreditava que o Estado existe para benefício do povo, e não o contrário. Como escritor, K’ung compilou poemas, estórias e lendas e reuniu-as numa série de livros que ainda hoje sobrevivem como clássicos da literatura chinesa. Entre eles estão o Livro dos Poemas, o Livro da História, o Livro das Etiquetas e o Livro das Mutações (o I Ching).
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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Querer é poder?

Todos queremos alguma coisa! Todos nós temos vontades e desejos de algo! Mas nem sempre conseguimos compreender ou definir o que queremos exactamente, nem entender o porquê desse querer. Há estudos que definem a causa desse sentimento, referindo que se nos apresentam ao longo da vida outros caminhos a seguir, ofertas melhores, outras perspectivas, etc...
Parece que sempre queremos algo, porque ao oferecerem a outros, também queremos que nos ofereçam a nós! Porém, o grande erro está aí, as pessoas aceitam, escolhem coisas na vida sem ao menos saber se essa escolha é a mais correcta ou se nos é benéfica
Para que ocorra uma boa escolha, é necessário o sentir, o saber e o perceber o que se está de facto a querer. Será realmente isto que queremos para nós? Será esta a escolha mais acertada para o meu caso? Que benefícios irei colher disto?
Sendo assim, para que tenhamos bons resultados, é necessário, portanto, que saibamos para onde esses desejos nos levam.
Ressaltando o que devemos ter em mente, são os objectivos que incindam correctamente nas nossas escolhas. Sabendo esta reposta então podemos reconhecer o que de facto queremos! O que desejamos! Aí sim, colocar essa nossa decisão, esse nosso querer, no nosso projecto de vida.
Mas nem sempre querer é poder, porque às vezes a gente quer, mas ainda não pode e ainda não consegue realizar. Não faz mal: a vontade que é legítima, alinhada com a alma, caminha connosco, paciente, fresca, bondosa, até que a gente possa. Às vezes, isso parece muito longe, mas é só o tempo do cultivo.
Também as flores, como algumas vontades, somente desabrocham quando conseguem
Vamos ser fiéis connosco, com a nossa vida e que as nossas escolhas não visem o nosso quere apenas, mas o que é bom e o que é necessário.
Para que isso aconteça, precisamos de autoconhecimento, um olhar mais introspectivo às nossas escolhas e aos nossos desejos, para que este querer nos faça bem e feliz.