quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Algumas quadras do poeta António Aleixo
Lembremos o poeta António Aleixo, cauteleiro e pastor de rebanhos, cantor popular que ia de feira em feira, pelas redondezas de Loulé ( Algarve - Portugal) é um caso singular, bem digno de atenção de quantos se interessam pela poesia. Aqui ficam algumas quadras:
Forçam-me, mesmo velhote,
de vez em quando, a beijar
a mão que brande o chicote
que tanto me faz penar.
Os que bons conselhos que dão,
Às vezes fazem-me rir
por ver que eles mesmos,
são incapazes de os seguir.
Acho uma moral ruim
trazer o vulgo enganado:
mandarem fazer assim
e eles fazerem assado.
Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.
Esses por quem não te interessas
produzem quanto consomes:
vivem das tuas promessas
ganhando o pão que tu comes.
Não me dêem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos
a sofrer sem protestar!
Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar... acaba!
O que caracteriza a poesia de António Aleixo, é o tom dorido, irónico, um pouco puritano de moralista, com que aprecia os acontecimentos e as acções dos homens, que infelizmente estão sempre actuais.
Os motivos e temas de inspiração são bastantes variados. Não sendo um revoltado, acaba por desabafar na sua poesia, todo o sofrimento provocado por certas injustiças, como se pode apreciar nestas quadras.
E aqui fica um conselho do sábio poeta:
O mundo só pode ser
melhor do que até aqui,
- quando consigas fazer
mais p'los outros que por ti!
Etiquetas:
António Aleixo,
poesia
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1 comentário:
Estimada Amiga e Ilustre Escritora Irene,
Era eu ainda bem jovem e já lia os poemas desse grande Senhor António Aleixo, como bem refere, seus poemas tem um tom irónico e dorido, e bem justificavel pela vida que era obrigado a levar.
Alguns de meus parcos poemas tem igualmente esses predicados.
Já conhecia este mas é sempre bom recordar.
Abraço amigo
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