Não rio para troçar de vós,
Palhaços histriões,
Hipócritas figurões,
Arranjistas tão inchados
como bolas de sabão.
Rio de mim,
Que me visto de arlequim,
A ver se não dou nas vistas
Desta minha inquietação…
Eu sei que na vida, é preciso disfarçar.
E eu quero esconder de vós
A minha alma,
Tonta menina sem calma
Que não se deixa macular.
Não rio dessa que tem,
o esgar em vez de sorriso
A traição atrás do beijo.
Daquela que traça o caminho
Entre o interesse e o desejo
Rio sim, desta verdade
(que é quase religião)
Desta fantasia louca
Que anda em mim a passear
E me leva pela mão
Obrigando-me a escutar
Cantigas de enlouquecer
Onde tudo quanto é bom
Ainda pode acontecer
Rio sim
Para essa imagem
Risonha ou tristonha
A transbordar do infinito
Que eu vejo no espelho
Quando me fito
Não rio da mascarada,
Suada,
Que luta e empurra
Apenas para passar
Porque algo mais apetece
E blasfema em voz rouca
Rio do beijo e da prece
Que ainda tem a minha boca
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