terça-feira, 25 de maio de 2010

Hoje, estou com África

Hoje é o dia de África!
Ou seja, um dia dedicado a lembrar que, apesar da cor diferente da pele dos que habitam essas terras, designadas por “África”, existe ainda muito para fazer,ou mesmo quase tudo, a fim de poderem lidar correctamente com os povos e culturas que partilham esses países.
Infelizmente continua a haver descriminação um pouco por todo o lado… segundo um relatório da ONU, a primeira coisa a fazer é deixarem de usar o termo “minorias visíveis”, um termo bastante comum para definir pessoas sujeitas a descriminações, embora essa mesma terminologia seja igualmente discriminatória.
Infelizmente as pessoas são identificadas por estereótipos e isso vem já desde o berço. A começar pelas escolas, no mercado do trabalho, na vida social, nos lugares públicos, nas referências religiosas e artísticas, políticas e até desportivas, são analisadas e estudadas conforme a visão dos que podem e mandam.
O ser humano cada vez mais se vai destacando pelas suas atitudes negativas, uma vez que o preconceito está bem arreigado no seu instinto de “superioridade” perante a cor da pele dos mais vulneráveis.
Tenho observado várias atitudes racistas nos aeroportos e, principalmente na fronteira da Macau/China com perguntas e demoras absolutamente desconcertante e… racistas! As pessoas de pele escura, são ali humilhadas por olhares cortantes dos funcionários, mostrando um desprezo olímpico por um ser que é “culpado" em ter uma cor diferente da sua.Mas porque não nos podemos dar todos como irmãos? Porque não pode ser incluída na educação de uma criança, que o "outro" só é diferente porque a sua pigmentação é própria para defender-se do sol de África? Que esse ser tem os mesmos sofrimentos, sonhos e direitos?
Ah, se fosse possível um negro despir a sua pele e emprestá-la a um xenófobo, para que este tivesse a oportunidade de viver as mesmas situações ultrajantes, o mundo seria diferente, sim! Infelizmente isso não é possível, mas aqui fica o meu voto neste dia especial: para uma sociedade mais forte e salutar, não se deixe influenciar pela mediocridade, respeite para ser respeitado e não se julgue superior porque teve a “sorte” de nascer com uma pele mais clara que a do seu semelhante.

BATUQUE D’ÁFRICA
Batuque velho, envelhecido no tempo
Batuque envelhecido no tempo velho
É o batuque que foi sempre no tempo ido.

Quando negro nasce na floresta virgem,
A alegria da aldeia no ar atinge
Com batuque velho que anunciou a nova
É no tam-tam que se reúnem os velhos
Tocou assim batuque velho de sempre
Tocou assim quando velhos nasceram sempre
Tocou sempre assim nos acontecimentos de sempre
Tocou assim na floresta virgem da Àfrica misteriosa.

Batuque velho, no tempo envelhecido
Batuque velho, na África negra misteriosa...
Batuque do pensamento velho na tradição velha;
Batuque da velha cultura no pensamento velho;
Criança adulta, entra na sociedade adulta;
Circuncisão velha, na tradição da cultura velha.

Batuque velho, acompanha natalidade e maturidade;
A dor! Batuque velho abafa! É crescimento...
Mancebo constitui família e avança,
Avança na sociedade e no tempo;
É o velho batuque envelhecido no tempo;
Saúda mais uma família e se reúnem os velhos.

Quando o tempo envelhecer o homem no tempo,
É o tam-tam que lhe descobre a doença,
É o velho batuque que afasta a moléstia,
Num tam-tam frenético que supera o tempo!

Jonas Savimbi
Cuando Cubango, 1977

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