sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

As crianças e a verdadeira amizade

Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários, foi atingido por um bombardeio.
Alguns missionários e duas crianças tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre elas, uma menina de oito anos, foi considerada em pior estado. Era necessário chamar ajuda por uma rádio e ao fim de algum tempo, um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local. Tinham de agir rapidamente, senão a menina morreria devido aos traumatismos e à muita perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas como? Após alguns testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali possuía o sangue compatível. Reuniram então as crianças e entre gestos, arranhadelas no idioma, tentaram explicar o que estava a acontecer com a menina e que precisariam de um voluntário para doar o sangue. Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente.
Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado rapidamente ao lado da menina agonizante e espetaram-lhe então a agulha na veia. Ele mantinha-se quietinho e com o olhar fixo no tecto. Passados momentos, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico reparou e perguntou-lhe se estava a doer? Ele negou, tentando disfarçar novo soluço. E então voltou a soluçar de novo, contendo a custo as lágrimas.
O médico ficou preocupado e tentou averiguar o que passava, mas o rapazinho abanava apenas a cabeça para que o deixasse em paz. Mas como os soluços continuassem cada vez mais fortes acompanhados de um choro silencioso, era evidente que algo estava errado.
Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia que soubera do acidente e vinha prestar ajuda. O médico pediu que ela procurasse saber o que estava a acontecer com o rapazinho Heng.
Com uma voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e ia explicando algumas coisas sobre o que estava a acontecer com ele e com a amiguinha.
Então o rosto do menino foi-se aliviando e, minutos depois ele estava novamente tranquilo. A enfermeira explicou aos americanos: - "Ele pensou que ia morrer! Não tinha entendido nada do que vocês disseram e estava convencido que lhe era retirado todo o sangue para dar à menina."
O médico sorrindo compreensivo, aproximou-se dele e, com a ajuda da enfermeira, que foi traduzindo, perguntou-lhe: - "Mas se pensavas que era assim, porque então é que te ofereceste para doar o teu sangue?”
E o menino respondeu simplesmente: - "Ela é minha amiga…"A grandeza da alma pura das crianças, devia permanecer assim, até adultos. Afinal a vida não passa de uma tentativa! Tentamos ser grandes no que fazemos, mas olhando à nossa volta, encontramos sofrimento e o alheamento às misérias deste mundo. Os ricos querem ser ainda mais ricos e os "outros", encolhem os ombros dizendo que não há nada a fazer, embora nos cheguem muitos exemplos de pessoas que fazem a diferença.
É preciso amar acima de tudo, amar tudo e a todos.
Não fechar os olhos para a sujidade do mundo, não ignorar a fome que nos rodeia!
Pode esquecer a bomba, mas antes, deve fazer algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz. Procurar o que há de bom em tudo e em todos e não tecer os defeitos logo à distância.
Fazer da vida e das pessoas, uma das razões de viver, porque fazemos parte de um todo, isolado ninguém consegue viver, precisamos uns dos outros para subsistir, para avançar, para amar.
Entenda as pessoas que pensam diferente e não as reprove. Não corra! Para quê tanta pressa? Corra apenas para dentro de si e sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme o seu sonho em fuga! Descubra apenas aquilo que há de bom dentro de si e os amigos vêm ao seu encontro! Precisamos de um amigo para se parar de chorar e para não se viver debruçado no passado, em busca de memórias perdidas...

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