terça-feira, 23 de junho de 2009

Os leques (orientais)

O leque chinês concentrou ao longo do tempo a essência da cultura chinesa. A arte embutida no seu fabrico e na sua estética, nutre desta forma, a sabedoria milenar chinesa que ainda é usada por exemplo na dança tradicional chinesa.
Os leques começaram a ser fabricados na China há 3 mil anos. Os antepassados chineses utilizavam penas, bambu e seda na sua confecção.

Posteriormente, com o desenvolvimento da indústria do papel, este substituiu outras matérias primas empregues para cobrir a sua superfície.
Em 1975, numa tumba recém descoberta no distrito de Jin Tan, na Província de Jiangsu, foi desenterrado um leque com a superfície em papel e um cabo móvel de laca talhada.
Desde a dinastia Song, no século XXI, a China começou a produzir leques dobráveis em grande escala. As superfícies mais empregues, eram as de papel.
Além do seu uso prático, também servia como artesanato. Os literados chineses gostavam de escrever poemas e pintar os leques e oferecê-los depois de presente aos amigos ou à mulher amada.
No século XVIII, a obra "Leque da Flor dos Pessegueiros" criada pelo dramaturgo mais conhecido da China, Kong Shangren, descreve um romance que envolve um leque como tema principal.
Na obra clássica "O Sonho do Pavilhão Vermelho", também há poemas em homenagem aos leques. Até hoje, nas áreas rurais do Sul da China, as mulheres expressam o seu amor através de leques fabricados a partir do caule do trigo.
Nas zonas rurais da China, quando uma mulher se apaixona, constroi um leque e aguarda a chegada do verão para entregar nessa altura à pessoa desejada, onde mostra que ela deposita o seu amor e esperança através do leque.

Na primeira Festa dos Barcos Dragão, após o casamento, a família da jovem visita a filha levando presentes e, entre estes, o leque de caule de trigo é indispensável na casa dos recém-casados.
O número de leques pode variar entre 20 a 100. Estes leques serão entregues aos parentes do marido, a fim de manifestarem respeito e amizade.
Além do uso quotidiano, o leque também servia como objecto de honra nas cortes. Um leque de dois mil anos de história, descoberto nas ruínas de Mawang, em Changsha, Capital da Província do Hunan, testemunha isso.

O leque mede 1.76 m de altura e era sustentado por um escravo ou vassalo, que tinha duas funções: por um lado, servia como uma sombrinha; por outro, simbolizava o status social do seu dono.

Actualmente, com o avanço da tecnologia e a mudança estética das pessoas, surgiram outros tipos de leques que podem ser feitos de plástico, automáticos, multifuncionais etc.
A vida moderna faz com que a função original do leque, a de nos refrescarmos abanando esse objecto, tem tendência em diminuir ainda mais.

Porém, como peça de arte e decoração, ele está e continuará na moda. Podemos encontrá-los espalhados em todas as metrópoles, feitos a partir de vários materiais e continua a ter a sua utilidade nos dias de calor, viajando na mala das senhoras de todos os continentes.
Fonte: adaptado da Rádio Internacional da China

8 comentários:

Anónimo disse...

ORA AQUI ESTA MAIS UM PEQUENO TEXTO COMO DEVEM SE (A M/VER) OS BLOGS, MAS COM MUITO INTERESSE. E QUE TAL UM ARTIGO S/OS LEQUES ESPANHOIS......
FICA A SUGESTAO. BEIJOCAS

Mariaa

Anónimo disse...

Ah sim, há uma história para contar sobre os leques espanhois, esperamos que um dia destes a nossa amiga se disponha a publicar.
jinhos
Filipa Santos

Anónimo disse...

Olhe que falta mencionar que os leques também são usados na prática do Tai Shi Chuan...uma falha imperdoável para quem publica tanta coisa sobre os usos orientais!

Anónimo disse...

Adoro leques! Tenho na minha sala um bem gigantão que lhe dá um ar alegre e colorido.
Obrigada amiga, é sempre um prazer passar pelo teu blog porque aprendemos sempre imensas coisas contigo. Há gente que nunca está satisfeita, mas para esses: baaahhhhh!!!
Beijinhos
Ana Simões

Irene Fernandes Abreu disse...

Olá amigas!
É bem certo que faço os possiveis por escrever os meus temas buscando o máximo de informações, mas há certas falhas, para as quais peço desculpa.
Quanto aos leques espanhóis, devem ter decerto uma história interessante, mas como vivo na China, interessei-me pela sua história...
Obrigada pela vossa visita e pelo vosso carinho.
\Beijos para todos/as

O Espírito do Tai Chi disse...

Amiga Irene,

Que belo e curioso artigo com que nos resolveste presentear.

Obrigado,

António Serra

Irene Fernandes Abreu disse...

A todos os que aqui passaram, aqui fica o meu obrigado pelo vosso carinho.

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Quando cheguei a Macau, nos anos 60,ainda não havia aparelhos de ar condicionado, as ventoinhas essas eram as rainhas que rivalizavam com os inumeros leques de todos os tipos e feitios que a população de Macau usava, não era um previlégio dos chineses, pois quando o calor apertava, até os funcionários públicos em suas repartições deles faziam uso, e eu não fui excepção.
Hoje em dia o leque é mais um objecto de arte, um adorno em festevidades chinesas, ou então na prática do Tai Chi.
Um abraço amigo
Tói Cambeta