
No sábado, dia 12 de Março, milhares de pessoas saíram à rua em várias cidades de Portugal. O movimento de protesto, definido como "apartidário, laico e pacífico", reivindica o direito ao emprego, o fim da precariedade, a melhoria das condições de trabalho e o reconhecimento das qualificações.

Transformaram assim o "protesto da geração à rasca", convocado pela internet através do "facebook", num manifesto nacional, onde aderiram, não só a geração mais jovem a reclamar pelo seu futuro, como pessoas de todas as idades, expressando-se livremente, sem condicionamentos, que ostentavam cartazes caseiros, onde se podiam ler as mais diversas críticas aos governantes, que são acusados de só proferir "mentiras" e criar "embustes.

Estamos de luto por Portugal", explicava um dos muitos que não quiseram identificar-se. E houve grupos sem nome. Muitos. Sobretudo grupos de amigos, que puxaram pela imaginação.

"Os Homens da Luta" que, no sábado anterior tinham vencido o Festival da Canção com a canção "A luta é alegria", juntaram-se à manifestação!
Chegaram numa carrinha ao Marquês de Pombal em Lisboa, com muita música. E assim, os manifestantes iniciaram de forma pacífica o desfile pela Av. da Liberdade, até ao Rossio, com um cordão de gente que nunca parou de crescer.
O desfile foi animado com palavras de ordem como “com precariedade não há liberdade”, “fora com os ladrões”, “Portugal, Portugal, agora é que estás mal”, “O povo unido, não precisa de partido” e muitos outros gritava os slogans que tinham preparado antes: "Deixa passar/deixa passar/eu sou precário e o mundo vou mudar."

E os milhares que o seguiam repetiam. Novos e velhos, faziam questão de sublinhar:
-"As pessoas identificaram-se com este protesto. Há pessoas de 50 anos a serem eliminadas pelas empresas, para serem substituídas por jovens, que são mais baratos e que ficam em situação precária."
O vídeo neste endereço electrónico:
http://www.youtube.com/watch?v=cypkcLWCyKA&feature=related
Depois do sucesso desta manifestação da “Geração à Rasca”, os organizadores do protesto, decidiram criar um novo espaço de debate no Facebook. Chama-se “Fórum das gerações" e já tem mais de três mil aderentes.
9 comentários:
Há muitas palavras para descrever aquilo que saiu à rua, em Portugal. POVO, LIBERDADE, LUTA, INDIGNAÇÃO, PROTESTO, CENSURA JUVENTUDE por todo o lado, inconformada, revoltada, construtiva. Várias gerações que se cruzaram. A geração que lutou antes d...o 25 de Abril, solidária, firme e orgulhosa... Portugal continua a provar que é um povo pacato, digno, sem recorrer à violência.
Ana
Existe uma geração à rasca? Existe mais do que uma! Certamente! Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações. A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo. Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
Novos e velhos, todos estamos à rasca. Apesar do tudo, eu tenho mesmo é pena destes jovens. E até porque a culpa não é deles. A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor... Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego. A vaquinha emagreceu, feneceu, secou. E agora, a revolta!
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e todo o resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade,nem dos qualquer coisa phones ou pads, sempre de última geração.
Depois é aquilo que se sabe...
É que não percebo mesmo qual o problema desta "geração à rasca"
O meu pai e tios fizeram bolas de carvão e venderam copos de vinho.
Eu, que sou Informático, System Engineer, em alturas de aperto, vendi bolos, calças de ganga, trabalhei em cafés, etc.
E garanto-vos que sou hoje muito melhor e mais reconhecido socialmente do que se sempre tivesse tido a papinha toda feita.
Geração à rasca ?
Vão trabalhar que isso passa.
À rasca, mesmo à rasca, também já tenho estado.
Mas vou à casa de banho e passa-me.
Este último comentário até dá vontade de rir para não chorar...
Os seus tios nessa altura quando trabalhavam, pagavam-lhe o ordenado, né? Pois meus amigo, eu já tentei alguns empregos e, chegava ao fim do mês e em vez de ordenado, só desculpas e adiamentos e em dois deles ainda estou à espera que me paguem. Olhe, você fala de papo cheio porque viveu noutra época e se calhar até tem sorte com o seu emprego, mas as empresas de há uns anos a esta parte, está cheia de patrões vigaristas que não pagam aos empregados porque... NÃO HÁ LEI QUE OS OBRIGUE A PAGAR, percebe ou que que faço um desenho?
É possivel que haja muito menina por aí da mamã, mas outros querem trabalhar e não lhes pagam ou pagam uma miséria que nem para p passe dá. Vá-se catar mas é!!!
Pois eu acho que o problema desta "geração à rasca", porque tudo lhes foi sendo oferecido.
Habituados, ou mal habituados a pensarem que lhes bastaria um canudo de um qualquer curso dito superior para terem garantida a eterna e fácil prosperidade.
Sentem-se desiludidos,coitados!
E a culpa desta desilusão é dos "papás" que os convenceram que a vida é um mar de rosas. Mas não é. Portanto, está na altura de aprenderem a ser humildes. É altura de fazerem opções. Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não encontram emprego "digno", é por isso que andam à "rasca"!
Portugal está falido, mas continuam a viver à grande à custa dos empréstimos dos outros países. Há mudanças sim, para pior, face à desigualdades desta geração que protesta, traduzidas num futuro sem saída para estes jovens, devido ao endividamento provocados pela má gestão das contas públicas. Mudam-se os politicas e derigentes, mas o "cheiro" é cada vez mais pestilento!
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