
Uma vez em Cantão, (Guangdong), decidimos visitar a cidade de Foshan que fica no distrito de Shiwan, conhecido desde a dinastia Ming, como a capital da cerâmica do Sul, e que fica a 25 quilómetros para sudeste de Cantão, contando, actualmente, com sete, das 12 maiores empresas de cerâmica para a construção civil existentes na China.
O nome de "Foshan" que, traduzido significa "colina do Buda", apareceu na dinastia Tang (618-907) quando foram descobertas na colina da povoação Ji Hua Xiang, três estátuas do Buda deixadas por um monge.
E assim, percorremos a estrada recortada por canais, paisagem de bananais, casas castanhas, culturas e mais culturas, até chegarmos à cidade, que regista uma longa história na produção da cerâmica.
À semelhança do que sucede noutras cidades da China, também aqui o trânsito, a publicidade e a multidão são intensos, no entanto é o seu centro histórico, com os seus monumentos e a arquitectura que são, sempre, os predilectos para as câmaras fotográficas dos turistas que, como eu, se entusiasmam com esta cultura.
Esta é a entrada da fábrica de esculturas figurativas, peças artísticas, onde é feita a recriação de peças antigas, estátuas, utensílios de culto e frontarias.


A fábrica está dividida em diversos estúdios, onde cada um tem a sua especialidade.

É feito o molde com gesso e outras misturas e mais tarde, depois de seco, são descoladas as figuras de vários tamanhos e feitios...


Depois de saírem dos moldes, os pormenores tais como as barbas, pregas dos fatos, acessórios nas mãos dos bonecos,etc., são feitos manualmente.


Esta é a fase da pintura em série. As figuras seguem depois para o forno.


Este é o forno que, segundo nos disse o guia, tem mais de seiscentos anos. Tem vários níveis, patamares ligados por túneis que obliquamente em rampa, encaminham o calor do forno, feito com lenha para as diferentes câmaras. Colocam-se as peças separadas dentro dos cilindros de barro, para evitar que, se alguma estoirar, danifique as outras. O forno tem três câmaras, cada uma com diferentes temperaturas de cozedura, o que permite os efeitos desejados nos vidrados.

Em visita guiada entrámos no museu da fábrica onde nos foi explicada a técnica tradicional da cozedura e a História da Cerâmica da região. Falam-nos de um outro forno a gasóleo, mais fácil de manusear que, actualmente, é controlado por computador.
Após muitas experiências, tem havido uma grande evolução nos vidrados, começando, assim, a aparecer os brancos e uma grande gama de cores que evoluíram, surgindo peças que parecem de porcelana.

Repare-se na perfeição desta figura, parece de porcelana!


Aqui está uma mesa com os banquinhos e um elaborado painel, tudo em cerâmica, que, os mestres dos fornos, com a sua vasta experiência, conseguem resultados admiráveis como estes aqui expostos.

Esta belissima jarra, com um metro e setenta, (mais alta que eu...), tem uma história:- no reinado do imperador Qianlong (1735-1796) os artesão eram tantos que cada um começou a especializar-se e depois a organizaram-se em cooperativas. Uma delas, a "cooperativa dos produtores de potes de flores", cuja especialidade era o fabrico de vasos, jarras de grandes dimensões e telhas ornamentais, mostra através da peça, aqui exposta, a beleza do seu espantoso e elaborado trabalho em relevo e cor. Só apetecia levá-la para casa!





Aspecto das peças em cerâmica, à venda na loja à saída da fábrica. Há uma grande colecção de esculturas figurativas de Shiwan, algumas encontram-se no Museu de Arte de Macau, que conta com cerca de 300 peças. São obras de arte, de famosos escultores, muito admiradas pelo seu realismo e perfeição.


Este é o encantador jardim que circunda toda a fábrica. A filosofia chinesa afirma que o corpo, a mente e o ambiente externo se influenciam mutuamente e por isso é preciso recrear um ambiente de ar puro, para manter a saúde e a paz espiritual.
De facto, neste lugar, o silêncio, a água e o verde das árvores, trazem-nos um sentimento de paz e relaxamento ao contemplarmos toda aquela beleza, tão caracteristica em qualquer recanto da China.

Um dos recantos do jardim...

E chegou a hora do almoço! Foi-nos servida uma excelente refeição no restaurante de um hotel, e, a pedido do nosso guia (e motorista, que se vê aqui na foto), foram incluídos pratos típicos regionais desta zona. O nosso guia garantiu-nos que era necessário um alimento abundante e nutritivo para nos abastecer de energia essencial, para podermos prosseguir no nosso "tour" e, de facto, tivemos um dia bastante intenso...
Depois do almoço, fomos visitar o "jardim residência" da Família Liang, que eram poetas e pintores famosos nesta cidade, mas essa história ficará para um outro dia.