domingo, 7 de junho de 2009

A Ópera Chinesa e as Máscaras



No mês passado, tivemos, aqui, no Grande Auditório do Centro Cultural um dos espectáculos mais esperados da edição do Festival de Artes: Mulheres General da Família Yang, uma ópera no estilo Qinqiang, que chegou para revelar a Macau os segredos daquele que constitui o mais antigo e influente sistema musical de entre o extensíssimo leque de óperas chinesas.



Os cenários, os figurantes, os trajes e as máscaras, deram ao espectáculo algo de grandioso e impressionante que nos deixou, ali, fascinados durante todo o tempo do espectáculo.
Principalmente o que mais desperta a atenção, são as máscaras da ópera chinesa: muito coloridas e com motivos variados, constituindo, assim, um dos objectos de valor artístico intrínseco. É através das variações decorativas que lhes são características que estas máscaras nos revelam o temperamento, as qualidades ou defeitos de carácter dos personagens, que pisam os palcos nas óperas tradicionais da China.



As máscaras surgiram como uma derivação dos rostos maquilhados dos artistas da dinastia Song, do século X. Após uma longa prática, os actores sistematizaram, gradualmente, os motivos, estabelecendo fórmulas fixas, assim chegando às actuais máscaras. A ópera de Pequim é a mais conhecida na China, pois concentra todas as características das óperas de todos os lugares do país. Os papéis dividem-se em quatro grandes géneros, e as máscaras podem dar a perceber, exactamente, cada um.



Porque se usam máscaras? Qual o seu valor artístico? Alguns estudiosos afirmam que estas têm (talvez) cinco funções.
A ópera chinesa, é uma arte que se popularizou através do refinar e do cristalizar das suas características, e, é, com base neste processo, que a sua popularidade tem lugar e o seu nível artístico se eleva. Esta arte serve todas as camadas, desde o intelectual ao operário, passando pelo camponês, soldado, comerciante, dona-de-casa, velhos e crianças.
A ópera tem as suas origens e está enraizada no povo, para quem constitui um alimento espiritual.
Em primeiro lugar, pela forma imediata dos seus meios de expressão, que não pedem grande compreensão.
O espírito da ópera, no entanto, conduz à meditação e reflexão, processos estes que vão permitir diferenciar o belo do feio, o mal do bem, e vão fazer reflectir, nomeadamente, sobre o modo como os personagens, bons e maus, se vão comportar e como se desenvolvem os seus pensamentos e atitudes, correcta ou incorrectamente, este é, aliás, o resultado artístico da ópera.



Os personagens no palco têm que ser claros e notáveis para os espectadores. Os quatro papéis e a caracterização de cada um, respondem pois a estas exigências.
Deve-se destacar exageradamente o semblante, uma vez que o carácter e as qualidades dos personagens é para serem reveladas. E assim aparecem as máscaras que, muitas delas, nasceram de lendas populares tradicionais da China, romances ou contos narrativos, conforme as lendas.
Entre os personagens do romance dos Três Reinos, Guan Yu, general do Reino Shu, tem a cara vermelha escura, os olhos amendoados e as sobrancelhas carregadas.
Zhang Fei, outro general do mesmo reino, tem a cabeça grande, os olhos redondos, cara negra, barbas grossas e espessas.
O estrategista militar Cao Cao, do Reino Wei, tem as sobrancelhas e os olhos rasgados e a cara branca.
Bao Zheng, um honesto funcionário da dianastia Song, tem uma cara negra brilhante, mostrando o espírito da honestidade.
Este tipo de descrições bastante exageradas assim como as lendas, vão-se mantendo ao longo dos anos.



Obedecendo à necessidade do imediato, os actores de ópera, quando apresentam certos personagens, maquilham-se sempre conforme a sua descrição na tradição popular oral ou escrita, e, é através das máscaras, que revelam o carácter dos personagens e transmitem aos espectadores uma mensagem, segundo os códigos que são do conhecimento geral, saídos da história.

5 comentários:

Anónimo disse...

Definitivamente o meu yahoo não quer nada com o teu blog. Não consigo entrar com a minha identificação, mas já sabes que sou eu, né?
Olha, achei esta história das máscaras muito gira, gosto de saber coisas sobre a cultura chinesa.
Beijinhos.
Inês

Anónimo disse...

Em tempos comprei um quadro que tinha 4 máscaras chinesas, porque achei fora do vulgar e por ser muito colorido. Agora percebo o que querem dizer.
Beijocas.
Filipa Santos

Anónimo disse...

Esimada Amiga e Ilustre Romancista IRENE,
É com imenso prazer que seus belos artigos, embora seja conhecedor dos temas que geralmente apresenta, para muitos dos outros leitores é novidade e através deles, vão eneiquecendo os seus conhecimentos, sobre esta parte do globo.
Tive em tempos muitas dessas máscaras, chinesas e outras tailandesas que deixei ficar em Portugal, a colec'~ao estava enrequedida com mascaras de Veneza.
Quanto à ópera, embora sejam espectáculos maravilhosos, não sou seu apreciador, embora já tenha assistido a muitos, adormeceu no meio do programa.
Adorei como sempre.
António Cambeta

Anónimo disse...

Olá, continuo a gostar muito de tudo o que escreve e da forma simples como o faz. Agora é interessante ver que há sempre "alguém" que, nos comentários que faz, já sabe "tudo" e que já viu "tudo", mas não consegue ficar calado em vez de ...!
Espero que os seus temas escolhidos, continuem sempre belos e agradáveis.
Os meus sinceros cumprimentos por tudo aquilo que nos vai transmitindo com tanta alegria.

Anónimo disse...

COMO GOSTO DE SABER O PORQUE DAS COISAS E BOM HAVER PESSOAS COMO A IRENE, QUE....APESAR DE SABER GOSTA DE PARTILHAR. E LOGICO QUE NESTE UNIVERSO DA INTERNET (blog's) acha sempre quem saiba... mas, como saber nao ocupa lugar estou convencida de que fica sempre mais alguma informacao. CONTINUA.....!!!! Mariaa