Dos santos populares de Junho, o dia 24 foi consagrado a São João Baptista, por ser a data do seu nascimento sendo que é também o mais festejado na Europa – João, Joan, Jean, John, Iván, Sean, consoante o país onde a festa aconteça, mas apesar de ser o padroeiro de muitas terras, na noite de São João, a cidade do Porto é a que conserva grande parte da sua tradição original, porque são de inspiração bastante mais pagã, que as festas em louvor de Santo António ou mesmo de São Pedro.
S. João tripeiro, é uma grande manifestação de massas, eminentemente festiva, de puro cariz popular e que dura toda uma noite, com uma cidade inteira na rua, em alegre e fraterno convívio colectivo.
As ruas são enfeitadas do norte ao sul, S. João é festejado com alegria, as pessoas esquecem por uma noite os seus problemas e passeiam com os martelos de plástico, compram manjerico e comem sardinha assada, aliás, é com uma boa sardinhada e um bom caldo verde que começa a farra!
Fazer subir balões confeccionados com papéis de várias cores que passeiam no ar como festa de São João, dá inicio às festas do Verão, daí as fogueiras e todas as "loucuras" da noite deste santo popular.
Os restaurantes e tasquinhas das zonas populares, enchem-se para saborear pratos especiais como o carneiro ou cabrito do norte, caldeiradas de peixe no litoral, uns bolos chamados “capelas de São João” no Alentejo, bonecos com o formato do Santo, no Algarve.
Arraial de S. João em MACAU
A tradição do arraial, em honra de S. João Baptista, padroeiro da cidade de Macau, cumpriu mais uma vez este ano os seus festejos, no Bairro de S. Lázaro, alegremente enfeitado, trazendo assim, uma das tradições portuguesas mais populares, a este cantinho do mundo.
Este ano, felizmente sem chuva, o sol esteve sempre presente, durante todo o fim de semana. A rua encheu-se de gente de todas as etnias vivenciadas em Macau, para conviver e provar as especialidades das diversas tendinhas.
Ao longo da rua, barraquinhas de artesanato, fizeram as delicias dos visitantes, que aproveitaram para comprar algumas lembranças.
É claro que não podiam faltar as sardinhas, em arraial que se preze! Apesar de carotas (25 patacas/cada), muitas pessoas não resistiram em comprar e comê-las em cima de uma fatia de broa, que tem um sabor diferente naquele ambiente alegre e festivo.
Principalmente alguns chineses, atraidos pela música e pela multidão, chegaram, sentaram-se, apreciaram o ambiente, provaram as sardinhas, sangria e cerveja.
Pelo ar sorridente e satisfeito destes visitantes, a festa está aprovada!
Os dois ranchos folclóricos alternaram-se este fim de semana, deixando no ar as cantigas regionais bem portuguesas, que trouxeram lembranças e saudades a quem as ouviu... A zona de S. Lázaro, tem também um espaço cultural no Albergue SCM, onde se tem organizado diversas actividades durante todo o ano. Neste momento, estão patentes duas exposições.
Uma delas, a exposição autobiográfica do Arquitecto Francisco Figueira (1934-2009), que foi um grande defensor do património cultural, arquitectónico, urbanístico e paisagístico desta terra.
É bom Macau ter memórias, ter história e ser tão rico em termos identitários, que para isso, contribuiram muitos filhos da terra, naturais ou adoptivos, através deste espaço que conjuntamente habitamos.
A outra exposição, é a de azulejaria portuguesa. Em Novembro de 2010 o Albergue SCM, desenvolveu o 1.º Curso de Azulajeria para dar a conhecer novas técnicas de pintura em ajulejo e a sua importância estética na integração da arquitectura.
Portanto aqui temos a exposição de azulejos portugueses, um trabalho executado durante o curso, onde foram conservadas as técnicas tradicionais, numa nova vertente criativa da azulajeria. Junto à Igreja de S. Lázaro, foi montado um palco, onde desfilaram canções, as danças e cantares dos ranchos folclóricos e aqui temos estes artistas de palmo e meio, do Jardim Infantil D. José da Costa Nunes, que encantaram os presentes com canções populares muito bem ensaiadas.
A HISTÓRIA do Padroeiro de Macau
O dia 24 de Junho, consagrado a S. João Baptista, foi instituído desde 1622, (até 1999), e comemorado oficialmente como Dia da Cidade de Macau, estabelecido pelo Senado, para lembrar o milagre da vitória sobre os holandeses, porque na época, estava desprovido de gente e de defesa. Na altura dos acontecimentos, não tinha muralhas de defesa e havia apenas 200 homens, com alguma competência a pegar em armas.
A esquadra holandesa, era composta por 15 navios, dois deles ingleses. Quando cerca de 800 homens desembarcam, invadindo a estrada de Cacilhas e começam a subir para o monte da Guia, lá do alto, os jesuítas disparam três bombardas para a frota inimiga. Uma das bombas cai no navio paiol que se incendiou, ferindo e matando membros da guarnição. Seguiu-se uma enorme confusão, as cargas de fogo dos poucos homens que se equiparam para defender a subida da Guia, resultou na retirada dos holandeses, deixando caídos por terra, metade dos homens que haviam cercado a pequena cidade de Macau.
Desde então, o Senado e o povo passaram a comemorar o dia 24 de Junho, dedicado ao seu padroeiro, S. João Baptista, assim, a cidade enchia-se de alegria e animação. Estas festas passaram por várias fases de organização e locais, até que, em 2007, por vontade de algumas associações de matriz portuguesa, começou a fazer-se o “arraial” propriamente dito, sendo escolhido o Bairro de S. Lázaro, local bem no centro de Macau, onde as ruas, com a sua "calçada à portuguesa", lembram outras ruas dos nossos bairros portugueses, onde nos sentimos "em casa".
E assim, neste últimos três anos, o arraial fixou-se neste Bairro, com venda de artesanato, actuação de ranchos folclóricos, petiscos regionais portugueses, onde não faltam as sardinhas, bifanas e caldo verde, entre outros petiscos.
Meu querido São João
És um Santo popular
Traz teu arco e balão
Vem com o povo dançar!
Aproveitem bem esta noite...
Fica fresco quem se afoita e regala o coração
Quem se banhe à meia-noite
Na noite de São João
Delicados pés pisaram
Rosmaninhos pelo chão
Muitos corações amaram
Na noite de São João
São João seria bom santo
se não fora tão gaiato
levava as moças para a fonte
iam três e... vinham quatro.
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