Alguns ratos, que viviam apavorados, alvoroçados
com a frequente presença de um gato, resolveram
fazer uma reunião para encontrar uma forma de
acabar com aquele eterno transtorno das perseguições.
Muitos planos foram discutidos e depois abandonados.
Finalmente, um rato jovem levantou-se e deu a ideia de
pendurar uma sineta no pescoço do gato; assim, sempre que o gato chegasse
perto, eles ouviriam a sineta e poderiam fugir correndo.
Todo o mundo bateu palmas: o problema estava
resolvido!
Vendo aquilo, um rato velho que tinha ficado o
tempo todo calado, levantou-se do seu canto e deu o seu parecer:
- O vosso plano é muito inteligente, muito
audacioso e com toda a certeza, as preocupações quase chegaram ao fim. Só falta
um pequenino detalhe: - quem vai pendurar a sineta no pescoço do gato?
Os Gatos e os ratos aparentemente nunca vão encontrar a Paz!
Gato que brincas
na rua
Como se fosse na
cama,
Invejo a sorte que
é tua
Porque nem sorte
se chama.
Bom servo das leis
fatais
Que regem pedras e
gentes,
Que tens instintos
gerais
E sentes só o que
sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és,
é teu.
Eu vejo-me e estou
sem mim,
Conheço-me e não
sou eu.
(Fernando Pessoa, Cancioneiro,
1931)
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