segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Nada sei...


Não me perguntes,
porque nada sei,
da vida,
nem do amor,
nem de Deus,
nem da morte.

Vivo,
amo,
acredito sem crer,
e morro antecipadamente,
ressuscitando!

O resto,
são palavras,
que decorei
de tanto as ouvir.

E a palavra,
é o orgulho do silêncio envergonhado.

Num tempo de ponteiros
agendado,
sem nada perguntar,
vê sem tempo,
o que vês acontecer.

E, na minha nudez,
aprende a adivinhar
o que de mim não possas entender.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

As crianças e a verdadeira amizade

Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários, foi atingido por um bombardeio.
Alguns missionários e duas crianças tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre elas, uma menina de oito anos, foi considerada em pior estado. Era necessário chamar ajuda por uma rádio e ao fim de algum tempo, um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local. Tinham de agir rapidamente, senão a menina morreria devido aos traumatismos e à muita perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas como? Após alguns testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali possuía o sangue compatível. Reuniram então as crianças e entre gestos, arranhadelas no idioma, tentaram explicar o que estava a acontecer com a menina e que precisariam de um voluntário para doar o sangue. Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente.
Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado rapidamente ao lado da menina agonizante e espetaram-lhe então a agulha na veia. Ele mantinha-se quietinho e com o olhar fixo no tecto. Passados momentos, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico reparou e perguntou-lhe se estava a doer? Ele negou, tentando disfarçar novo soluço. E então voltou a soluçar de novo, contendo a custo as lágrimas.
O médico ficou preocupado e tentou averiguar o que passava, mas o rapazinho abanava apenas a cabeça para que o deixasse em paz. Mas como os soluços continuassem cada vez mais fortes acompanhados de um choro silencioso, era evidente que algo estava errado.
Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia que soubera do acidente e vinha prestar ajuda. O médico pediu que ela procurasse saber o que estava a acontecer com o rapazinho Heng.
Com uma voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e ia explicando algumas coisas sobre o que estava a acontecer com ele e com a amiguinha.
Então o rosto do menino foi-se aliviando e, minutos depois ele estava novamente tranquilo. A enfermeira explicou aos americanos: - "Ele pensou que ia morrer! Não tinha entendido nada do que vocês disseram e estava convencido que lhe era retirado todo o sangue para dar à menina."
O médico sorrindo compreensivo, aproximou-se dele e, com a ajuda da enfermeira, que foi traduzindo, perguntou-lhe: - "Mas se pensavas que era assim, porque então é que te ofereceste para doar o teu sangue?”
E o menino respondeu simplesmente: - "Ela é minha amiga…"A grandeza da alma pura das crianças, devia permanecer assim, até adultos. Afinal a vida não passa de uma tentativa! Tentamos ser grandes no que fazemos, mas olhando à nossa volta, encontramos sofrimento e o alheamento às misérias deste mundo. Os ricos querem ser ainda mais ricos e os "outros", encolhem os ombros dizendo que não há nada a fazer, embora nos cheguem muitos exemplos de pessoas que fazem a diferença.
É preciso amar acima de tudo, amar tudo e a todos.
Não fechar os olhos para a sujidade do mundo, não ignorar a fome que nos rodeia!
Pode esquecer a bomba, mas antes, deve fazer algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz. Procurar o que há de bom em tudo e em todos e não tecer os defeitos logo à distância.
Fazer da vida e das pessoas, uma das razões de viver, porque fazemos parte de um todo, isolado ninguém consegue viver, precisamos uns dos outros para subsistir, para avançar, para amar.
Entenda as pessoas que pensam diferente e não as reprove. Não corra! Para quê tanta pressa? Corra apenas para dentro de si e sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme o seu sonho em fuga! Descubra apenas aquilo que há de bom dentro de si e os amigos vêm ao seu encontro! Precisamos de um amigo para se parar de chorar e para não se viver debruçado no passado, em busca de memórias perdidas...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O desportista na época romana, mais rico do mundo

O corredor lusitano Diocles, tornou-se profissional aos 18 anos e morreu aos 42.
Se o salário de Cristiano Ronaldo parece elevado, é porque ainda não conhece o condutor de quadrigas Gaius Appuleius Diocles.
Os milhões de Cristiano Ronaldo e até do golfista Tiger Woods, o desportista mais rico da actualidade, não se comparam aos prémios conseguidos por um condutor de quadrigas lusitano no tempo do Império Romano.
Segundo uma investigação da Universidade da Pensilvânia, citada pelo Expansión, o desportista mais rico de toda a história foi Gaius Appuleius Diocles, um condutor de quadrigas nascido na Lusitânia no ano de 104.
Segundo os investigadores, Diocles angariou qualquer coisa como 35,863 milhões de sestércios, a que corresponderiam actualmente 11,6 mil milhões de euros. A maquia amealhada pelo desportista luso era o suficiente para abastecer de cereais a capital do Império Romano durante um ano.
Diocles participou em mais de quatro mil corridas da "Fórmula 1" dos romanos, tendo vencido quase 1.500 dos desafios. Por 815 vezes liderou as corridas desde o início, em 67 vezes conseguiu a liderança nas últimas voltas e em 36 ocasiões sagrou-se vencedor mesmo na recta final.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Magia das velas

Já há muitos anos que tenho o hábito de acender velas por isto ou por aquilo, é algo que me fascina desde criança. De tal forma, que já muitas pessoas amigas, quando têm algum problema mais complicado pedem-me para acender uma das minhas famosas velinhas... o que é facto, seja coincidência ou não, as coisas acontecem de forma positiva quando aparentemente parecem feias, tudo graças à crença que eu faço dos meus pedidos à mistura com o ritual das velas e... acredito que resultam!
As velas sempre foram usadas, não apenas para iluminar a escuridão em lugares, mas principalmente com finalidades mágicas ou espirituais.
A luz de uma vela carrega em si, todas as forças do Universo, tanto é que, sempre cumpre a missão de agregar luz e força a qualquer situação. A chama da vela é a conexão directa com o mundo espiritual superior, sendo que a parafina actua como a parte física da vela ou como o símbolo da vontade, e o pavio que suporta a chama, a direcção.
Utilizar rituais com velas, é praticar magia mental, ou seja, a qualidade da magia é determinada pela intenção que se coloca no que se pensa, deseja e cria. Quando se mentaliza algo positivo, desejando o bem de alguém, pratica-se "magia branca", mas como tudo tem sempre o reverso da medalha, quando se deseja mal e se envia mentalmente pensamentos negativos a alguém, isso é praticar "magia negra", mas a pessoa que o faz, também sofrerá más vibrações. Enfrentará então a "lei do retorno"...A chama de uma vela é uma poderosa atracção de força energética vibracional e a sua luz, um veículo para a intuição activada pela vibração da sua luz, que se desenvolve nos mundos invisíveis e subtis.
O que sabemos sobre tudo isto, pobres humanos materialistas? Nem sempre nos debruçamos sobre o mundo invisível/espiritual e infelizmente há quem se aproveite das fragilidades dos outros seres, para enganar, extorquir, porque afinal, perante a crueldade da desigualdade, colocamos muitas perguntas ao criador de um Universo perfeito e a muitas delas não obtemos respostas que justifiquem os horrores e a violência espalhadas um pouco por todo o mundo e que vamos assistindo diariamente, fazendo a eterna pergunta: mas onde está Deus?
A única resposta possível é a dinâmica da esperança e da fé que comanda a vida e estas duas forças não nos podem faltar, algo divino anima e move o ser humano sem mediação da consciência espiritual, que a vai adquirindo conforme os reveses da vida o vão ensinando e direccionando na sua busca.Ao acender uma vela cheio de boas intenções por outrém, está a usar o seu livre arbítrio e essa vela irá activar a mente de quem está a utilizá-la.
Este é um dos recursos para sentirmos alívio ao praticar o bem, que também se traduz em limpeza espiritual e material.
Nas velas tudo é mágico, tanto que só com o simples acto de acender uma vela, já nos sentimos dentro de um ambiente místico, romântico e espiritual.
Entretanto é bom lembrar que forças poderosas estão presentes, porque se sentem atraídas pela luz das velas, razão pela qual é desaconselhável acender velas para os mortos dentro de nossa casa, pois estaremos a chamar o seu espírito e até atrair outros seres confusos ou maléficos, para essa luz.
Existem cuidados básicos a tomar antes de acender velas que invoquem forças espirituais poderosas como os anjos, por exemplo. Uma casa espiritualmente desordenada, com pessoas que praticam acções perversas ou consomem drogas, necessita de uma limpeza energética antes de qualquer ritual mágico. Uma casa que sofreu luto ou onde aconteceu algum tipo de agressão física ou abrigou um morador com uma doença terminal, também necessita de uma boa limpeza energética.Nada impede que acenda velas decorativas, até porque uma mesa de festa assim enfeitada, fica mais bonita e o ambiente mais romântico, mas tratando-se de magia com velas ou pedidos a entidades ou espíritos superiores é aconselhável “despoluir” a comunicação antes, para obter uma sintonia de qualidade, acendendo uma vela branca e deixando-a queimar até se extinguir.
Para quem deseje fazer as coisas "como deve ser", os formatos das velas também têm uma conecção especial com os mundos subtis.
CADA FORMATO DE VELA TEM UM SIGNIFICADO DIFERENTE JUNTO DA MENTE UNIVERSAL.OS SÍMBOLOS GEOMÉTRICOS SÃO ENERGIAS PURAS DO ASTRAL, QUE NOS AJUDAM A ENTRAR EM HARMONIA CÓSMICA COM O CRIADOR.Por exemplo, uma simples vela cilíndrica significa a elevação dos nossos pensamentos, são as mais comuns, as mais usadas e servem para tudo.
As velas triangulares ou em forma de cone, simbolizam os nossos três planos: físico, emocional e espiritual, os mais importantes factores para o nosso bom equilíbrio. Deve-se escolher este formato quando se desejar obter o equilíbrio em qualquer destes três planos ou os três.
As velas quadradas: o quadrado significa estabilidade na matéria. Os seus 4 lados iguais representam os elementos, terra, água, fogo, ar e ainda os elementos da natureza, bem como os 4 pontos cardeais: Norte, Sul, Este e Oeste. Quando necessitar de manter ou estabilizar uma situação, é conveniente usar este tipo de vela.As velas em forma de pirâmide: esta forma é profundamente energética e engloba todas as outras uma vez que a força das pirâmides tem a capacidade de armazenar energia e de a reproduzir. Este tipo de vela deve ser usada quando se quer a comunicação com planos superiores e para a solução energética de problemas. Um dos lados da vela pirâmide deve estar posicionada para Norte.
As velas em forma de estrela de cinco pontas, é sabido que a estrela de cinco pontas é o símbolo do homem preso na matéria, por isso ela representa o processo de reencarnação. Deve usar este formato de vela quando se tem consciência de se ter um problema ou bloqueio energético/espiritual que necessita de ser transmutado. Haverá muitos mais formatos com os seus significados, mas estes serão os mais simples e práticos para amadores...Também sabemos que as cores das velas representam igualmente vibrações diferentes e que cada cor pode ser utilizada consoante a nossa necessidade.
VERMELHA (energia física): é indicada para ssunto de amor, paixão, emoções físicas, sexo, necessidade de força física, liderança, triunfo...
LARANJA (energia de criação): pode ser utilizada para adquirir força mental, criatividade, vivacidade, eliminar a timez em excesso.
AMARELO (energia espiritual): utilize quando precisar de cura energética, vitalidade, optimismo, melhoria financeira...
VERDE (energia e equilíbrio): use sempre que precisar de cura física, fertilidade, tranquilidade, harmonia, estabilidade, trabalho.
BRANCA (energia e paz): ela simboliza a pureza, mas também limpeza espiritual, tem ligação aos planos superiores e com o Anjo da Guarda.
AZUL CELESTE (energia e poder mental): representa a intelectualidade, positividade, a fidelidade e devoção.
AZUL ANIL (energia da intuição): representa poderes paranormais, a sensibilidade, a mediunidade e sensitividade logo, pode ser utilizada para ajudar a desenvolver a intuição.
VIOLETA (energia de transmutação): se ela transmuta, ela elimina e negatividade, traz por isso o autoconhecimento e ajuda à comunicação com os planos supeiores.
ROSA (energia angelical): podemos considerar uma cor que desenvolve a energia da compaixão, compreensão e actua como calmante, é apaziaguadora. É boa para assuntos relacionados com crianças e amizades.
CASTANHO (energia de bens materiais): tem tudo a ver com dinheiro, imóveis, heranças, tudo o que for material.DEVE ESCOLHER A COR DA VELA CONSOANTE O ASSUNTO
Vela Branca se o assunto for de carácter geral
Vela Vermelha se for exclusivamente um assunto de amor
Vela Verde se se tratar de trabalho ou negócios
Vela Amarela se for um problema financeiro
Vela Doura para invocação e protecção astral
Velas Violeta ou Roxa para purificação e limpeza kármica

NOTA IMPORTANTE:as velas para rituais e pedidos devem ser sempre acendidas com fósforos e não deve soprar uma vela para a apagar, será o mesmo que deitar ao vento o seu pedido, deve fazê-lo com um abafador de velas ou simplesmente com o dedo.

Há imensa matéria a este respeito, mas estes conselhos são simples e ao alcance de qualquer pessoa em momentos de desorientação, aflição ou para quem queira ajudar alguém a resolver um problema de saúde, de emprego, de amor, etc.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Homicidio em New York - à procura de um sonho

Toda a gente tem sonhos. E segredos. E pecados. Quem não sonha está morto; quem não se resguarda é tonto; quem não peca é santo. Sonhos, segredos e pecados não são crime. O problema está na fronteira que determina as respectivas definições. E, mais importante, na maturidade e no bom-senso necessários para suportar cada um deles. Como em tudo na vida, de vez em quando é preciso colocar o pé no travão.

Renato Seabra, 21 anos, finalista de Ciências do Desporto, em Coimbra, tinha um sonho: ser manequim, provavelmente internacional. Ambição legítima. Candidatou-se a um concurso televisivo, que a televisão parece ser o único veículo reconhecido como eficaz pela geração à qual pertence. Ficou em segundo lugar. A família há-de ter ficado feliz. Os amigos também. Ninguém questionou. Ninguém accionou o travão. Neste tempo, nada parece satisfazer mais as pessoas do que exibir o seu talento, seja ele qual for, na televisão - e a televisão dá para tudo: para cantar, dançar, representar, cozinhar, emagrecer ou só para simular o quotidiano dentro de uma jaula. Vale tudo. Daqui a cem ou duzentos anos, há-de falar-se deste tempo como um tempo muito sinistro.Mas nem a televisão, com toda a sua pressa, parece ter conseguido responder à urgência do sonho de Renato. E, por isso, talvez ele tivesse também um segredo.
Que mal teria aproximar-se de Carlos Castro, 65 anos, velho colunista do suposto glamour nacional a quem os transeuntes desse suposto glamour agradeciam a rampa de lançamento, se com isso conseguisse acelerar a projecção da sua carreira? Aparentemente, não teria mal nenhum. Se tivesse tido travão. Maturidade e bom senso. E verdade, já agora, que é coisa que também começa a escassear. Ou alguém por ele. Se tivesse havido uma mãe ou um pai que tivesse pensado duas vezes antes de autorizar o filho a viajar (para Madrid, Londres e Nova Iorque) com aquele homem, por muito conhecido que fosse. Com aquele ou com qualquer outro. Mas os holofotes cegam quem nos holofotes quer ser feliz.

E foi seguramente um Renato cego, independentemente de ser homo ou heterossexual, que matou outro homem, também ele cego, Carlos Castro. O primeiro, cego pela ambição; o segundo, cego pela devoção de um rapaz mais novo. Num crime que se presta a tanto folclore - as piadas ainda não começaram, mas não hão-de tardar -, o que mais me choca não é a morte, por monstruosa que tenha sido. O que verdadeiramente me choca é disponibilidade mental que as pessoas cada vez mais parecem ter para permutar a honra pela desonra. Mesmo que para sempre consigam manter a desonra em segredo. E, neste caso, não sei quem a permutou primeiro: se o homem que não teve coragem para se afastar de um miúdo sequioso de fama, preferindo acreditar que este o amava; se o miúdo, perigosíssima e preocupante amostra de uma geração, que é capaz de se violentar ao ponto de fingir amar alguém só para daí retirar benefício. Choca-me ainda mais a quantidade de histórias destas que hão-de pulular por aí sem que delas tenhamos conhecimento só porque não tiveram um desfecho trágico. E choca-me, finalmente, que a comunicação social, tão empenhada que está em abordar o assunto com pinças e pruridos, esteja a passar ao lado do assunto que mais interessa: quem é responsável pela desintegração dos valores desta gente, que é muita, para quem a vida só é vida se for mediática? E quem os protege?

Do sonho e do segredo de Renato, restou-lhe apenas o pecado. Capital. Poderia ser mais triste?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Qual é o preço da beleza?


Naquela manhã em Nova Iorque, seria uma manhã como outra qualquer, se não fosse um sujeito que desce numa estação do Metro, vestindo umas jeans, camisola e boné, encosta-se na entrada, tira o violino de uma caixa e começa a tocar com entusiasmo. Durante 45 minutos que ali esteve a tocar, foi completamente ignorado pela multidão que passava por ali àquela hora matinal, dirigindo-se apressados para os seus empregos e outras tarefas.Ninguém sabia, mas o músico era nem mais que Joshua Bell, um dos violinistas mais bem pagos do mundo, que estava ali a executar peças musicais consagradas num raríssimo instrumento: um “Stradivarius” de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.
Toda esta encenação foi uma experiência realizada pelo Jornal “The Washington Post”, cujo prepósito era o de lançar o debate sobre “valor, contexto e arte”:

a) Num ambiente comum, a uma hora pouco apropriada, somos capazes de reconhecer a beleza?
b) Paramos para apreciá-la?
c) Podemos reconhecer o talento num contexto inesperado"?
d) Quantas outras coisas excepcionais nos passam despercebidas?

O que é facto, este ensaio no Metro de Nova Iorque gravado em vídeo, mostra centenas de homens e mulheres que ali passavam pelo artista, apressados, sem que ninguém se detivesse a observá-lo e muito menos a ouvi-lo, indiferentes ao belíssimo som do violino.Dias antes, este mesmo ignorado rapaz da estação de Metro, tinha estado a tocar no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custavam 1000 dólares.
Simplesmente porque ninguém o anunciou com a “etiqueta” de luxo, ninguém teve a sensibilidade para “sentir” ou reparar que ali estava a decorrer ARTE!
Esta experiência vem questionar os nossos sentimentos e a nossa apreciação sobre a cultura e a arte. Afinal o que realmente as pessoas gostam e querem? O que apreciam realmente? É o mercado que dita o que usar, ver, vestir ou… ser?
As pessoas são manipuladas consciente ou inconscientemente pelo mercado, pelos mídea e pelas instituições que detêm o poder financeiro? Será que só é valorizado o que tem a etiqueta e o preço da fama?Joshua Bell, quando foi em visita ao Brasil, foi entrevistado pela Revista QUEM, sob o tema “O galã da música clássica”, mas apenas publico estas duas questões que lhe foram postas entre outras e assim podemos tirar algumas elações da personalidade deste jovem e famoso violinista:
Revista QUEM: A revista People elegeu-o, em 2000, uma das 50 pessoas mais bonitas do mundo. Foi importante para você?
JB: Não! (risos). Coisas como essa não significam nada para o que eu faço. Acho que a melhor coisa disso tudo é que é importante que os músicos clássicos façam parte da mídia, porque é bom para a música clássica, de forma geral.
Revista QUEM: Tocaria de novo numa estação de Metro?
JB: Ah, não (risos)! Não é algo que penso repetir tão cedo. Mas acredito que a reportagem escrita sobre isso (que ganhou o Pulitzer, o maior prémio do jornalismo americano, em 2007) foi interessante, porque fez as pessoas pensarem no contexto da música e no que elas vêm e sabem sobre o que está a sua volta. Isso mostra que na música você precisa de um público, de atenção... E participar nessa experiência me fez ter certeza disso.

Este exemplo, é uma lição para que fiquemos mais atentos à manipulação e ao que nos cerca.