Quem não gosta de um delicioso chau
min? Nem todos os restaurantes o sabem fazer crocante e saboroso como “deve
ser”.
Os apreciadores
encontram-na agora só nos mercados, junto de produtos de soja ou nas tasquinhas
antigas, que têm receitas tradicionais.
Existem várias qualidades de min já que esse é o termo que
designa genericamente a massa feita de trigo. Aplica-se, por exemplo ao pão (min
pau), e mesmo aos “diabos fritos em óleo” — que hoje se designam por tchá-min
(massa frita) para, ao que parece, evitar a agoirenta referência ao “rabudo” na
linguagem do dia-a-dia… não vá ele tecê-las!
As massas têm espessuras
diferentes e por vezes variam também os “aromatizantes” naturais incluídos no
seu fabrico. Uma delas, bastante antiga e muito apreciada em Macau, é a que
inclui camarão, há-tchí-min.
Mais apreciada ainda, mas para servir em caldos requintados e em
banquetes, é a ii-min, massa mais fofa (dir-se-ia que oca) que na fase de fabrico, passa por uma leve
fritura em óleo antes de ser entregue aos clientes, lao-min refere-se à
modalidade de massa fresca, que é também banhada em óleo pelo grossista, pronta
a servir aos vários vendilhões, tendinhas e casas de pasto.
O segredo de um bom chau min, é não deixá-la cozer demasiado, e a massa deve
ser “constipada” ou seja, dar-lhe uma fervura, depois passá-la num passador por
água fria e secá-la bem antes de a fritar por poucos minutos, sacudindo-a para
se soltar.
Há duas formas de fazer o chau-mín: temos o chau propriamente dito,
ou seja, torrado e estaladiço, que é regado com os restantes ingredientes
envolvidos num molho mais ou menos engrossado com fécula de milho, e o outro, kón-chau, apenas bem revolvido na frigideira, sem deixar torrar, e que incorpora
todos os ingredientes, sem qualquer molho, para fazer jus ao nome em
cantonense: “frito-a-seco”. É esse o mais comum, o que as cozínhas ambulantes
um pouco por toda a Macau, servem, madrugada fora, por uma ninharia.
Ai que saudades daquelas tasquinhas que poliferavam nas ruas de Macau, que
eram montadas nos passeios à noite e que nos deliciavam com os mais variados
petiscos.
Nos anos 80/90 havia imensas tasquinhas dessas “semeadas” pelos
passeios, a que os portugueses chamavam “caixotes do lixo”, por muitas vezes os
contentores do lixo estarem ali perto… Foi numa rua, perto do Mercado Vermelho,
que comi o melhor chau min da minha
vida.
Tempos que já não voltam…