quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A fuga...


Era jovem e bonita. A família casara-a com um rico proprietário, sem que
ela pudesse opor-se. Interesses de família, ordenou o pai, e ela obedecera.
O tempo foi passando e, todos os dias, depois de tomar o pequeno-almoço,ela punha-se a caminho da praia! E todos os dias tinha o mesmo ritual, como eram rituais e monótonos os seus dias de mulher bem casada e sem filhos.
Pelo caminho, ia absorvendo cores e aromas, mesmo desviando-se um pouco, ao fim de algum tempo já os conhecia todos e até os antecipava. Chegada à praia, tirava os sapatos e percorria a orla do mar até chegar às rochas, lá ao fundo.
Voltava… voltava sempre! Mas naquele dia não voltou!
Ainda de sapatos na mão, com o olhar procurando o horizonte, foi entrando de mansinho na água e deixou-se banhar por esse mar imenso.
Ninguém a viu desaparecer por detrás das rochas. As buscas foram infrutíferas; até hoje, o corpo nunca apareceu. Já lá vão mais de 30 anos,ninguém soube ao certo o que lhe terá acontecido.
Mas numa pequena aldeia piscatória, em Espanha, perto da fronteira, uma tranquila e bela mulher, sorri sempre que alguém fala de afogados. Abana a cabeça e só diz:
- “Pois… pois…”

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