terça-feira, 20 de agosto de 2013

Filhos devolvem-se?



Muitos casais ambicionam ser pais e não conseguem por razões diversas. Na maioria dos casos, a adopção é o último caminho a seguir.
Há quem consiga finalmente ver esse sonho realizado, mas em muitos casos, acontece vir depois a desilusão, porque a criança não corresponde ao filho que se idealizou.
Foi notícia o caso de uma norte-americana, que devolveu um filho adoptado, à Rússia.
A cultura americana é muito diferente da nossa e mesmo nas séries americanas, é muito comum ouvirmos falar da história de vida dos criminosos e da passagem por várias casas de acolhimento e de adopção.
Qualquer notícia que fale da devolução de uma criança, é uma notícia chocante. As crianças não são objectos, não se compram na mercearia da esquina e assim como não vêm com livro de instruções, não se deviam devolver.
Felizmente que em Portugal não há devolução de crianças adoptadas. Depois de decretada a adopção, por lei, não há diferença nenhuma entre um filho biológico e um adoptado, mas se houver a devolução de um filho, isso tem um outro nome: abandono!
Numa adopção, não há grandes opções de escolha, de um dia para o outro, entra pela casa dentro um estranho, raramente um bebé, mas sim alguém já com a sua personalidade…
Nem sempre os casais têm a capacidade de gostar de imediato dos estranhos que vão conhecendo, ora, se este estranho fica a viver em casa... e se ainda por cima este estranho é uma criança, que já passou por situações de vida em que foi maltratado, violentado, abandonado, o mais certo é que não seja o filho ideal, que a maioria das pessoas sonhou.
O primeiro que faz uma criança adoptada, é testar os limites dos novos pais, esticam a corda ao máximo e quanto mais corda se der, mais eles esticam, faz parte do processo normal. Até se sentirem seguros, até concluírem que a ligação é mesmo definitiva, eles fazem trinta por uma linha, haja paciência e amor, que com o tempo acalmam...
Há que recordar que estamos a falar de crianças que vêm de instituições, crianças que a maior parte das vezes estão habituadas a viver com regras, que não tem nada a ver com a vida familiar. E, se a isto juntarmos a pouca auto-estima que tem alguém que já foi abandonado, temos uma mistura muitas vezes explosiva... nem sempre os futuros pais estão preparados para isto e concluem que não são capazes.
Então surge tantos casos de “devolução” e de abandono de novo, como se de uma peça defeituosa se tratasse.
Deve ser algo que marca para toda a vida...e nenhuma criança deveria ter de passar por isso.

Sem comentários: