domingo, 8 de janeiro de 2012
O declínio do nosso cérebro...
Para todos os "mais jovens" que frequentemente se esquecem do nome de alguém ou de um número, que antes ditavam de cor e sem esforço, era fácil acreditar que o declínio do cérebro só começava aos 60 anos. Porém, uma equipa de cientistas liderada por Archana Singh-Manoux, do Centro de Investigação de Epidemiologia e Saúde Populacional, em França e do University College London, no Reino Unido, publicou um artigo no British Medical Journal (BMJ) que fortalece esta suspeita, antecipando o princípio da deterioração das nossas capacidades cognitivas para os 45 anos.
Durante um período de dez anos, entre 1997 e 2007, 5,2 mil homens e 2,2 mil mulheres entre os 45 e os 70 anos foram submetidos três vezes a vários tipos de testes. Entre outros desafios às capacidades cognitivas e à memória, o desempenho dos participantes, todos funcionários públicos no Reino Unido, foi avaliado com problemas matemáticos e verbais e um teste de vocabulário. A verdade é que os investigadores concluíram que os cérebros de alguns dos participantes mais jovens - ou seja, aos 45 anos - já revelavam sinais de declínio.
HOMENS MAIS AFECTADOS
No prazo de uma década, os participantes com idades entre os 45 e 49 anos sofreram um declínio no raciocínio na ordem dos 3,6%.
Em idades mais avançadas, a diferença de género é mais clara com os homens entre os 65 e os 70 anos a mostrar uma perda de capacidades de 9,6%, e as mulheres da mesma idade, com um resultado de 7,4%. "Todos os resultados sobre as capacidades cognitivas, excepto o vocabulário, revelaram um declínio nas cinco categorias etárias (45-49, 50-54, 55-59, 60-64 e 65-70), com um evidente declínio mais rápido nos mais velhos", refere o artigo que conclui de forma clara: "O declínio cognitivo é já evidente na meia-idade (entre os 45 e 49 anos)".
Mais do que assinalar um triste marco nas nossas vidas, os resultados deste estudo podem vir a contribuir para as investigações relacionadas com diversas formas de demências, como a Doença de Alzheimer. Se os nossos cérebros se deteriorarem mais rápido podemos estar perante um maior risco de desenvolvermos uma demência quando formos mais velhos. E aqui surge a incontornável questão da prevenção.
No artigo do BMJ, os investigadores deixam algumas indicações sobre as possíveis formas de preservar os nossos cérebros. Assim, a adopção de um estilo de vida saudável e a diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares (obesidade, hipertensão, níveis elevados de colesterol, entre outros) poderá ter um efeito benéfico.
Artigo do jornal "O Público", 7/1/2012
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Na verdade, há décadas que se sabe que o máximo da capacidade cerebral é atingido por volta dos 27-28 anos, idade típica em que são realizadas as grandes descobertas na Matemática e na Física. Depois começa uma lenta degradação, porém compensada pelo aumento de conhecimento, pelo que em áreas onde o conhecimento é mais importante do que a capacidade cerebral pura, as grandes realizações são atingidas por volta dos 35anos. Depois dos 35 anos é sempre a decair, razão por que essa é a idade típica limite para as ofertas de emprego de exigência intelectual. A decadência é gradual, mas cumulativa, de modo que aos 55 já se sente bem. No entanto, e como o artigo diz, a inteligência verbal decai menos.
Na verdade as questões que se colocam, a intervalos de tempo, a um conjunto de pessoas, não as sensibilizam, a todas, da mesma forma.
O cérebro faz uma triagem sistemática das questões que interessam a cada um, e o que não interessa, é colocado numa espécie de "arquivo morto" para uma eventual consulta em situações futuras, por isso quando, três anos depois, se coloca uma questão que foi importante há três anos atrás, que entretanto deixou de o ser, é normal que o cérebro não reaja da mesma maneira, uma vez que essa questão deixou de ser importante.
O que se passa é um processo de evolução (de regressão também acontece, mas devido a lesões sofridas no próprio cérebro), que leva o individuo a privilegiar determinados aspectos em detrimento de outros, podendo até dizer-se que o cérebro tende a restringir o seu campo de acção, porque o individuo em questão já definiu o seu espaço, já sabe o que quer e o que pretende salvaguardar.
Um jovem não tem ainda um perfil elaborado, por isso armazena no cérebro grande quantidade de informação, que lhe permite responder a um amplo rol de situações novas que, sem conhecimento, não conseguiria resolver. Daí que, este estudo é mais um contributo à satisfação de quem o fez, pois encontrou nele os argumentos que ele próprio procurava, encontrou o que queria encontrar. O cérebro humano não definha, apenas se adapta aos interesses do momento.
Etiquetas:
Alzheimer,
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1 comentário:
Pior é que eu acho que isso já está começando a me afetar...
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