
Depois passou a ser a minha vez, em todos os meus aniversários, a família e amigos, sabendo do meu gosto, escreviam-me um postalinho com imagens de meninas, flores ou animais a desejar-me um dia feliz e muitos anos de saúde.
Acredito que os objectos, neste caso, os postais, são capazes de contar extraordinárias e reveladoras histórias. Sobre um povo e os seus gostos peculiares, sobre uma sociedade e o seu contexto, sobre uma história, que é afinal, uma identidade comum.

Ao longo de todos estes anos, tenho guardado os postais que fui recebendo, que fui comprando, e, a maioria deles, estão metidos em caixas na minha casa de Portugal. Aguardam que um dia os meta em álbuns por temas, será um dos meus trabalhos prioritários, quando me reformar, penso eu...
Desde então aprendi a fantasiar através deles.

Ao olhar os postais encontro referências visuais de vários momentos vividos e sonhados em locais que me são gratos, que vivi com os meus pais e outros familiares já desaparecidos.




Por vezes, abro o envelope onde tenho um molhinho, aqui em Macau, e passo algum tempo a examiná-los. Não deixo de sorrir ao observar as "poses" das modelos, ou as paisagens de algumas cidades, que hoje já nem são uma sombra do que eram.

Das viagens que faço trago sempre vários postais: dos museus, pintura, desenho, poesia, poesia visual, animais, arquitectura, paisagens...
Guardo também muitos deles de locais que passei em Portugal outros, comprei porque achei bonitos:, Lisboa, Sintra, Setúbal, Sesimbra, Lagos, Águeda, Porto, Gouveia, Serra da Estrela, Viseu, Guarda, Coimbra, Madrid, Sevilha, Barcelona, Londres, Paris, e depois de começar a viver em Macau, vou comprando os de várias cidades. Nestas viagens cheias de bons momentos, ao olhar para os postais, elas ficam para sempre na nossa memória afectiva. E os postais também são uma pequena parte dessa alegria.

É interessante ter vários tipos de postais de arte, quer de pintura, de artesanato ou mesmo de vestes tradicionais de vários países, incluindo o nosso.

E, porque conhecemos – como não? – o infinito poder da saudade, outorgamos também aos postais esse condão mágico de, como uma certa madalena, acordar sensações e lembranças em cada um de nós. Revelar-nos portanto.
Coleccionar postais é um acto de prazer, aprendizado e de memória, que podem ser passados aos nossos descendentes, como uma herança do passado e das nossas raizes.
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