sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Saldos... Saldos... Saldos

O período oficial de saldos têm a duração de 2 meses, começa agora e segue até ao dia 28 de Fevereiro. Algumas lojas já tinham começado com promoções mas a partir de hoje os descontos são a sério em algumas lojas, que fazem descontos de mais de metade até à liquidação total!

A coisa que mais me perturba ver por aqui, são as filas enormes às portas dos estabelecimentos, sempre que há liquidações ou saldos e depois ver dezenas de mulheres a remexerem pilhas de trapos, numa ânsia de fim de mundo… nem percebo como conseguem escolher alguma coisa naquela confusão de mãos e encontrões?

Para além da crise, que consequentemente tem provocado uma quebra do poder de compra a desculpa do “aproveitar os saldos porque é mais barato” talvez não seja de facto o ideal, porque mesmo que valha a pena comprar uma peça mais em conta, sempre levamos coisas, que afinal nem nos fazem falta e comprámos porque sim, porque estava ali a pedir para ser levado, por estar pela metade do preço.
E assim, a barafunda dos saldos, onde dezenas ou centenas de mãos remexem, apalpam, puxam e levam ao consumo desenfreado daquilo que nem faz falta.
Uma amiga minha dizia-me na semana passada:
- “Para a semana vão começar os saldos. Eu adoro aproveitar estes descontos! É certo que por vezes compro coisas que acabo por nem usar, mas como tudo está tão barato… é difícil de controlar o impulso!”
E acho que é o que a maioria pensa e faz!
Numa dessas montras, reparei que havia uns números enormes e redondos a gritar os 50% de desconto. Decidi ir espreitar quais os artigos para tão generosa oferta e lá estavam as damas, a puxar sofregamente pelas pontas do montão de blusas que estavam generosamente espalhadas em cima de uma bancada, deitando sempre o olho à blusa que a outra tinha na mão para ver se era melhor que a dela.
Ainda vi duas raparigas a baterem-se por um vestido e juro que fiquei com vontade de bater nas duas, mas virei as costas àquela cena e à loja, satisfeita comigo mesma, por não ter paciência para andar metida em saldos.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Hoje é dia de natal


"O espírito se enriquece com aquilo que recebe;
o coração, com aquilo que dá."
Victor Hugo

Hoje é dia Natal! A mesa ainda está posta com as sobras de ontem: restos de peru, arroz com pinhões, vinhos, espumantes, rabanadas, frutas, figos casados com nozes, bolos e muitos doces continuam a enfeitar a mesa onde, na véspera, toda a minha família se reuniu, entre risos, piadas, música e finalmente, a troca de prendas que nos alegrou e divertiu.

Infelizmente não saímos para abraçar e desejar Feliz Natal a outros menos favorecidos, embora anteriormente tenha ajudado alguns a ter comida e alegria na sua mesa.
Mas agora, olhando para todas as sobras, penso nisso: deveria ter saído com elas, em busca dos que nada comeram ontem à noite…
Não que com este tipo de gesto eu vá ganhar o céu ou que Deus olhe para mim de forma diferente,, mas apenas porque há algo  cá dentro que desperta essa necessidade e que podemos chamar SOLIDARIEDADE, pensando como estamos confortáveis e felizes e que há gente nem um pão tem para matar a fome.
Prometi a mim própria que estarei mais atenta…
A continuação de BOAS FESTAS!

domingo, 23 de dezembro de 2012

Véspera de Natal...

As horas passam depressa e o entusiasmo da noite mágica cresce dentro de cada um. Já não há compras de última hora, nem correrias stressantes.
Há doces para fazer, uma mesa para decorar, um bacalhau para cozer e presentes para abrir. Lá fora o mundo parece um clássico da Disney e, entre um sorriso e um abraço, os votos de um Bom Natal são entregues a todos os que se cruzam connosco.
Já sinto o calor que a cozinha liberta, que nos aquece o coração e nos embala as conversas.
Já sinto o sabor do bacalhau cozido com batatas e legumes, o sabor da aletria, do pão-de-ló, das rabanadas e muitas outras guloseimas desta quadra.
Já ouço o estalar das nozes a partirem-se e o papel de embrulho a rasgar-se e a fazer surgir gargalhadas e olhares sorridentes.

Já cheira a Natal e, por isso, só me resta agradecer, por poder conservar esta magia toda dentro de mim e poder partilhá-la com todos aqueles que fazem parte da minha vida e de mim.
 
FELIZ NATAL!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Natal em Macau

Largo do Leal Senado em Macau

Para quem queira viajar nos próximos dias e ter um Natal diferente, mas ao mesmo tempo “sentir-se em casa” a opção é vir até Macau.

Com ruas movimentadas e barulhentas, templos e jardins, Macau ficou para sempre marcada por algo único e visível: a multiculturalidade.
O Largo do Senado (pavimentado com calçada portuguesa), enfeita-se com uma gigantesaca árvore de natal e muitos bonequinhos simbólicos alusivos a esta Quadra que dão um toque de festa e alegria ao local.


Presépio junto à Igreja da Sé em Macau

A presença portuguesa mistura-se com a cultura chinesa e o resultado é uma mescla de sabores a todos os níveis: texturas ocidentais com especiarias do Oriente; igualdade entre religiões como o Budismo, o Confucionismo, o Taoísmo, o Catolicismo, o Protestantismo, o Islamismo, a fé Bahá’í e as práticas ancestrais chinesas; preservação de património que inclui fortalezas, palácios, moradias coloniais, igrejas dos séculos XVI a XVIII, templos com mais de 800 anos e, inclusive, um centro histórico que a UNESCO decretou Património Mundial.
De facto, numa terra que nem sequer é cristã, veem-se iluminações de natal, presépios espalhados por todo o lado, o que designa tolerância, respeito, abertura, visão universal e reconhecimento assente numa determinada cultura: a portuguesa!


Largo do leal Senado à noite
As ruas e praças vestem-se com iluminações natalícias e a música de fundo nos grandes Centros Comerciais muda de rock ou pop para os sons calmos de Noite Feliz…

Decorações de Natal no "Macau Square"

Assim, o advento e a festa de Natal, têm um grande impacto em Macau, ao contrário do resto da China. No dia 24 de Dezembro, é celebrada à meia noite, a “missa do galo” em inglês, na igreja da Sé em Macau e, na Igreja de S. Domingos é celebrada a missa em português.

Árvore de natal junto ao casino do "The Venitian" -Taipa - Macau

A opulência das decorações e sons natalícios atinge nos soberbos complexos hoteleiros e resorts de Macau, onde se junta a componente gastronómica. especial nesta quadra e, que muitas empresas contratam para juntar funcionários numa grande festa familiar.

No que diz respeito à cozinha macaense, uma cozinha de fusão, os pratos natalícios típicos como as empadas de peixe de sabor exótico, o trio obrigatório de doces de alua, farte e coscorão, simbolizando o colchão, o travesseiro e o lençol do Menino Jesus.

As pastelaria enchem-se de bolos bem enfeitados e apelativos e também há à venda um bolo de natal tradicional nos diversos supermercados locais, o “Christmas Cake”, muito parecido com o nosso bolo inglês de origem anglo-saxónica da nossa vizinha Hong Kong e, por ser muito rico em ingredientes, o seu preparado conserva-se em vistosas caixas durante um mês sem se estragar ou endurecer.

Mas é claro que não podiam faltar os nossos tradicionais "Bolo de Rei" confeccioados por duas pastelarias de cariz português, que enfeitam as mesas portuguesas na noite da Consoada.
Para muito chineses que vivem em macau e aqui na vizinha Zhuhai, o Natal é visto como um festival com muito divertimento, árvores estranhas, o Pai Natal a distribuir presentes e votos de boas festas, uma época de longas celebrações cheias de diversão, luzes coloridas e bonitas decorações nas ruas e nas portas dos restaurantes. Numa palavra, bom para o negócio...

Em tempos difíceis há que sublinhar o cuidado e a beleza, mesmo oferecendo coisas simples na noite da Consoada que podem ser bonitas e até confeccionadas por nós próprios, porque o Natal, é amor, união e família.
O meu sonho de Natal...
Que pena ser fantasia,
Não haver fome na Terra
Mas trabalho, saúde e alegria! 

No meu sonho de Natal
Que belo, que bom seria...
Sonhei com um mundo sem guerra
De amor e harmonia


domingo, 16 de dezembro de 2012

Compras de Natal

Começaram as compras de Natal!
O (vergonhoso) espírito consumista está no seu auge e os cartões multibanco não param de passar nas máquinas. Os Centros Comerciais estão a abarrotar, (alguns vão apenas para verem as montras) os parques de estacionamento parecem avenidas em hora de ponta e as duas mãos não chegam para tantos sacos.
E agora eu penso: felizes daqueles que podem viver esta época na totalidade e oferecer algo àqueles de quem mais gostam. Calma! Não sou a favor do consumismo desenfreado e de deixar qualquer um na banca rota. Sou a favor do espírito de Natal, e Natal só é Natal com prendas (não vale a pena negar, os pioneiros disto tudo também ofereciam prendas - leia-se os Reis Magos a Jesus).
Eu gosto de oferecer prendinhas no Natal, sim! Mais! Eu gosto de comandar a distribuição das prendas e antigamente, fazia-o vestida a rigor, à meia noite. Mas pronto! As tradições de Natal já não são o que eram, mas para mim são bonitas e esforço-me por as manter.
Gosto de uma casa cheia à volta de uma mesa bem decorada. De uma sala de jantar com direito a lareira acesa, árvore de Natal com luzes e presentes à espera de serem descobertos. Infelizmente nestas casas modernas, já não há lugar para as lareiras, mas ok, vivam os aquecedores…
Gosto do cheiro a bacalhau cozido com batatas e de encher a mesa com os doces típicos, embora fique enjoada quando os acabo de fazer…
E gosto de ver o sorriso na cara das pessoas, quando têm uma prenda na mão e a desembrulham para descobrir o que lhes calhou.
Eu adoro o Natal e, por isso, o meu período de compras de Natal também já começou. Regra básica: gastar o menos possível e alegrar o coração daqueles que amo.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O noivo perfeito

A minha amiga Ângela andava triste e frustrada com a sua vida amorosa. Desabafou que já não sabia o que fazer: estava com 32 anos e continuava super-solteira, sem fim à vista quanto ao seu celibato.
Não sabia o que pensar dela própria, se seria culpa dos seus cinco ex-namorados oficiais, de alguns dos outros romances ocasionais, ou se o defeito seria mesmo dela, do destino ou da falta de sorte.
Sentia sempre uma certa fúria suicida, quando se lembrava do Francisco, cujo namoro tinha durado mais que o normal e estavam quase noivos, quando ele a trocou pela mamalhuda da empregada do seu restaurante favorito…
Voltou a lamentar-se sobre o Zé Carlos, embora bonitão e com um certo charme, o problema era ele ser tão rústico, com as suas atitudes infantis, o que a deixavam sem pachorra e lá vinham as discussões. Um dia ele, apesar de ser rústico, fartou-se e nunca mais apareceu.
Ah, ainda havia o Pedro que ela conheceu na internet, nada de se deitar fora por sinal, mas quando foram beber um cafezinho para se conhecerem pessoalmente, foi uma desilusão ao ouvi-lo, de língua presa, que tinha “um e fefenta e oito” de altura…
E pronto! As coisas estavam mesmo difíceis para a minha amiga Ângela e nós, as amigas, bem que tentávamos apresentar colegas e amigos das nossas relações, mas rapidamente eles passavam para a ala dos frutos: ou eram “bananas”, ou tinham cara de “figo maduro”, etc.
Então, um dia em que estava mesmo desesperada, disse-me ao telefone que ia tomar uma atitude radical, pois iria beijar o primeiro homem que passasse na rua, sem selecção, sem sentido, sem quase olhar…
E assim decidida, tomou um banho, vestiu as suas melhores jeans, uma blusa que lhe deixava os ombros seminus, perfumou-se e, decidida, abriu a porta da rua, agradecendo o facto do porteiro ser casado e pôs os pés na calçada.
Olhou para os lados e viu o vizinho viúvo, com os seus setenta e tal anos a passear o cãozinho.
O rapaz do supermercado, provinciano, gorducho e coradinho, vinha abraçado a um caixote de fruta
... e o filho esquizofrénico da dona Jacinta, que fazia a sua corridinha matinal.
A não! Beijar o velhinho, estava fora de questão, só de pensar em beijar o merceeiro, dava-lhe arrepios na espinha ao ver-se a ajudá-lo naquele tipo de faina e o corredor era perigoso…
Caramba, nada lhe corria bem! Ainda mais infeliz, sacudiu a cabeça com um sorriso amargo e caminhou até à árvore do outro lado da rua. Olhou para ela e abraçou-a, já que não tinha ali ninguém para a confortar pela falha de ideias malucas que lhe tinham passado pela cabeça.
O Sérgio, activista do “Greenpeace”, ao dobrar a esquina naquele instante, olhou comovido para aquela cena…
O casamento aconteceu dez meses depois. Todas estivemos presentes, apenas a árvore é que não pode comparecer…