sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Mendigos...

A PIOR POBREZA DO SER HUMANO, É A SOLIDÃO... Serapião era um velho mendigo que perambulava pelas ruas da cidade. Ao seu lado, o fiel escudeiro, um vira-lata que atendia pelo nome de Malhado.
Serapião não pedia dinheiro. Aceitava sempre um pão, uma banana, um pedaço de bolo ou um almoço feito com sobras de comida dos mais abastados.
Quando as suas roupas estavam imprestáveis, logo era socorrido por alguma alma caridosa. Mudava a apresentação e era alvo de brincadeiras. Serapião era conhecido como um homem bom, que perdera a razão, a família, os amigos e até a identidade.
Não bebia bebida alcoólica, estava sempre tranquilo, mesmo quando não havia recebido nem um pouco de comida. Dizia sempre que Deus lhe daria um pouco na hora certa e, sempre na hora que Deus determinava, alguém lhe estendia uma porção de alimentos. Serapião agradecia com reverência e rogava a Deus pela pessoa que o ajudava.
Tudo que ganhava, dava primeiro para o seu cão Malhado, que, paciente, comia e ficava a esperar por mais um pouco. Não tinham onde dormir; no local onde anoitecia, era lá que dormiam. Quando chovia, procuravam abrigo num prédio, num vão de escada ou em baixo da ponte e, ali o mendigo ficava a meditar, com um olhar perdido no horizonte.
Aquela figura deixava-me sempre pensativo, pois eu não entendia aquela vida vegetativa, sem progresso, sem esperança e sem um futuro promissor.
Certo dia, com a desculpa de lhe oferecer umas bananas, fui bater um papo com o velho Serapião. Iniciei a conversa falando do Malhado, perguntei pela idade dele, o que Serapião, não sabia. Dizia não ter idéia, pois encontraram-se um certo dia, quando ambos andavam pelas ruas e confessou:
-"A nossa amizade começou com um pedaço de pão. Ele parecia estar faminto e eu ofereci-lhe um pouco do meu almoço, e ele agradeceu, abanando o rabo. Daí, não me largou mais. Ele ajuda-me muito e eu retribuo essa ajuda, sempre que posso.
Curioso perguntei: -_ "Ah sim? E como vocês se ajudam?"
-"Ele vigia enquando estou a dormir; ninguém pode chegar perto, que ele ladra e ataca. Também quando ele dorme, eu fico a vigiar para que outro cachorro não o incomode."
Continuando a conversa, perguntei: -"Serapião, você tem algum desejo na vida?"
-"Sim, respondeu ele - tenho vontade de comer um cachorro quente, daqueles que a Zezé vende ali na esquina."
- "Só isso?" Indaguei.
-"É, no momento é só isso que eu desejo."
-"Pois bem, vou então satisfazer agora mesmo esse seu grande desejo!"
Saí e comprei um cachorro quente para o mendigo. Voltei e entreguei-lhe o pão com a salsicha. Ele arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu a dádiva e em seguida tirou a salsicha, deu para o Malhado, e comeu o pão com os temperos.
Não entendi aquele gesto do mendigo, pois imaginava ser a salsicha o melhor pedaço. Não me contive e perguntei, intrigado:'-"Por que você deu ao Malhado, logo a salsicha?"
Ele, com a boca cheia respondeu feliz: -"Para o melhor amigo, o melhor pedaço!"
E continuou comendo o pão, alegre e satisfeito.
Despedi-me do Serapião, passei a mão na cabeça do Malhado e sai pensando. Aprendi como é bom ter amigos. Pessoas em que possamos confiar. Por outro lado, é bom ser amigo de alguém e ter a satisfação de ser reconhecido como tal.
Jamais esquecerei a sabedoria daquele eremita: PARA O MELHOR AMIGO O MELHOR PEDAÇO!

Autor: Inocêncio de Jesus Viegas, do livro “Contos, Cantos e Encantos”.


O MENDIGO RICO

Irwin Corey, de 97 anos de idade, poderia ser confundido por qualquer pessoa como um mendigo, que vagueia pelas ruas de Nova Iorque. No entanto, este simpático, mas desalinhado idoso é, na realidade, um milionário que mora numa “casinha” avaliada em 3,5 milhões de dólares.
Ao longo de toda a sua vida, Corey trabalhou como comediante e actor e foi um actuante activista de esquerda. Só que nos últimos 17 anos, por vontade própria, caminha auxiliado por um andador pela rua 35 do leste de Manhattan, pedindo esmolas.

Muitos se perguntarão por que Irwin realiza esta actividade, se não precisa. A resposta é simples: ela ajuda-o a combater a solidão e a passar o tempo desde que a sua esposa morreu.

O actor, desfrutou de uma longa e frutífera vida, com uma importante incursão como comediante na televisão e no teatro.
Agora, aos 97 anos, tudo o que consegue de esmola, às vezes até 250 dólares num dia, é doado a uma organização de beneficência, que compra medicamentos para crianças em Cuba. Ademais, ele tem a sua própria fundação de ajuda humanitária.

2 comentários:

Anónimo disse...

Para o melhor amigo o melhor pedaço: Chorei.
Acho que estou emotiova demais mesmo. coisas demais acontecendo em tempo de menos e eu não dando conta de lidar com toda essa loucura. às vezes a vontade que dá é desistir, sabe? Mas não posso, tenho minha fuilha e ela vale tudo que eu puder fazer.

Anónimo disse...

Desculpe o desabafo.