No Japão a condição de Gueixa é cultural, simbólica repleta de status, delicadeza e tradição.
Quando falamos em gueixas ou geishas, muitos pensam que são prostitutas orientais, mas a história não começou assim. Como o seu nome indica a palavra (guei)芸, significa "arte" e (sha),者que significa "pessoa" ou "praticante". Assim, a gueixa é a pessoa que faz arte. O termo geiko (芸子) é também usado no dialecto de Quioto, para descrever as gueixas, especialmente no bairro Hanamach.
Portanto as Gueixas ou Geishas, são mulheres altamente treinadas na arte milenar da sedução, dança e canto.
Ao contrário do que muitos pensam, elas não trabalham comercialmente com sexo. Com a sua rara beleza exótica, a sua perspicácia e delicadeza, elas são escolhidas para animarem encontros de negócios; pois são consideradas as companhias ideais por muitos empresários e executivos.
A ORIGEM DAS GUEIXAS
Hideyoshi Toyotomi, que foi um Daymyo do Período Sengoku, responsável por unificar o Japão dando relevo às inúmeras heranças culturais, autorizou a construção de um edifício na vizinhança de Kyoto, fechado ao exterior por paredes, que era exclusivamente dedicado ao prazer. Deu-lhe o nome de Shimabara, onde era incluído as artes do desfrute, bebidas, e prostituição luxuosa. As cortesãs (as oiran) trabalhavam ali como prostitutas caras, e atraíram clientes ricos. Muitos artistas também trabalhavam nas mesmas casas, entretendo os clientes com música, danças e poesia. Durante um longo período, esses artistas eram homens, que se chamavam “geisha” (artistas), “hōkan” (gracejadores) ou “taikomochi” (tamborileiros, porque eles tocavam o taiko, um tambor japonês).
Como muitas coisas na cultura japonesa, o mundo das prostitutas começou a ficar muito complicado. Cada homem que desejava estar com uma “oiran”(prostituta) tinha de seguir rituais difíceis e uma complicada etiqueta, por isso, só um homem muito rico ou um nobre poderia ter acesso a uma.
Por essa razão, muitas casas de chá (ochaya) apareceram fora de Shimabara e assim, algumas mulheres praticavam o “sancha-joro” (prostituição), mais barata.
Contudo, havia também outras mulheres, chamadas “odoroki” (meninas dançarinas), que cantavam e actuavam como dançarinas, que ficaram muito populares.
E assim, alguns clientes, começaram a chamar-lhes “geishas”, como aos artistas masculinos, que trabalhavam em Shimabara.
Mais ou menos no ano 1700, as gueixas femininas tornaram-se muito mais populares do que os seus concorrentes masculinos. Alguns anos depois, quase todas as gueixas eram mulheres.
Mas o governo, para divulgar e promover a sua cultura, achou que as gueixas eram boas embaixatrizes para dar uma boa imagem do país e promologou leis que as proibiam de trabalhar como prostitutas, dando-lhes permissão para actuarem apenas como artistas de entretimento.
Uma dessas leis, obrigava-as a atar o seu obi (faixa) nas costas, tornando-se muito difícil retirar o quimono.
Até o penteado, a maquilagem e o quimono, também tiveram de ser alterados para mais simples do que o das oirans, porque a beleza teve de estar na sua arte e não nos seus corpos.
As gueixas começaram a ser preferidas às oirans, ganharam tanta popularidade, que no ano 1750todas as oirans tinham desaparecido do comércio do sexo.
Mas outras novas concorrentes das gueixas (as hanamachi) foram aparecendo em Kyoto e noutras cidades, fazendo-lhes concorrência porque podiam ter sexo. Antes do século 19, as gueixas estavam na moda e eram as preferidas às mulheres comuns, embora com muitos problemas de origem puritana, na sociedade japonesa. Quando os homens contratam gueixas para animar uma festa, o assunto "sexo" normalmente nem sequer é mensionado. A função da gueixa é o entretém por intermédio do canto, música, dança, relato de histórias, atenção e flerte.
Elas podem conversar sobre política, com a mesma desenvoltura com que explicam as regras de um jogo. Tudo isto acontecia, porque nessa época as esposas japonesas eram excluídas da vida pública e eram as gueixas as únicas mulheres que podiam exercer o papel de anfitriãs numa reunião de negócios.
Alguns homens ricos, os danna, (patronos) pagavam muito dinheiro para conseguir a atenção pessoal de uma gueixa.
As gueixas não podiam casar-se, e muitas, principalmente as favoritas, tinham um danna (patrão ou patrono), que lhes exigia exclusividade, tendo por isso que lhes pagar as suas despesas.
Um danna era tipicamente um homem rico, às vezes casado, que tinha meios de apoiar as enormes despesas relacionadas à formação tradicional de uma gueixa e entre outros custos. Ainda hoje ocorre esta situação, embora muito raramente.
Uma gueixa e o seu danna podem ou não estar apaixonados, mas a intimidade nunca é tida como uma recompensa desse suporte financeiro do danna. As convenções tradicionais e os valores dentro dessa relação, são muito intricados e não muito bem entendidos, até pelos próprios japoneses.
Muitas pessoas pobres, vendiam as suas filhas às casas de chá hanamachi para lhes garantirem um sustento. Outros homens, pagavam muito dinheiro à dona das casas de chá, para conseguir a virgindade das novas meninas (mizuaje) e davam muito pouco aos pais que tinham negociado a sua própria filha.
Mas a reputação e o respeito às gueixas, cresceu novamente na época da Restauração Meiji, que se estendeu até depois da Segunda Guerra Mundial.
Foram criadas mais leis importantes para as protegem, como por exemplo, as meninas jovens não podiam ser vendidas às casas de chá, e a virgindade das jovens geishas não podiam ser compradas sob pena de pesada multa e até prisão. Desde então, as mulheres só se tornariam gueixas, pela sua própria vontade.
O elegante, mundo da alta cultura de que a gueixa faz parte, é karyūkai (柳界 “a flor e mundo de salgueiro”).
Uma gueixa famosa, Mineko Iwasaki, disse que lhes é dado este nome porque: - “Uma gueixa é como uma flor, bela no seu próprio estilo, e deve ser como um salgueiro, graciosa, flexível, e forte.”
Outra gueixa famosa, Kiharu Nakamura (em japonês:中村 喜春 ) (14 de abril de 1913 - 5 de Janeiro de 2004), foi uma das mais famosas gueixas, considerada a "última gueixa".
Durante a Segunda Guerra Mundial, casou com um homem influente, foi mandada como espia para a Índia, pelo governo do Japão, ficando encarregada de transmitir mensagens secretas.
Quando regressou ao Japão no final da guerra, encontrou o seu país muito diferente, abalado, destruído. Decidiu que já não havia ali lugar para ela e resolveu mudar-se para os Estados Unidos da América, tornando-se professora de shamisen, música e também como consultora de teatro e ópera, inclusive fez parte da ópera Madame Butterfly. Morreu no Queens, distrito de Nova Iorque aos 90 anos de idade.
Uma gueixa aprendiza, é designada como o nome de “maiko” (em japonês: 舞妓) e, tal como as gueixas, elas são uma raridade no Japão. Uma jovem pode tornar-se “maiko” aos 16 anos de idade e têm de aprender várias artes tradicionais japonesas, como a cerimónia do chá, a tocar diversos instrumentos, aprendem canto, dança, a fazer arranjos de flores, entre outras artes, e também têm de familiarizar-se com o antigo dialeto de Kyoto. Mas mesmo assim, nem todas se tornam geishas, somente as melhores, as que se destacarem, podem receber o honrado título de geisha aos 21 anos.
A gueixa moderna ainda vive nas tradicionais casas chamadas "okiya", em áreas chamadas “hanamachi”, (花街 "cidades de flor"), particularmente durante a sua aprendizagem. Muitas gueixas experientes, que se tornaram bastante prósperas, decidem depois viver independentes.
Nos anos 20 havia mais de 80.000 gueixa no Japão, mas hoje há muito menos. O número exacto é desconhecido para estrangeiros, mas estima-se que sejam pouco mais de 1000.
O elegante mundo de alta cultura de que a gueixa faz parte, é o "karyūkai" (花柳界 "a flor e mundo de salgueiro").
Ser gueixa não é uma simples opção. Para se tornar mestra do entretenimento masculino, as maikos (aprendizes) precisam muito mais do que dotes artísticos e um rosto sem borbulhas. Afinal, elas são treinadas para amansar os egos dos homens mais poderosos do Japão, sejam eles políticos famosos, abastados empresários ou temidos yakuzas (mafiosos).
Todos eles milionários, que não se importam em esbaratar fortunas, para serem inebriados nas suas próprias fantasias. Por outro lado, ter muito dinheiro dinheiro, não é um passaporte garantido para o aparentemente inacessível universo das gueixas. O que significa que uma conta bancária choruda não basta para ser bem-vindo nas luxuosas casas de chá, em que as gueixas entretêm os seus clientes em Kyoto, Tokyo e e outras poucas cidades japonesas. A chave de entrada é ser amigo de alguém com trânsito livre nessa sociedade privada e misteriosa.
A gueixa e a maiko usam um kimono de seda tradicional e tamancos de madeira. No cabelo, um arranjo esculpido armado ao alto, é adornado através de acessórios metálicos. O kimono é feito com uma faixa de seda larga e grossa chamada “obi”, que são amarrados de maneiras diferentes e deveras complicados.
O kimono das maikos são mais coloridos, mais brilhantes do que os das gueixas. Possuem mangas longas e esvoaçantes, que deslizam até o chão. O colar de uma maiko é sempre da cor vermelha, que se destaca no seus pálido pescoço.
Há uma cerimónia de ‘mudança de colar’, onde a maiko troca o seu colar vermelho pelo branco, que simboliza a passagem quando ela se torna numa gueixa.
A maquilhagem consiste numa pintura completa do rosto, com uma pasta branca (oshiroi) e o desenho dos olhos é reforçado com delininhador, um pouco de sombra é aplicada nos cantos dos olhos e finalmente os lábios são pintados de vermelho.
As jovens que decidem tornarem-se gueixas nos tempos actuais, começam a sua formação depois de concluir o ensino médio, pois têm de complementar a sua formação com o estudo de instrumentos tradicionais como o shamisen, shakuhachi (flauta de bambu), e tambores, bem como canções tradicionais, dança tradicional japonesa, cerimónia de chá, literatura e poesia. Se tiverem sorte e habilidade para isso, começam as suas carreiras na idade adulta.
A maiko Fukuyuki (à esquerda), de 18 anos, diz que os pais ainda não entendem a sua decisão de querer ser gueixa.
Kimisome (à direita), de 21 anos, zangou-se com a família quando decidiu mudar-se para Oki-ya e hoje os contactos com a família, resumem-se ao estritamente necessário.
Actualmente, existem poucas gueixas, pouco mais de mil por todo o Japão. Muitas vezes sào contratadas para assistirem a festas e reuniões, tradicionalmente em casas de chá ou em restaurantes japoneses tradicionais (ryōtei). O seu tempo é medido pela queima de um bastão de incenso, chamado senkōdai ou gyokudai. Em Quioto os termos de "ohana"e "hanadai", que significam "taxas de flor", são os preferidos, pelos importantes empresários que têm orgulho quando se trata de negócios com os estrangeiros, em lhes mostrar que ainda há tradições no Japão.
A vida das gueixas, inspiraram muitos escritores, e algumas chegaram a escrever a sua própria história que dos livros, saltaram para o cinema.
“Memórias de uma Gueixa”, por exemplo, gerou muita polémica no Japão. Afirmando que não existem atrizes japonesas no mercado com um bom inglês, Rob Marshall contratou duas chinesas (Zhang e Li) e uma malaia (Yeoh) para interpretar o papel das suas gueixas. Esta opção gerou quase uma crise diplomática em terras nipónicas quando foi anunciada.
Imagine-se um filme sobre o fado com actores espanhois?! Pois bem, foi assim que os japoneses se ressentiram. Não era para ter actrizes japonesas com bom inglês e sim actrizes japonesas a falar japonês. Mas enfim, o que importa, é que o nome de gueixa continue a ser respeitado e divulgado como fazendo parte de uma fantástica e original cultura, que é a do Japão.
Os homens japoneses, sabem dar-lhes o seu devido valor, olhando-as quase como divindades vivas, ou apenas como o ideal da mulher perfeita: bela, servil e sempre disposta a agradá-los. Alheias a isso, as gueixas, anónimas, camufladas pela maquilhagem branca e enfiadas nos seus ricos quimonos, perseguem o sonho de preservar a sua arte e uma das mais belas peculiaridades das mulheres, que é a sua feminidade.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
A sopa amarela
Há certas ocasiões em que é difícil encontrar um lugar para comer diariamente perto do nosso emprego. Esta é a história de um homem que reencontrou esse lugar e recuperou a sua vida.
José, durante quatro anos, ia comer sempre ao mesmo restaurante. Era um desses sítios baratos, de menu único e constante, cujo prémio era a comodidade de não ter que decidir todos os dias o que comer.
Há estômagos que não procuram nada de especial para comer e o dele, era um deles.
Durante esses quatro anos, comia todos os dias o primeiro prato de sopa da casa, um caldo amarelo e confuso, em que navegavam com pouca segurança, algumas massas.
Um dia, foi anunciado que aquele estabelecimento ia fechar. Então, ele foi fazer a triste despedida, sorvendo a última sopa, comendo o último bife e agradecendo o brinde dorido do dono da tasca, com algo parecido a um espumante. Uma estranha pena dominou o seu humor e sentiu uma ligeira angústia a apertar-lhe o estômago.
Nunca tinha sentido nas suas solitárias refeições, nenhuma empatia com os outros frequentadores da tasquinha, nem com o dono, nem com os empregados, nem com a Rosalina, a cozinheira, que viu pela primeira vez, naquele dia do encerramento.
Os meses seguintes foram terríveis para o seu estômago e para o seu equilíbrio emocional, pois percebeu que entre um e o outro, havia uma estranha correspondência.
Ia experimentando um ou outro restaurante, entrava em novas tascas com a esperança renovada de acertar no menu, mas sentia que nada o satisfazia e que a sua vida andava à deriva, recordando com saudade a sopa amarela da antiga tasquinha.
Aquela saudade ia crescendo de tal forma, que já lhe afectava o sono e os sonhos. Começou a levar uma vida sem rumo, sentia-se doente e desinteressado de tudo.
Certo dia, ao sair do emprego, foi vagueando sem sentido, como fazia para distrair as ideias e os gritos do estômago que, quando reclamava mais alto, entrava então num lugar qualquer para ingerir qualquer coisa que o calasse. E, foi ao entrar num pequeno restaurante, que teve a maior e a mais grata surpresa, ao encontrar ali os antigos comensais da sopa amarela, da saudosa tasquinha.
Rosalina é hoje a sua mulher, e foi-lhe devolvido o seu equilíbrio emocional...
José, durante quatro anos, ia comer sempre ao mesmo restaurante. Era um desses sítios baratos, de menu único e constante, cujo prémio era a comodidade de não ter que decidir todos os dias o que comer.
Há estômagos que não procuram nada de especial para comer e o dele, era um deles.
Durante esses quatro anos, comia todos os dias o primeiro prato de sopa da casa, um caldo amarelo e confuso, em que navegavam com pouca segurança, algumas massas.
Um dia, foi anunciado que aquele estabelecimento ia fechar. Então, ele foi fazer a triste despedida, sorvendo a última sopa, comendo o último bife e agradecendo o brinde dorido do dono da tasca, com algo parecido a um espumante. Uma estranha pena dominou o seu humor e sentiu uma ligeira angústia a apertar-lhe o estômago.
Nunca tinha sentido nas suas solitárias refeições, nenhuma empatia com os outros frequentadores da tasquinha, nem com o dono, nem com os empregados, nem com a Rosalina, a cozinheira, que viu pela primeira vez, naquele dia do encerramento.
Os meses seguintes foram terríveis para o seu estômago e para o seu equilíbrio emocional, pois percebeu que entre um e o outro, havia uma estranha correspondência.
Ia experimentando um ou outro restaurante, entrava em novas tascas com a esperança renovada de acertar no menu, mas sentia que nada o satisfazia e que a sua vida andava à deriva, recordando com saudade a sopa amarela da antiga tasquinha.
Aquela saudade ia crescendo de tal forma, que já lhe afectava o sono e os sonhos. Começou a levar uma vida sem rumo, sentia-se doente e desinteressado de tudo.
Certo dia, ao sair do emprego, foi vagueando sem sentido, como fazia para distrair as ideias e os gritos do estômago que, quando reclamava mais alto, entrava então num lugar qualquer para ingerir qualquer coisa que o calasse. E, foi ao entrar num pequeno restaurante, que teve a maior e a mais grata surpresa, ao encontrar ali os antigos comensais da sopa amarela, da saudosa tasquinha.
Rosalina é hoje a sua mulher, e foi-lhe devolvido o seu equilíbrio emocional...
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Crónica
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
As virtudes do TAO
A origem do universo
é a mãe de todas as coisas
Quem encontra a mãe,
Conhece os filhos;
Quem ao conhecer os filhos,
Retorna à mãe;
Terminará os seus dias na salvação.
Quem fecha a boca
E guarda os seus sentidos,
Nunca se debilitará.
Quem abre a boca
E multiplica as suas actividades,
não poderá salvar-se.
Ser lúcido é ver o ínfimo
Conservar-se pequeno e manter-se forte.
Usa a luz para retornar ao teu interior
Isso te manterá a salvo
Isso chama-se seguir o TAO.
Se tivesses um profundo conhecimento,
avançarias pelo caminho do TAO,
com a única preocupação de te não separares dele.
O grande caminho é longo e tranquilo
mas nós preferimos os caminhos tortuosos.
Quando a corte resplandesce,
Os campos se enchem de erva-daninha
e os celeiros permanecem vazios...
Usar roupas luxuosas,
empunhar espadas afiadas,
fartar-se de bebidas e alimentos
ter mais possessões do que se pode ter,
tudo isso promove ao mau caminho ou ao roubo
e nos afasta do verdadeiro caminho do TAO
O TAO gera.
A virtude nutre.
O ambiente molda.
As influências dão-lhe brilho.
Todos os seres veneram o TAO
e apreciam a virtude.
E não o fazem por mandato
Mas de maneira espontânea.
Por isso o TAO gera todos os seres,
nutre-os e forma-os,
ampara-os e acolhe-os,
cuida e os faz amadurecer.
Gera sem apropriar-se,
Age sem buscar reconhecimento,
Lidera sem ordenar
Esta é a virtude primogénita.
O Tao não é só um caminho físico e espiritual; é identificado com O Absoluto que, gerou os opostos complementares: Yin e Yang; a partir dos quais todas as coisas que existem no Universo foram criadas.
É um conceito muito antigo, adoptado como o princípio fundamental do taoísmo.
O conceito de Tao é algo muito simples, mas não pode ser explicado. É o que existe e o que inexiste. Mas com tantos conceitos a fervilhar na nossa mente, temos dificuldade em compreendê-lo como um todo.
O Tao é o Caminho da espontaneidade natural. É o que produz todas as coisas que existem. O Te 德 (a Virtude) é o modo de caminhar espontâneo, que dá às coisas a sua perfeição.
Cada coisa é simplesmente o que é, e faz. Por isso, não é preciso fazer nada para que seja feito tudo o que deve ser feito. Isto é o Tao.
O Tao produz as coisas e é o Te que as sustenta. As coisas surgem espontaneamente e agem espontaneamente. Cada coisa tem o seu modo espontâneo e natural de ser. E todas as coisas são felizes desde que evoluam de acordo com a sua natureza. São as modificações nas suas naturezas, que causam a dor e o sofrimento.
Molda-se o barro para fazer um vaso;
É o espaço dentro dele que o torna útil.
Fazem-se portas e janelas para um quarto; mas são os buracos que os tornam úteis.
Buscamos sempre um conceito, mas... "O Tao que pode ser expressado, não é o Tao absoluto"
Para retornarmos ao Tao, ao Absoluto, temos que primeiro recuperar o nosso bem estar e a nossa paz interior. A partir desta condição, podemos encontrar o silêncio e a quietude interior, abandonando uma identidade egóica e trilhando um caminho que está além da forma e das linguagens. E, ao trilhar esse caminho, integrando-o na nossa vida diária, vamos então unir-nos ao Tao.
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sábado, 8 de outubro de 2011
omens sem "H"
Manda quem pode... obdecerá quem deve?
Espantam-se? Não se espantem! Lá chegaremos. No Brasil, pelo menos, já se escreve "umidade". Para facilitar? Não parece! A Bahia, felizmente, mantém orgulhosamente o seu H (sem o qual seria uma baía qualquer), Itamar Assumpção ainda não perdeu o P e até Adriana Calcanhotto duplicou o T do nome porque fica mais bonito e porque sim!
Isto de tirar e pôr letras não é bem como fazer lego, embora pareça. Há uma poética na grafia que pode estragar-se com demasiadas lavagens a seco. Por exemplo: no Brasil há dois diários que ostentam no título esta antiguidade: Jornal do Commercio. Com duplo M, como o genial Drummond. Datam ambos dos anos 1820 e não actualizaram o nome até hoje.
Comércio vem do latim commercium e na primeira vaga simplificadora perdeu, como se sabe, um M. Nivelando por baixo, temendo talvez que o povo ignaro não conseguisse nunca escrever como a minoria culta, a língua portuguesa foi perdendo parte das suas raízes latinas.
Outras línguas, obviamente atrasadas, viraram a cara à modernização. É por isso que, hoje em dia, idiomas tão medievais quanto o inglês ou o francês consagram pharmacy e pharmacie (do grego pharmakeia e do latim pharmacïa) em lugar de farmácia; ou commerce em vez de comércio. O português tem andado, assim, satisfeito, a "limpar" acentos e consoantes espúrias.
Até à lavagem de 1990, a mais recente, que permite até ao mais analfabeto dos analfabetos escrever sem nenhum medo de errar. Até porque, felicidade suprema, pode errar que ninguém nota. "É positivo para as crianças", diz o iluminado Bechara, uma das inteligências que empunha, feliz, o facho do Acordo Ortográfico.
É verdade, as criancinhas... como ninguém se lembrou delas? O que passarão as pobres crianças inglesas, francesas, holandesas, alemãs, italianas, espanholas, em países onde há tantas consoantes duplas, tremas e hífens? A escrever summer, bibliographie, tappezzería, damnificar, mitteleuropäischen?
Já viram o que é ter de escrever Abschnitt für sonnenschirme nas praias em vez de "zona de chapéus de sol"? Por isso é que nesses países com línguas tão complicadas (já para não falar na China, no Japão ou nas Arábias, valha-nos Deus) as crianças sofrem tanto para escrever nas línguas maternas. Portugal, lavador-mor de grafias antigas, dá agora primazia à fonética, pois, disse-o um dia outra das inteligências pró-Acordo, "a oralidade precede a escrita". Se é assim, tirem o H a homem ou a humanidade que não faz falta nenhuma. E escrevam Oliúde quando falarem de cinema. A etimologia foi uma invenção de loucos, tornemo-nos compulsivamente fonéticos.
Mas há mais: sabem que acabou o café-da-manhã? Agora é café da manhã. Pois é, as palavras compostas por justaposição (com hífens) são outro estorvo. Por isso os "acordistas" advogam cor de rosa (sem hífens) em vez de cor-de-rosa. Mas não pensaram, ó míseros, que há rosas de várias cores? Vermelhas? Amarelas? Brancas? Até cu-de-judas deixou, para eles, de ser lugar remoto para ser o cu do próprio Judas, com caixa alta, assim mesmo.
Só omens sem H podem ter inventado isto, é garantido.
(Nuno Pacheco jornalista)
Não tenciono aplicar as regras do novo Acordo Ortográfico! Sou contra e sinto-me revoltada.
A adopção deste Acordo, parece-me medida de uma total inutilidade – as grandes diferenças entre o português europeu e o brasileiro não são de natureza ortográfica –a sintaxe é diferente nas duas normas e continuará a sê-lo e o campo semântico de muitos vocábulos, também.
Os termos e expressões brasileiras que entraram no quotidiano e se integraram na linguagem dos portugueses (cusca, fofoca, curtir, estar numa de, chamar de, viver às custas de…). As expressões brasileiras são normais nas bocas dos brasileiros e ridículas quando papagueadas pelos portugueses. Mas, visto à escala da história, nada disto é grave...
Se pudéssemos viajar para o futuro, talvez ficássemos tristes ao ouvir aquilo em que o português se terá transformado.
Aplicá-lo. Não o aplicar. Cada um que faça o que lhe aprouver.
Eu vou ignorá-lo.
Espantam-se? Não se espantem! Lá chegaremos. No Brasil, pelo menos, já se escreve "umidade". Para facilitar? Não parece! A Bahia, felizmente, mantém orgulhosamente o seu H (sem o qual seria uma baía qualquer), Itamar Assumpção ainda não perdeu o P e até Adriana Calcanhotto duplicou o T do nome porque fica mais bonito e porque sim!
Isto de tirar e pôr letras não é bem como fazer lego, embora pareça. Há uma poética na grafia que pode estragar-se com demasiadas lavagens a seco. Por exemplo: no Brasil há dois diários que ostentam no título esta antiguidade: Jornal do Commercio. Com duplo M, como o genial Drummond. Datam ambos dos anos 1820 e não actualizaram o nome até hoje.
Comércio vem do latim commercium e na primeira vaga simplificadora perdeu, como se sabe, um M. Nivelando por baixo, temendo talvez que o povo ignaro não conseguisse nunca escrever como a minoria culta, a língua portuguesa foi perdendo parte das suas raízes latinas.
Outras línguas, obviamente atrasadas, viraram a cara à modernização. É por isso que, hoje em dia, idiomas tão medievais quanto o inglês ou o francês consagram pharmacy e pharmacie (do grego pharmakeia e do latim pharmacïa) em lugar de farmácia; ou commerce em vez de comércio. O português tem andado, assim, satisfeito, a "limpar" acentos e consoantes espúrias.
Até à lavagem de 1990, a mais recente, que permite até ao mais analfabeto dos analfabetos escrever sem nenhum medo de errar. Até porque, felicidade suprema, pode errar que ninguém nota. "É positivo para as crianças", diz o iluminado Bechara, uma das inteligências que empunha, feliz, o facho do Acordo Ortográfico.
É verdade, as criancinhas... como ninguém se lembrou delas? O que passarão as pobres crianças inglesas, francesas, holandesas, alemãs, italianas, espanholas, em países onde há tantas consoantes duplas, tremas e hífens? A escrever summer, bibliographie, tappezzería, damnificar, mitteleuropäischen?
Já viram o que é ter de escrever Abschnitt für sonnenschirme nas praias em vez de "zona de chapéus de sol"? Por isso é que nesses países com línguas tão complicadas (já para não falar na China, no Japão ou nas Arábias, valha-nos Deus) as crianças sofrem tanto para escrever nas línguas maternas. Portugal, lavador-mor de grafias antigas, dá agora primazia à fonética, pois, disse-o um dia outra das inteligências pró-Acordo, "a oralidade precede a escrita". Se é assim, tirem o H a homem ou a humanidade que não faz falta nenhuma. E escrevam Oliúde quando falarem de cinema. A etimologia foi uma invenção de loucos, tornemo-nos compulsivamente fonéticos.
Mas há mais: sabem que acabou o café-da-manhã? Agora é café da manhã. Pois é, as palavras compostas por justaposição (com hífens) são outro estorvo. Por isso os "acordistas" advogam cor de rosa (sem hífens) em vez de cor-de-rosa. Mas não pensaram, ó míseros, que há rosas de várias cores? Vermelhas? Amarelas? Brancas? Até cu-de-judas deixou, para eles, de ser lugar remoto para ser o cu do próprio Judas, com caixa alta, assim mesmo.
Só omens sem H podem ter inventado isto, é garantido.
(Nuno Pacheco jornalista)
Não tenciono aplicar as regras do novo Acordo Ortográfico! Sou contra e sinto-me revoltada.
A adopção deste Acordo, parece-me medida de uma total inutilidade – as grandes diferenças entre o português europeu e o brasileiro não são de natureza ortográfica –a sintaxe é diferente nas duas normas e continuará a sê-lo e o campo semântico de muitos vocábulos, também.
Os termos e expressões brasileiras que entraram no quotidiano e se integraram na linguagem dos portugueses (cusca, fofoca, curtir, estar numa de, chamar de, viver às custas de…). As expressões brasileiras são normais nas bocas dos brasileiros e ridículas quando papagueadas pelos portugueses. Mas, visto à escala da história, nada disto é grave...
Se pudéssemos viajar para o futuro, talvez ficássemos tristes ao ouvir aquilo em que o português se terá transformado.
Aplicá-lo. Não o aplicar. Cada um que faça o que lhe aprouver.
Eu vou ignorá-lo.
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O (Des)acordo Ortográfico
Desde 1 de Janeiro do ano passado, a Língua Portuguesa está unificada! Ou melhor, desde 2009 que estão a tentar unificá-la.
Nesta data, entrou em vigor o Novo Acordo Ortográfico, que visa igualar a escrita do português em países que falam o mesmo idioma. Acentos foram removidos, assim como hífens, formando palavras visivelmente estranhas, mas sonoramente, as mesmas de sempre.
Muitos foram contra esta monstruosidade linguística, pensando na dificuldade em se adaptar às novas regras e não só, a revolta de termos de nos adaptar a uma nova ortografia tendo como modelo o Brasil. Ora se fomos nós, os portugueses, a exportar a língua...
Mas não há remédio: manda quem pode! A escrita mudou, e temos mais algum tempo até que o nosso“antigo” modelo ortográfico seja completamente deixado de lado.
Contudo, alguns meses depois surgiu o Desacordo Ortográfico. Infelizmente, não eram os governos a querer voltar atrás, mas sim uma antologia de contos de autores da Língua Portuguesa organizada por Reginaldo Pujol Filho e publicada pela Não Editora.
Enquanto os livros começavam a ser impressos com as novas regras, a Não quis fazer uma obra que contivesse as diferenças de escrita que o português proporciona.
Entre os autores, estão brasileiros, como Luis Fernando Verríssimo e Xico Sá, portugueses como Patrícia Reis, angolanos como Pepetela e outros autores de diversos países que adoptam o português como língua oficial.
Uma mostra de que, no idioma português, não importa o lugar, as mesmas palavras podem ser interpretadas de formas diferentes, enquanto palavras distintas podem ter o mesmo significado. O Desacordo Ortográfico é recomendado para quem gosta de se aventurar na diversidade que a nossa língua proporciona. Um livro que mostra que unificação alguma irá tirar do Português essa característica.
Nesta data, entrou em vigor o Novo Acordo Ortográfico, que visa igualar a escrita do português em países que falam o mesmo idioma. Acentos foram removidos, assim como hífens, formando palavras visivelmente estranhas, mas sonoramente, as mesmas de sempre.
Muitos foram contra esta monstruosidade linguística, pensando na dificuldade em se adaptar às novas regras e não só, a revolta de termos de nos adaptar a uma nova ortografia tendo como modelo o Brasil. Ora se fomos nós, os portugueses, a exportar a língua...
Mas não há remédio: manda quem pode! A escrita mudou, e temos mais algum tempo até que o nosso“antigo” modelo ortográfico seja completamente deixado de lado.
Contudo, alguns meses depois surgiu o Desacordo Ortográfico. Infelizmente, não eram os governos a querer voltar atrás, mas sim uma antologia de contos de autores da Língua Portuguesa organizada por Reginaldo Pujol Filho e publicada pela Não Editora.
Enquanto os livros começavam a ser impressos com as novas regras, a Não quis fazer uma obra que contivesse as diferenças de escrita que o português proporciona.
Entre os autores, estão brasileiros, como Luis Fernando Verríssimo e Xico Sá, portugueses como Patrícia Reis, angolanos como Pepetela e outros autores de diversos países que adoptam o português como língua oficial.
Uma mostra de que, no idioma português, não importa o lugar, as mesmas palavras podem ser interpretadas de formas diferentes, enquanto palavras distintas podem ter o mesmo significado. O Desacordo Ortográfico é recomendado para quem gosta de se aventurar na diversidade que a nossa língua proporciona. Um livro que mostra que unificação alguma irá tirar do Português essa característica.
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sexta-feira, 7 de outubro de 2011
O Bambu Terapêutico
Esta é a planta mais extraordinária do planeta, possuidora de uma beleza única. A sua história é cercada de mitos, que têm passado de geração em geração, assim como os seus imensos benefícios na vida do ser humano.
O bambu pode passar anos e anos sem dar sinal quando plantado, enquanto cria raízes fortes que se espalham pelo solo, sendo depois as responsáveis pela sua segurança e propagação.
Quando por fim “dá o ar da sua graça”, pode chegar a enormes alturas com elegância e fascíneo, gerando uma enorme família à sua volta de bambus interindependentes e solidários.
Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada, absolutamente nada, durante 4 anos - excepto o lento desabrochar de um diminuto rebento, a partir do bulbo.
Durante esses anos, todo o crescimento é subterrâneo, numa maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra.
Mas então, no quinto ano, o bambu chinês cresce, até atingir 24 metros.
Muitas coisas na vida (pessoal e profissional) são iguais ao bambu chinês.
Você trabalha, investe tempo e esforço, faz tudo o que pode para nutrir o seu crescimento, e às vezes não se vê nada durante semanas, meses ou mesmo anos.
Mas, se tiver paciência para continuar a trabalhar e a nutrir, o "quinto ano" chegará e o crescimento e a mudança que se processam, o deixá-lo-ão espantado.
O bambu chinês mostra que não podemos desistir fácilmente das coisas...
Existem espaços para todos as espécimes, cada um é o resultado de muita vontade de viver, cada um com a sua natureza, com os seus valores... cores... e... comportamentos. Todos são exemplos...
Flexível, o bambuzal dança ao sabor do vento, ecoando aos sete ventos do mundo que é preciso saber viver exactamente como ele, valorizando a união, tendo força para suportar o pior; beleza e suavidade para encarar a vida, sabendo a hora de flectir com elegância para não perder o equilíbrio, cheio de energia de integração com a Natureza.
****** TERAPIAS ******
Criada pelas mãos de um francês, a bamboo massage, nasceu em 2003 com o prepósito de associar várias técnicas numa só, levando em conta a necessidade de cada indivíduo.
Todos os bambus sofrem uma preparação antes de serem aplicados na massagem, de forma a não prejudicarem de maneira alguma a saúde do cliente. São correctamente higienizados, para que só sejam passados benefícios físicos, mentais e energéticos ao cliente.
Nesta nova terapia só os bambus possuidores de tamanhos e diâmetros diferenciados, dançam no corpo do cliente, trocando energias, criando uma nova dinâmica na área das massagens, tanto para o cliente, como para o profissional, que usa as mais variadas manobras, usando as hastes como instrumentos musicais, rolando, pressionando e deslizando sobre os músculos, estimulando a sensibilidade dérmica com o seu toque macio, acetinado, provocando uma agradável sensação de aconchego, que pode ser ainda mais intenso, quando os bambus são previamente aquecidos.
****** BENEFÍCIOS ******
Além dos benefícios enquanto massagem, a bambuterapia ainda associa manobras de massagem relaxante, modeladora, drenagem linfática, shiatsu e reflexologia, além de promover também um leve lifting facial, variando de acordo com a queixa principal do cliente, relatada no primeiro contacto.
No ritual facial, por exemplo, é realizada uma esfoliação antes da terapia, para eleminar os excessos de resíduos na epiderme, desintoxicando-a, para depois poder absorver os tratamentos seguintes.
De seguida, é colocada uma máscara específica para cada tipo de pele que tem as potencialidades ainda mais favorecidas pelos efeitos térmicos e desitoxicantes que a massagem de bambus possui. É totalmente possível que este ritual seja feito inteiramente com produtos que se utilizem extractos de bambu, ricos em selénio de zinco. Os movimentos realizados durante a massagem facial, produzem um levantamento muscular significativo, produzido por repetições contínuas.
Pode-se dizer que a bambuterapia é uma inovação exótica, que mistura uma arte complexa com a simplicidade da Natureza, onde se mergulha num vale de bem estar, e se chega ao estado Zen, que cada um possui dentro de si.
O bambu pode passar anos e anos sem dar sinal quando plantado, enquanto cria raízes fortes que se espalham pelo solo, sendo depois as responsáveis pela sua segurança e propagação.
Quando por fim “dá o ar da sua graça”, pode chegar a enormes alturas com elegância e fascíneo, gerando uma enorme família à sua volta de bambus interindependentes e solidários.
Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada, absolutamente nada, durante 4 anos - excepto o lento desabrochar de um diminuto rebento, a partir do bulbo.
Durante esses anos, todo o crescimento é subterrâneo, numa maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra.
Mas então, no quinto ano, o bambu chinês cresce, até atingir 24 metros.
Muitas coisas na vida (pessoal e profissional) são iguais ao bambu chinês.
Você trabalha, investe tempo e esforço, faz tudo o que pode para nutrir o seu crescimento, e às vezes não se vê nada durante semanas, meses ou mesmo anos.
Mas, se tiver paciência para continuar a trabalhar e a nutrir, o "quinto ano" chegará e o crescimento e a mudança que se processam, o deixá-lo-ão espantado.
O bambu chinês mostra que não podemos desistir fácilmente das coisas...
Existem espaços para todos as espécimes, cada um é o resultado de muita vontade de viver, cada um com a sua natureza, com os seus valores... cores... e... comportamentos. Todos são exemplos...
Flexível, o bambuzal dança ao sabor do vento, ecoando aos sete ventos do mundo que é preciso saber viver exactamente como ele, valorizando a união, tendo força para suportar o pior; beleza e suavidade para encarar a vida, sabendo a hora de flectir com elegância para não perder o equilíbrio, cheio de energia de integração com a Natureza.
****** TERAPIAS ******
Criada pelas mãos de um francês, a bamboo massage, nasceu em 2003 com o prepósito de associar várias técnicas numa só, levando em conta a necessidade de cada indivíduo.
Todos os bambus sofrem uma preparação antes de serem aplicados na massagem, de forma a não prejudicarem de maneira alguma a saúde do cliente. São correctamente higienizados, para que só sejam passados benefícios físicos, mentais e energéticos ao cliente.
Nesta nova terapia só os bambus possuidores de tamanhos e diâmetros diferenciados, dançam no corpo do cliente, trocando energias, criando uma nova dinâmica na área das massagens, tanto para o cliente, como para o profissional, que usa as mais variadas manobras, usando as hastes como instrumentos musicais, rolando, pressionando e deslizando sobre os músculos, estimulando a sensibilidade dérmica com o seu toque macio, acetinado, provocando uma agradável sensação de aconchego, que pode ser ainda mais intenso, quando os bambus são previamente aquecidos.
****** BENEFÍCIOS ******
Além dos benefícios enquanto massagem, a bambuterapia ainda associa manobras de massagem relaxante, modeladora, drenagem linfática, shiatsu e reflexologia, além de promover também um leve lifting facial, variando de acordo com a queixa principal do cliente, relatada no primeiro contacto.
No ritual facial, por exemplo, é realizada uma esfoliação antes da terapia, para eleminar os excessos de resíduos na epiderme, desintoxicando-a, para depois poder absorver os tratamentos seguintes.
De seguida, é colocada uma máscara específica para cada tipo de pele que tem as potencialidades ainda mais favorecidas pelos efeitos térmicos e desitoxicantes que a massagem de bambus possui. É totalmente possível que este ritual seja feito inteiramente com produtos que se utilizem extractos de bambu, ricos em selénio de zinco. Os movimentos realizados durante a massagem facial, produzem um levantamento muscular significativo, produzido por repetições contínuas.
Pode-se dizer que a bambuterapia é uma inovação exótica, que mistura uma arte complexa com a simplicidade da Natureza, onde se mergulha num vale de bem estar, e se chega ao estado Zen, que cada um possui dentro de si.
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terça-feira, 4 de outubro de 2011
A arte da calçada à portuguesa
A calçada portuguesa resulta do calcetamento com pedras de formato irregular, geralmente de calcário e basalto, que podem ser usadas para formar padrões decorativos pelo contraste entre as pedras de distintas cores.
As cores mais tradicionais são o preto e o branco, embora sejam populares também o castanho e o vermelho.
A calçada portuguesa, conforme a conhecemos, foi empregada pela primeira vez em Lisboa no ano de 1842. O trabalho foi realizado por presidiários (chamados "grilhetas" na época), a mando do Governador de armas do Castelo de São Jorge, o Tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado. O desenho utilizado nesse pavimento foi de um traçado simples (tipo zig-zag) mas, para a época, a obra foi de certa forma insólita, tendo motivado cronistas portugueses a escrever sobre o assunto.
Após este primeiro acontecimento, foram concedidas verbas a Eusébio Furtado para que os seus homens pavimentassem toda a área da Praça do Rossio, uma das zonas mais conhecidas e mais centrais de Lisboa, numa extensão de 8.712 m².
A maioria das calçadas de Lisboa, na pavimentação de espaços públicos e não só, são “basicamente” passeios calcetados com pedras de formato irregular de cor preta e branca, formando diversos desenhos que integram temas diversos.
Terá surgido pela primeira vez em Lisboa no séc. XV e rapidamente expandido pelas vilas e aldeias do país. É amplamente utilizada em Portugal e também no Brasil, mas é em Portugal onde é considerada parte da tradição e expressão cultural, encarada como uma herança histórica do país.
Vemos por exemplo esta calçada numa das ruas de Matosinhos...
A calçada portuguesa não só se espalhou rapidamente por todo o país e colónias, subjacente a um ideal de moda e de bom gosto, tendo-se apurado o sentido artístico, que foi aliado a um conceito de funcionalidade, originando autênticas obras-primas nas zonas pedonais.
Vemos aqui esta praça em Moçambique, onde esta arte chegou para ficar. Hoje em dia existem ruas e praças onde a calçada à portuguesa foi difundida e aprendida pelos calceteiros locais, dando asas à imaginação om desenhos caracteristicos da cultura africana.
S. Salvador da Bahia - Brasil
No Brasil, este foi um dos mais populares materiais utilizados pelo paisagismo do século XX, devido à sua flexibilidade de montagem e de composição plástica.
A sua aplicação pode ser apreciada em projectos como esta da foto, o calçadão da Praia de Copacabana, (uma obra de Roberto Burle Marx) ou nos espaços da antiga Avenida Central, ambos no Rio de Janeiro.
Daqui, bastou somente mais um passo, para que esta arte ultrapassasse fronteiras, sendo solicitados mestres calceteiros portugueses para executar e ensinar estes trabalhos no estrangeiro.
Estes desenhos em rosa, numa das artérias principais de Nova Iorque...
Em Pequim, alguns profissinais chineses que aprenderam a arte de calceteiros, fazem belos trabalhos inspirados nas viagens dos portugueses nas suas naus.
Na Expo de Shanghai em 2010, o coelhinho de Macau, teve um "tapete de ondas" iguais às que existem no Largo do Leal Senado em Macau, que também está revestido com a calçada à portuguesa.
Assim, em Macau, muitos passeios e praças são também pavimentados com calçada portuguesa. Em 1990, o governo de Macau revestiu com esta calçada, de cor branca e preta, o Largo do Senado,
bem como pavimentou alguns passeios e largos, que dão hoje em dia, um aspecto alegre, colorido e interessante aos que por ali passam e fotografam esta mistura de culturas.
A técnica da calçada à portuguesa
Em 1986, foi criada uma escola para calceteiros (a Escola de Calceteiros da Câmara Municipal de Lisboa), situada na Quinta Conde dos Arcos.
Da autoria de Sérgio Stichini, em Dezembro de 2006, foi inaugurado também um monumento ao calceteiro, sito na Rua da Vitória (baixa Pombalina), entre as Rua da Prata e Rua dos Douradores.
Os calceteiros tiram partido do sistema de diaclases do calcário para, com o auxílio de um martelo, fazerem pequenos ajustes na forma da pedra, e utilizam moldes para marcar as zonas de diferentes cores, de forma a que repetem os motivos em sequência linear (frisos) ou nas duas dimensões do plano (padrões).
A geometria do século XX demonstrou que há um número limitado de simetrias possíveis no plano: 7 para os frisos e 17 para os padrões. Um trabalho de jovens estudantes portugueses registou, nas calçadas de Lisboa, 5 frisos e 11 padrões, atestando a sua riqueza em simetrias.
Imagine que os emigrantes conseguiram levar esta arte para algumas ruas de S. Francisco da Califórnia...
Que caminhos são estes que nos direccionam por labirintos mitológicos e que universo é este que, silenciosamente, também caminha por passeios de pedra consistente, elaborados nos confins da nossa consciência?
Que coisa é esta de levar tudo atrás de nós? Levamos connosco o cão, o gato, os pastéis de nata, as formas floreadas das janelas para o sol entrar, a calçada para receber os amigos, as cores alegres nas fachadas de azulejos que reflectem a luz numa sensação primaveril… a poesia que o fado declama pelas ruelas de uma saudade exasperada em qualquer ponto do mundo...
(Bocage nas terras de Gêngis Khan)
NOTA:Algumas das imagens apresentadas foram retiradas do livro Calçada Portuguesa no Mundo - per orbem terrarum et marem vastum
e outras fotos de Ernesto de Matos
As cores mais tradicionais são o preto e o branco, embora sejam populares também o castanho e o vermelho.
A calçada portuguesa, conforme a conhecemos, foi empregada pela primeira vez em Lisboa no ano de 1842. O trabalho foi realizado por presidiários (chamados "grilhetas" na época), a mando do Governador de armas do Castelo de São Jorge, o Tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado. O desenho utilizado nesse pavimento foi de um traçado simples (tipo zig-zag) mas, para a época, a obra foi de certa forma insólita, tendo motivado cronistas portugueses a escrever sobre o assunto.
Após este primeiro acontecimento, foram concedidas verbas a Eusébio Furtado para que os seus homens pavimentassem toda a área da Praça do Rossio, uma das zonas mais conhecidas e mais centrais de Lisboa, numa extensão de 8.712 m².
A maioria das calçadas de Lisboa, na pavimentação de espaços públicos e não só, são “basicamente” passeios calcetados com pedras de formato irregular de cor preta e branca, formando diversos desenhos que integram temas diversos.
Terá surgido pela primeira vez em Lisboa no séc. XV e rapidamente expandido pelas vilas e aldeias do país. É amplamente utilizada em Portugal e também no Brasil, mas é em Portugal onde é considerada parte da tradição e expressão cultural, encarada como uma herança histórica do país.
Vemos por exemplo esta calçada numa das ruas de Matosinhos...
A calçada portuguesa não só se espalhou rapidamente por todo o país e colónias, subjacente a um ideal de moda e de bom gosto, tendo-se apurado o sentido artístico, que foi aliado a um conceito de funcionalidade, originando autênticas obras-primas nas zonas pedonais.
Vemos aqui esta praça em Moçambique, onde esta arte chegou para ficar. Hoje em dia existem ruas e praças onde a calçada à portuguesa foi difundida e aprendida pelos calceteiros locais, dando asas à imaginação om desenhos caracteristicos da cultura africana.
S. Salvador da Bahia - Brasil
No Brasil, este foi um dos mais populares materiais utilizados pelo paisagismo do século XX, devido à sua flexibilidade de montagem e de composição plástica.
A sua aplicação pode ser apreciada em projectos como esta da foto, o calçadão da Praia de Copacabana, (uma obra de Roberto Burle Marx) ou nos espaços da antiga Avenida Central, ambos no Rio de Janeiro.
Daqui, bastou somente mais um passo, para que esta arte ultrapassasse fronteiras, sendo solicitados mestres calceteiros portugueses para executar e ensinar estes trabalhos no estrangeiro.
Estes desenhos em rosa, numa das artérias principais de Nova Iorque...
Em Pequim, alguns profissinais chineses que aprenderam a arte de calceteiros, fazem belos trabalhos inspirados nas viagens dos portugueses nas suas naus.
Na Expo de Shanghai em 2010, o coelhinho de Macau, teve um "tapete de ondas" iguais às que existem no Largo do Leal Senado em Macau, que também está revestido com a calçada à portuguesa.
Assim, em Macau, muitos passeios e praças são também pavimentados com calçada portuguesa. Em 1990, o governo de Macau revestiu com esta calçada, de cor branca e preta, o Largo do Senado,
bem como pavimentou alguns passeios e largos, que dão hoje em dia, um aspecto alegre, colorido e interessante aos que por ali passam e fotografam esta mistura de culturas.
A técnica da calçada à portuguesa
Em 1986, foi criada uma escola para calceteiros (a Escola de Calceteiros da Câmara Municipal de Lisboa), situada na Quinta Conde dos Arcos.
Da autoria de Sérgio Stichini, em Dezembro de 2006, foi inaugurado também um monumento ao calceteiro, sito na Rua da Vitória (baixa Pombalina), entre as Rua da Prata e Rua dos Douradores.
Os calceteiros tiram partido do sistema de diaclases do calcário para, com o auxílio de um martelo, fazerem pequenos ajustes na forma da pedra, e utilizam moldes para marcar as zonas de diferentes cores, de forma a que repetem os motivos em sequência linear (frisos) ou nas duas dimensões do plano (padrões).
A geometria do século XX demonstrou que há um número limitado de simetrias possíveis no plano: 7 para os frisos e 17 para os padrões. Um trabalho de jovens estudantes portugueses registou, nas calçadas de Lisboa, 5 frisos e 11 padrões, atestando a sua riqueza em simetrias.
Imagine que os emigrantes conseguiram levar esta arte para algumas ruas de S. Francisco da Califórnia...
Que caminhos são estes que nos direccionam por labirintos mitológicos e que universo é este que, silenciosamente, também caminha por passeios de pedra consistente, elaborados nos confins da nossa consciência?
Que coisa é esta de levar tudo atrás de nós? Levamos connosco o cão, o gato, os pastéis de nata, as formas floreadas das janelas para o sol entrar, a calçada para receber os amigos, as cores alegres nas fachadas de azulejos que reflectem a luz numa sensação primaveril… a poesia que o fado declama pelas ruelas de uma saudade exasperada em qualquer ponto do mundo...
(Bocage nas terras de Gêngis Khan)
NOTA:Algumas das imagens apresentadas foram retiradas do livro Calçada Portuguesa no Mundo - per orbem terrarum et marem vastum
e outras fotos de Ernesto de Matos
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