Estes dias o outono, traz ainda reminiscências do estio.
Nos dias abafados de intensa humidade, sinto saudades do frio...
À memória, surge-me a minha casa antiga, a infância, o chá e do bolo caseiro feito pela tia, um certo aconchego apegado à recordação das pessoas e dos lugares, ao sentido humano dos dias, à temporalidade, à alma que habita em certos objectos; o silêncio, a rotina como um milagre revisitado, a estranha a sensação de imergir de um sonho repetido...
Ah sim, o cansaço dos dias rotineiros, que afinal passam depressa demais. A sensação vaga de que nos escapa o sentido das coisas, ou a verdade da nossa real dimensão. O que somos, talvez e apenas, fragmentos de história, que apanhamos no caminho, com a ingénua esperança de que, na meta, o conjunto de estilhaços nos permita uma compreensão abrangente dos dias em que nos gastamos, e depressa chegamos ao outono, que antecede o inverno, onde tudo acaba, para renascer na próxima estação....
É na força do Outono,
Que as folhas, ao abandono
Vão perdendo o seu caminho.
Solto a minha vida ao vento
Esperando pelo tempo
Que chegue mais devagarinho.
Deixo a saudade passar
Ninguém a pode encontrar
Para não ver a minha dor.
Deixo que o tempo frio
Leve para longe o vazio
E traga em mim, o calor.
Esperando um novo dia
Espero que ao meio dia
O sol me venha aquecer
Sem querer pensar em mim
Quero gritar ao mundo sem fim
Como é bom saber viver...
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