O dragão foi, e continua a ser, uma criatura de mitos e lendas ao longo dos séculos em todo o mundo. No seu livro, View Over Atlantis (1969), John Michell diz: - "Em todos os continentes do mundo, o dragão representa principalmente o princípio da fecundidade.
A criação da terra e o aparecimento da vida surge como resultado de uma combinação de elementos. A primeira célula viva, nasceu fora da terra, fertilizada no céu pelo vento e pela água. A partir desta união do yin e do yang nasceu a semente, que produziu o dragão.”
Não é difícil concluir que, muito mais que o unicórnio, a fénix ou os centauros, o Dragão é o ser fantástico mais presente em mitos, lendas e ficção. Do ponto de vista simbólico podemos até dizer que o dragão representa o nosso próprio fogo interior, que algumas tradições esotéricas chamam de “kundalini”, o fogo serpentino que se acredita ser a fonte da criatividade e da sexualidade no ser humano.
Não existem limites para a aparição de dragões na literatura. Animais ou seres racionais superiores, senhores da chuva ou lançadores de fogo, as suas histórias vão continuar a encantar-nos por muitos séculos.
Aqui ficam duas pequenas histórias chinesas, contadas através dos tempos:
O ADORADOR DE DRAGÕES
Havia um homem, de nome Yegong que adorava dragões. Quem fosse à sua casa, ficava sem dúvidas a respeito dessa admiração, pois por todo o lado havia imagens de dragões, nas paredes, nas roupas, nas loiças, nos móveis e até nos tectos. É que não havia mesmo uma porta ou coluna que não tivesse um dragão esculpido.
Ao tomar conhecimento desta paixão, o verdadeiro dragão ficou tão sensibilizado e vaidoso com Yegong que resolveu retribuir-lhe a amabilidade com uma visita. Preparou-se, perfumou-se com as melhores essências celestiais e desceu à Terra, rumo à casa do seu admirador.
Para que a surpresa fosse maior, o dragão achou por bem entrar pela janela. Apenas tinha metade da cabeça dentro da janela, já Yegong, apavorado, gritava e tremia, acabando por fugir para a rua numa gritaria infernal. O pobre dragão regressou a casa, numa tristeza enorme e, até hoje, nunca mais apareceu em carne e osso a qualquer humano.
UMA GRANDE FAMÍLIA DE DRAGÕES
Conta a lenda chinesa que existem quatro dragões, que vivem sobre a protecção dos deuses: Tien-lung, o dragão celestial;
Shen-lung, o dragão espiritual, responsável pelas chuvas e ventos;
Ti-lung, o dragão que controla os rios e as águas na Terra;
Futs-lung, o dragão dos subterrâneos, que guarda pedras e metais preciosos.
Há também mais quatro dragões ligados aos rios, conforme a região (norte, sul, leste e oeste) e o comandante dos dragões, que controlam os rios, que se chama ”o grande Chien-Tang”. Ele possui um corpo cor de sangue vermelho, uma juba de fogo e 900 pés de comprimento.
Um dos dragões, é pai de 9 filhos com características muito especiais. São eles:
Haoxian, que é um dragão imprudente;
Yazi, valente e belicoso (normalmente é representado na decoração das bainhas de espadas e punhais);
Chiwen, que está sempre a olhar para o horizonte (pode decorar pináculos);
Pulao, que gosta de rugir (aparece em representações de sinos);
Bixi, que gosta da companhia de outros seres;
Quiniu, que gosta de música e é normalmente representado em instrumentos de cordas;
Suanmi, que gosta de fumo e fogo e é representado nos queimadores de incenso;
Jiaotu, que vive enrolado como um caracol e pode ser utilizado na decoração de portas.
Ora todos eles comem muito bem e sandam sempre famintos por alimentos como bambu, leite, nata, carne de andorinha e outros alimentos inofensivos, pois normalmente não costumam devorar pessoas como consta por aí…
Ainda assim, a tradição diz ser arriscado andar de barco depois de eles terem comido carne de andorinhas, uma vez guiados pelo cheiro, podem fazer alguma confusão e seriam capazes de engolir uma pessoa inteira!
Seja como for, sempre que um humano aviste um dragão, será melhor não se mostrar, não vá ser confundido com uma andorinha…
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
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