domingo, 1 de abril de 2012

Hoje, podemos mentir... (1.º de Abril)

Nunca percebi porque motivo temos um dia totalmente dedicado à mentira?! Bem sei que há dias dedicados a tudo, e, convenhamos, muito mais pertinente e educativo, mas num mundo cada vez mais de aparências, marcamos um dia no qual podemos mentir, enganar, pregar partidas e tudo o que mais nos apeteça?
É tudo (será?) brincadeira, eu sei, mas o resultado disto é que, desconfiada como sou, durante todos os outros dias do ano, acabo por não acreditar em nada do que me digam hoje.
Ao que parece, não existe consenso quanto à origem desta data, o que me leva a pensar que, se calhar, a própria existência deste dia é mentira...
Histórias à parte, porquê um dia das mentiras? Porquê inventar mentiras hoje, quando tantos e tantos são especialistas em mentira intencional?
Mentir e ser alvo de mentiras já faz parte da nossa vida. Todos nós já mentimos (e não vale a pena mentir e dizer que não) e todos nós já fomos enganados. A mentira acompanha-nos. Desde aquelas mentirinhas inocentes que encobrem atrasos, faltas ou má disposição, até às grandes mentiras, que nos agridem o coração e nos roubam uma pequenina parte de nós aos poucos.
As crianças mentem de forma pura. Mais correcto será dizer que inventam histórias para explicar o que não sabem ou que não querem que se saiba.
Confabulam de maneira impressionante e muitas das vezes conseguem convencer-nos até, mas basta uma dúvida nossa, uma pergunta, e todo o enredo já mudou. O problema são as mentiras "dos crescidos". Essas sim, são histórias dignas de best seller que, palavra a palavra, nos envolvem numa teia confusa mas muitas vezes convincente. Junto com a mentira vem a dúvida e aqui não sei dizer qual delas é a pior. A dúvida espalha-se com a força do mais mortífero vírus, atacando tudo o que é sentimento e contaminando qualquer relação. Uma vez instalada nunca mais nos larga, mesmo que se
minta e se diga "Eu confio". A mentira, em toda a acepção da palavra, destrói e corrói. Porquê dedicar-lhe um dia? Porque não um dia em que a verdade e nada mais que a verdade poderia ser dita? Já diz o provérbio "prefiro que me entristeças com a verdade, do que me alegres com a mentira".
No final, todos deveríamos ser como o Pinóquio e ter uma consciência com forma de grilo ou outro animal qualquer que nos assobiasse de cada vez que erramos, com palavras ou acções. A parte do nariz que cresce ficaria só para os doutorados em mentira. Para todos, um "grilo falante" já chegava. E já agora, esquecer o dia das mentiras. Porque deixar de mentir...hum...impossível de todo.
Mas que seres somos nós, que nos apelidamos de humanos, mas não conseguimos deixar de ser selvagens tantas vezes?

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