segunda-feira, 22 de julho de 2013

Deitei o meu filho no lixo



Nos últimos tempos, as notícias que nos chegam através dos meios de comunicação é de nos deixar os cabelos em pé. Parece que se tornou moda deitar os filhos no lixo. Assim… como se fosse comida enlatada fora de prazo e não um ser humano gerado no próprio corpo e carregado durante nove meses, que afinal não deixou qualquer espécie de laços ou sentimento por aquele ser vivo e indefeso, carne da própria carne e sangue do próprio sangue, que após o nascimento são capazes de o estrangular e, ou enfiá-lo ainda vivo num latão de lixo?
Que se passa com a maioria das sociedades para praticarem tal atrocidade? Onde está aquela “coisa” que se chama piedade ou “amor de mãe”?
Aqui vai a história, de uma das muitas Ritas que povoam este estranho universo de pessoas que, por razões várias, se livram dos seus filhos logo após os partos, na maioria dos casos, feitos por elas próprias:

A Rita chegou a frequentar uma escola secundária de Évora. Filha de um motorista desempregado e de uma empregada doméstica a dias, cedo arranjou um namorado. Com apenas 15 anos passou muitas noites fora de casa. Uma das colegas disse-lhe que pensasse bem em que vidas andava já que faltava à escola assiduamente. Os pais foram chamados à directoria da escola mas não compareceram. Disseram à filha que não tinham nada a ver com a vida que levava com o namorado e que não queriam saber mais nada sobre os seus estudos e o seu futuro. O ambiente familiar deteriorou-se ao ponto da Rita bater na mãe e o seu pai ter partido uma bilha de barro em cima das suas costas.
O pai foi preso por ter participado num assalto a uma residência e a mãe fugiu para fora da capital alentejana com outro homem. As colegas de Rita tentaram recuperar a Rita-estudante mas a Rita-mulher rejeitou o contacto e resolveu aceitar o convite do namorado, numa manhã quente de Agosto. O destino era Espanha, para onde o companheiro a convencera de que por lá tinha trabalho.
Passados quatro meses Rita regressou à urbe eborense com um semblante misterioso, triste e desorientado. As colegas tentaram novamente compreender as suas decisões de vida e confirmaram que Rita estava grávida. Quando pareceu que tudo não passaria de mais um caso de mãe solteira, Rita voltou a desaparecer. As suas colegas ficaram desoladas por não terem conseguido cativar Rita num regresso às aulas e a um modo de vida melhorado, porquanto, uma das amigas prontificou-se a ceder-lhe um quarto em sua casa.
Quando entre os amigos de Rita menos se esperava que ela voltasse à terra que a viu nascer, na freguesia de São Mamede, eis que Rita bateu à porta da amiga que se tinha mostrado hospitaleira e pediu guarida. E o teu bebé? Aborto? Adopção? Rita chorou incessantemente durante mais de dez minutos e a sua anfitriã voltou a indagar sobre o paradeiro do bebé, que ela sabia ter estado na barriga de Rita. Abandono junto da porta de algum colégio de freiras? Na igreja do padre que lhe ministrou o baptismo? Rita, em soluços, balbuciou umas palavras incompreensíveis. A amiga abraçou-a e sentou-a no sofá da sala. Estavam sozinhas e confidentes. Rita voltou a chorar e a sua amiga voltou a interrogar. Diz, diz onde está o bebé? A resposta veio tenebrosamente chocante e tão macabra quanto realista. Rita confessou que tinha asfixiado o filho num saco de plástico e que o tinha deitado num contentor de lixo.
Portugal está assim. Os leitores acompanham certamente o que se passa no rectângulo mal plantado à beira-mar, mas não fazem ideia como a situação social se está a agravar. Os números do crime são assustadores e as autoridades confirmam constantes casos de bebés mortos ou abandonados.
Em face deste panorama negro, as opiniões dividem-se. Para uns, estamos perante várias falhas no sistema de apoio e solidariedade social. Para outros, a justificação prende-se com a destruição paulatina que tem vindo a acontecer no seio do sistema religioso existente no âmago dos agregados familiares.

(Baseado em caso verídico)
Publicado no Jornal “Hoje Macau” 

PROIBIDO DEITAR BEBÉS NO LIXO 

Um morador dos EUA manifesta assim a sua revolta, devido à quantidade de bebés deitados neste contentor de lixo.

Abandonar um filho, matá-lo ou entregá-lo para adopção tem forçosamente que merecer um estudo profundo por parte dos psicólogos e psiquiatras. E dos políticos! Sim, de políticos, porque são eles que decidem e controlam certo tipo de políticas que atiram com as populações mais desprotegidas para o desespero, suicídio e para o crime. Abandonar um filho é crime horrendo. Indiscutível! E as causas? Onde estão as causas de tamanha barbárie? Não podem ser causas equacionadas sem profundidade e acabando-se por diagnosticar um fenómeno que nada tem de doentio.
Quem está doente é o país. A situação degrada-se todos os dias. Nos mais diversos quadrantes da sociedade. 
Dos casais desempregados aos estivadores. 
Dos estudantes e crianças internadas em hospitais, que espelham fome aos polícias e militares que apoiam o tráfico de droga e de armas. 
Portugal está à beira do abismo, dizem certos observadores. 
Diremos, que já caiu bem no fundo...



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