Quando passávamos de Metro para um dos pontos da cidade, despertou-me a atenção numa das estações onde se lia a placa: "LAMA TEMPLE".
Planeámos ir até lá, no dia seguinte... e assim foi, indo de metro, não há que enganar, a paragem é a Yonghegong Lama Temple. Apesar de cedo, decidimos almoçar por lá, e até achámos a zona bastante curiosa como se pode ver na foto.
Se não fosse um frio de descolar-nos as orelhas da cabeça, o passeio teria sido mais agradável e confortável, mas mesmo assim, a curiosidade arrastou-nos até à bilheteira, decididos a conhecer a sua história.Esta é a entrada do Templo, que, como quase todos os templos na China, têm esta estupendo e chamativo aspecto.
Da estrada caótica e ruidosa, ninguém desconfia que do outro lado do alto muro, se esconde um oásis de paz, no centro da capital chinesa.
Após adquirir o bilhete, logo a seguir, encontramos a planta do Templo, que mostra cinco pátios e cinco grandes alas que existem no recinto e a sua história.
O Templo Lama, como é conhecido em português, ou “Yonghe Gong Temple”, ou também conhecido como o Palácio da Harmonia e da Paz, foi fechado, mas escapou da destruição durante a Revolução Cultural (que definia os QUATRO VELHOS: “velhas ideias, velha cultura, velhos costumes e velhos hábitos”). Diz-se que o templo sobreviveu à revolução cultural, devido à intervenção do Primeiro Ministro, Zhou Enlai, e foi reaberto ao público em 1981.Começou a ser construído em 1694, durante a Dinastia Qing. Após servir de residência oficial dos eunucos do império, foi transformado em residência oficial do filho do imperador Kangxi, em 1722. Nessa época, metade do complexo foi transformado em monastério para os monges, e a outra metade foi mantida como palácio.
Após a morte do imperador Yongzheng, em 1735, o templo tornou-se residência para um grande número de monges tibetanos budistas da Mongólia e do Tibete.
Passando pelos dois tigres que zelam pela ordem e respeito no amplo recinto, um cheiro adocicado e pacífico a incenso assalta logo os sentidos, à medida que vamos caminhando dentro do templo. Em cada pavilhão, as figuras religiosas, destacam-se pelo seu tamanho e cor, onde os crentes ali se ajoelham prestando a sua homenagem.
Com 480 metros (de norte a sul) e 20 pavilhões (que não podem ser fotografados por dentro).
Cada pavilhão tem um nome daqueles que só os asiáticos sabem dar, como Yongyoudian (Sala da Protecção sem Fim), Falundian (Sala da Roda da Lei), Wanfuge (Pavilhão das Dez Mil Felicidades), etc.
Mas além de algumas estátuas de tartarugas (símbolo da longevidade na China), encontrámos uma flor de lótus azul e fizemos uma paragem na ala esotérica (sala de estudo), para descansar do frio que nos congelava a alma.
Em cada construção vamos encontrando pavilhões que são um hino de cores, que salta logo à vista. Nas arcadas gravadas sobressai o encarnado, cor da alegria; junto aos telhados e nas esculturas de budas e demónios, destaca-se a força do amarelo, cor do poder e da cor imperial da dinastia Qing; nas pinturas do tecto nota-se o azul, associado à imortalidade...
Chamo a atenção para os pormenores dos telhados, em todos os templos e em construções palacianas, podem ver-se os dragões em fila nos bairais dos telhados, porque os chineses acreditavam que os guardiães protegiam as construções dos incêndios, que aconteciam com muita frequência.
E chegámos à figura mais importante do templo! O enorme buda do pavilhão Wanfu, o maior do mundo, que já tem o nome no Guiness, livro dos recordes.
Começamos por lhe ver as pernas douradas, para depois continuar a inclinar o pescoço e a deslizar os olhos até ao tecto. Tem 18 metros de altura e foi esculpido a partir de uma única peça de madeira de sândalo. À volta da cabeça do buda rodopiam pombas com pequenos apitos que emitem um zumbido harmonioso. A pose do gigante Buddha Maitreya (que significa futuro) é impressionante, mas o olhar que lança aos humanos é amigável e condiz com as duas mãos pesadas que parecem oferecer calma aos que lhe prestam homenagem e aos que ficam boquiabertos a admirá-lo.
Existem diversos recipientes espalhados por todo o templo para queimar icenso, de tamanhos respeitáveis, que cospe colunas de fumo intenso e quase todas as pessoas têm pauzinhos de incenso na mão.
Por todo o lado há pessoas a deixar incenso e ofertas (sobretudo fruta)junto aos deuses da sua devoção. Umas ficam em pé, com as palmas das mãos unidas a pedir bençãos ao Buda. Muitas ajoelham-se diante das imagens sagradas e lançam os braços à terra, em devoção. Outras caminham dentro dos templos, à volta das estátuas, como se estivessem em peregrinação concentrada.
Há quem o queime e depois o coloque a arder diante das estátuas, outros limitam-se a deixar a oferta de três (o número da perfeição) paus de incenso por queimar perto das imagens ou dos altares.
Mais à frente, ouve-se o eco grave do sino, pesado, cravejado de caracteres e carregado de “pedidos da sorte” à volta. Ou lançamos a moeda, a pedir a boa fortuna, ou pagamos em moedas, se queremos lançar-nos ao sino, para que Buda nos oiça logo ali.Gostaríamos de continuar a visitar mais pavilhões, mas a certa altura os nossos corpos estavam tão gelados, que decidimos regressar para o quentinho de casa.
O templo é belissimo, se vier até Pequim, não deixe de o visitar.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário