sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Doença Biopolar

Um dia destes, vi num programa de televisão um médico que falava de “Doença Bipolar”. Nunca tal tinha ouvido falar, mas a explicação que se seguiu, deixou-me mais atenta para os sintomas desta doença, que, apesar de não ter cura, pode ser tratada. Em média, são precisos 10 anos para chegar ao diagnóstico da doença, antigamente conhecida por "maníaco-depressiva".
Foi explicado que a doença pode atingir qualquer pessoa e mostraram um pequeno filme em que a conhecida actriz Catherine Zeta-Jones, diz que sofre dessa doença e realizou um tratamento à doença bipolar que padece.
A actriz esteve internada para tratar as consequências mentais, que decorreram do diagnóstico e da cura do cancro, que afectaram o marido Michael Douglas no ano passado. Foi encetada uma luta contra um cancro na garganta (em estado avançado quando diagnosticado), que o actor norte-americano venceu com recurso (maioritário) aos tratamentos de quimioterapia durante vários meses, deixando a atriz stressada, o que a levou a ter uma crise.
A revista acrescenta ainda que o internamento de Zeta-Jones durou cinco dias, tendo como fonte um amigo que confirma o ano desgastante da actriz inglesa que, aos 41 anos, teve a coragem de encarar e divulgar.
Talvez porque gente famosa sofra desta doença e tenha a coragem de a divulgar, que ela passe a ser mais conhecida, alertando as pessoas para os sintomas e, consequentemente, para o seu tratamento.


Virginia Woolf: A famosa escritora britânica foi vítima de abuso sexual por parte de dois dos seus irmãos durante a sua infância. Um diagnóstico revela que a escritora sofria de doença bipolar, o que levou a que suicidasse aos 59 anos. É certo que esse seu distúrbio poderá estar, ou não, relacionado com o trauma ocorrido na infância mas é certo que contribuiu para o seu agravamento.

Maya Angelou:Esta célebre poeta, afro-americana, foi violada aos 7 anos de idade pelo namorado da sua própria mãe. Esta violação sexual teve repercussões muito graves na sua vida, nomeadamente, levou-a a muitos anos de mudez, devido ao choque sentido. Porém, Maya, afirma que superou o trauma com a ajuda de uma vizinha sua e claro, através da escrita.

Esta doença caracteriza-se pela presença de fases de perturbação com dois polos, a mania e a depressão. Na fase de elevação patológica do humor, a pessoa tem excitação, hiperactividade, aumento de energia e euforia.
Em geral, não se sente doente, mas o seu comportamento altera-se com desinibição, condutas inadequadas na esfera social, irritabilidade, conflitualidade, abuso de álcool, entre outros comportamentos que afinal não são tidos como "normais".

Muitas pessoas começam por sentir-se cansadas, irritadas, deprimidas, de humor variável, desculpando estes sintomas com o excesso de trabalho, aborrecimentos e do stress, mas podem estar a fazer uma depressão, sem reconhecerem os sintomas.
Esta é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes. Pensa-se que uma em cada quatro mulheres e um em cada dez homens, podem vir a ter crises depressivas durante a sua vida, desde a juventude até à terceira idade. As crianças também podem ser afectadas.
O seu diagnóstico passa muitas vezes despercebido, quer por falta de reconhecimento da depressão como doença, quer porque os seus sintomas são atribuídos a outras causas (doenças físicas, stress, etc.).
Actualmente há, no entanto, meios terapêuticos adequados para o tratamento da depressão, que compensam os sintomas durante a crise e podem ajudar a evitar as recaídas, na maioria dos doentes.


1 - O QUE É A DOENÇA BIPOLAR?(conhecida antigamente por “Doença Maníaco-Depressiva”)
A Doença Bipolar, tradicionalmente designada Doença Maníaco-Depressiva, é uma doença psiquiátrica caracterizada por variações acentuadas do humor, com crises repetidas de depressão e «mania». Qualquer dos dois tipos de crise pode predominar numa mesma pessoa sendo a sua frequência bastante variável. As crises podem ser graves, moderadas ou leves.
As viragens do humor, num sentido ou noutro têm importante repercussão nas sensações, nas emoções, nas ideias e no comportamento da pessoa, com uma perda importante da saúde e da autonomia da personalidade.

2 - QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA DOENÇA BIPOLAR?(Definem-se os que caracterizam cada tipo de crise) MANIA
O principal sintoma de «MANIA» é um estado de humor elevado e expansivo, eufórico ou irritável. Nas fases iniciais da crise a pessoa pode sentir-se mais alegre, sociável, activa, faladora, auto-confiante, inteligente e criativa. Com a elevação progressiva do humor e a aceleração psíquica podem surgir alguns ou todos os seguintes sintomas:
• Irritabilidade extrema; a pessoa torna-se exigente e zanga-se quando os outros não acatam os seus desejos e vontades;
• Alterações emocionais súbitas e imprevisíveis, os pensamentos aceleram-se, a fala é muito rápida, com mudanças frequentes de assunto;
• Reacção excessiva a estímulos, interpretação errada de acontecimentos, irritação com pequenas coisas, levando a mal comentários banais;
• Aumento de interesse em diversas actividades, despesas excessivas, dívidas e ofertas exageradas;
• Grandiosidade, aumento do amor próprio. A pessoa, pode sentir-se melhor e mais poderosa do que toda gente;
• Energia excessiva, possibilitando uma hiperactividade ininterrupta;
• Diminuição da necessidade de dormir;
• Aumento da vontade sexual, comportamento desinibido com escolhas inadequadas;
• Incapacidade em reconhecer a doença, tendência a recusar o tratamento e a culpar os outros pelo que corre mal;
• Perda da noção da realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes»;
• Abuso de álcool e de substâncias.

DEPRESSÃOO principal sintoma é um estado de humor de tristeza e desespero.
Em função da gravidade da depressão, podem sentir-se alguns ou muitos dos seguintes sintomas:
• Preocupação com fracassos ou incapacidades e perda da auto-estima. Pode ficar-se obcecado com pensamentos negativos, sem conseguir afastá-los;
• Sentimentos de inutilidade, desespero e culpa excessiva;
• Pensamento lento, esquecimentos, dificuldade de concentração e em tomar decisões;
• Perda de interesse pelo trabalho, pelos hobbies e pelas pessoas, incluindo os familiares e amigos;
• Preocupação excessiva com queixas físicas, como por exemplo a obstipação;
• Agitação, inquietação, sem conseguir estar sossegado ou perda de energia, cansaço, inacção total;
• Alterações do apetite e do peso;
• Alterações do sono: insónia ou sono a mais;
• Diminuição do desejo sexual;
• Choro fácil ou vontade de chorar sem ser capaz;
• Ideias de morte e de suicídio; tentativas de suicídio;
• Uso excessivo de bebidas alcoólicas ou de outras substancias;
• Perda da noção de realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes» com conteúdo negativo e depreciativo;
Por vezes o/a doente tem, durante a mesma crise, sintomas de depressão e de «mania», o que corresponde às crises MISTAS.

3 - QUANTO TEMPO DURA UMA CRISE?Varia muito. A pessoa pode estar em fase maníaca ou depressiva durante alguns dias, ou durante vários meses. Os períodos de estabilidade entre as crises podem durar dias, meses ou anos. O tratamento adequado encurta a duração das crises e pode preveni-las.

4 - É POSSÍVEL PREVER AS CRISES?Para algumas pessoas, sim. Umas terão uma ou duas crises durante toda a vida, outras pessoas recaem repetidas vezes em certas alturas do ano (caso não estejam tratadas!). Há doentes que têm mais do que 4 crises por ano (CICLOS RÁPIDOS).

5 - EM QUE IDADE SURGE A DOENÇA?Pode começar em qualquer altura, durante ou depois da adolescência.

6 - QUANTAS PESSOAS SOFREM DA DOENÇA BIPOLAR (Maníaco-Depressiva)?
Aproximadamente 1% da população sofrem da doença, numa percentagem idêntica em ambos os sexos.

7 - QUAL A CAUSA DA DOENÇA?Há vários factores que predispõem para a doença, mas o seu conhecimento ainda é incompleto. Os factores genéticos e biológicos (na química do cérebro) têm um papel essencial entre as causas da doença, mas o tipo de personalidade e os stress que a pessoa enfrenta desempenham também um papel relevante no desencadeamento das crises.

8 - DEPOIS DE UMA CRISE DE DEPRESSÃO OU MANIAVOLTA-SE AO NORMAL?
Em geral, sim. No entanto, devido às consequências dramáticas que as crises podem ter, no plano social, familiar e individual, a vida da pessoa complica-se e perturba-se muito, restringindo de forma marcante a sua capacidade de adaptação e autonomia.
O tratamento adequado para a prevenção das crises (se são graves e/ou frequentes) é essencial para evitar os muitos riscos inerentes à doença.

9 - HÁ TRATAMENTO PARA AS CRISES E PARA A DOENÇA BIPOLAR?Não há nenhum tratamento que cure a doença por completo. No entanto, há grandes possibilidades de controlar a doença, através de medicamentos estabilizadores do humor, cuja acção terapêutica diminui muito a probabilidade de recaídas, tanto das crises de depressão como de «mania». Os estabilizadores do humor são a Olanzapina, a Lamotrigina, o Valproato, Carbonato de Lítio, Quetiapina, Carbamazepina, Risperidona e Ziprasidona.
As crises depressivas tratam-se com medicamentos ANTIDEPRESSIVOS ou, em casos resistentes, a elecroconvulsivoterapia. As crises de mania tratam-se com os estabilizadores do humor atrás referidos e com os medicamentos neurolépticos

ANTIPSICÓTICOS.
Naturalmente, o apoio psicológico individual e familiar é um complemento indispensável para o tratamento. As crises graves obrigam a tratamento hospitalar em muitos casos.

10 - PORQUE É TÃO IMPORTANTE A CONSCIENCIALIZAÇÃO DOS DOENTES, DOS FAMILIARES E DE OUTRAS PESSOAS SOBRE A DOENÇA BIPOLAR?A noção de doença mental na opinião pública é, em geral, muito confusa e pouco correcta. Verifica-se uma tendência para considerar negativamente as pessoas que sofrem de doenças psiquiátricas e é frequente a ideia de que as doenças mentais são qualitativamente diferentes das outras doenças. É muito comum imaginar que há uma «doença mental» única («a doença mental»), atribuindo às pessoas que tenham sofrido crises, um prognóstico negativo de incurabilidade, aferido erradamente pelos casos de doentes mentais mais graves e crónicos. Por vezes o diagnóstico médico das diferentes doenças psiquiátricas não se faz na altura própria, por variadas razões, e isso acontece, com alguma frequência, na Doença Bipolar.
O conhecimento, mesmo que simplificado, das características desta doença, facilita a seu reconhecimento aos próprios (que a sofrem) e aos outros, possibilitando uma maior ajuda a muitas pessoas que carecem de um tratamento médico adequado e de uma solidária compreensão humana.

ADESIVOS

Às vezes o tratamento pode ser difícil. Segundo o psiquiatra e professor da Universidade de Pittsburgh, Andrea Fagiolini, isso acontece porque os momentos de depressão são mais fortes do que os casos de depressão não-bipolar. Além disso, os pacientes são mais resistentes à medicação em função dos efeitos colaterais e por achar que não precisam mais dos remédios, durante os períodos de euforia.
No entanto, testes recentes têm mostrado que talvez a aposta para o tratamento, esteja na simplicidade.
É o que estão a tentar provar os pesquisadores do NIMH Maura Furey e Wayne Drevets. Os dois, que estão a liderar testes com a escopolamina, normalmente indicada para pessoas que têm enjôo ao andar de carro ou de barco.
Há anos que estudam como essa droga pode ajudar a memória e a atenção de pessoas com depressões. Nos testes, deram a escopolamina de forma intravenosa aos seus pacientes. Para surpresa dos pesquisadores, os pacientes sentiam-se menos depressivos na noite posterior às injecções, quando a maioria dos antidepressivos leva mais tempo para fazer efeito.
Outro possível tratamento foi descoberto numa droga chamada “Riluzole”, normalmente utilizada em pessoas com a doença de “Lou Gehrig”, (um tipo de esclerose). Segundo os pesquisadores, essa droga ajuda o mesmo tipo de proteína nas células cerebrais, que as drogas contra o transtorno bipolar. Ao ser testada em pacientes bipolares, a “Riluzole”, fez com que os sintomas da doença praticamente desaparecessem.
A esperança para que esta doença seja ultrapassada, está nos diversos testes de muitas universidade e laboratórios, que se têm empenhado na cura e, aparentemente, estão já muito perto…

NOTA: Mais informações:
ADEB - Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares
http://www.adeb.pt/saude_mental/bipolar/o_que_e_bipolar.htm

1 comentário:

Anónimo disse...

Lembro de ter lido em algum lugar que o diagnóstico da doença se torna difícil também, por ser confundido com a depressão.