sexta-feira, 25 de abril de 2014

25 Abril (40 anos depois...)

Hoje festeja-se mais um ano da “revolução de Abril” em Portugal. Mas, quarenta anos depois, persistem, na sociedade portuguesa, resquícios da ditadura do ‘Estado Novo’, ou, os actuais governantes são os herdeiros do mesmo e a liberdade que tanto custou a ganhar pela luta dos oprimidos no tempo do salazarismo, perdeu-se.
Há muitas forma de perder a liberdade! Sem pão não há democracia, que se dilui no medo de se perder o emprego, entreabrindo a porta para a aceitação de limitações e condições, que pertenciam ao “antes” do 25 de Abril.
A Justiça é cara e não funciona. O alargamento da escolarização não correspondeu à qualificação nem à promoção da cidadania.
As aldeias estão desertificadas, nas ruas dormem cada vez mais os sem-abrigo; as cantinas das escolas quase não conseguem dar de comer a todos os que passam fome e que para a maioria, é a única refeição do dia; a “sopa dos pobres”, vê todos os dias a crescer o número de pessoas carenciadas; há filas enormes nos centros de emprego para ouvirem o desespero dos desempregados (porque eles, políticos, têm sempre emprego assegurado), choros de desespero nos aeroportos dos que são obrigados a emigrar, lares e hospitais onde os velhos são abandonados pelas famílias e a lista não tem fim.
Em suma, ao país real onde vivem aqueles a quem, há 40 anos, foi prometido as amanhãs cantantes, vitória certa na unidade de todos, o fim dos vampiros que tudo comem, além das indispensáveis “liberdade”, “igualdade” e “fraternidade”, nada existe!
A Liberdade vai sendo amordaçada. A igualdade, ou seja, os direitos dos trabalhadores estão ameaçados. Há, inclusive, empresários que agridem verbal e fisicamente os trabalhadores, em especial, mulheres, e as autoridades assobiam para o lado… A violência sobre a mulher não desapareceu e os jornais continuam a noticiar a morte de mulheres que não tiveram a devida protecção.
A desigualdade de género não se extinguiu. O desrespeito por quem pensa de forma diferente manifesta-se com frequência, gerando situações de intolerância e ostracismo. Para terminar, e a propósito, só me ocorre uma palavra de ordem muito gritada na Revolução:
A LUTA CONTINUA!
Pela democracia, claro!)

"Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor no teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim"

Chico Buarque


De todas as revoluções democráticas e populares já havidas no mundo, a Revolução Portuguesa de 25 de Abril, certamente, é uma das mais belas e poéticas. Inspira até hoje milhares de jovens e trabalhadores lutadores por um mundo melhor.
O vermelho dos cravos e a beleza das músicas e poesias que cantaram a revolução até hoje, emocionam profundamente os revolucionários pelo mundo.
Por isso,

25 de Abril SEMPRE!