quinta-feira, 9 de abril de 2009

O amuleto


O mundo é um lugar perigoso para se viver, não apenas por causa daqueles que fazem mal, mas sim, por causa daqueles que têm poder e deixam o mal acontecer (Albert Einstein)

Em tempos, uma pessoa amiga ofereceu-me uma sapeca (moeda chinesa antiga) dizendo-me que era um amuleto contra os maus espíritos e que eu a devia trazer sempre comigo.
Debaixo da luz, rodo a moeda antiga entre os dedos, muito suavemente. Sinto-a leve, feita de uma liga de bronze temperada por uma amizade muito pesada. Embora sem valor comercial, para mim, tem um valor inestimável.
Não pelo objectivo com que ela me foi dada, tanto me faz que ela afaste ou não os maus espíritos, o seu valor, está no facto de ela simbolizar a amizade e um cuidado preocupado que uma amiga me dedica.
Pela janela aberta para as estrelas que sorriem ao longe, entra uma brisa que faz tilintar o meu sininho “espanta espíritos”, que me leva a pensar nos que são realmente maus e na forma de os combater.
Estamos sempre a ouvir histórias de pessoas apoquentadas por maus espíritos, mas a verdade é que também aparecem variadas formas de os combater, até porque já houve épocas em que o mundo sobrenatural levou a melhor ao mundo natural, que nos é contada através de lendas no meio de muita fantasia e que, aparentemente, já foram vencidos…
Agora só os espíritos maus da vida real, é que está realmente difícil de se lidar. Esses, é que estão a representar um perigo bem real para a humanidade e, para ver como eles actuam, basta folhear todos os dias os jornais diários, ouvir e ver os noticiários.
Os maus espíritos combatidos por forças e poderes sobrenaturais ou religiosos, não costumam associar-se para molestar as pessoas. Agora, os espíritos maus que são imunes às religiões, esses sim, estão organizados entre si e até conseguem arranjar seguidores que lhes propagam os ensinamentos e atacam indiscriminadamente os mais indefesos, esses são os piores e os mais perigosos.
Continuo a rodar a moeda/amuleto entre os meus dedos.
Entra agora pela janela um vento frio, que faz tocar desordenadamente o meu sininho, despertando-me destes pensamentos. Nas histórias tradicionais, este seria o momento típico para o aparecimento de um espírito. Coloco a moeda na caixinha e fico de novo a pensar que desejaria ter uma força mágica para me confrontar com os maus espíritos da vida real, aqueles contra os quais não há moeda, por mais antiga que seja, que me sirva de amuleto.

1 comentário:

Betha M. Costa disse...

Muito boa a crônica.Creio que amizade embutida na moeda é o talismã.Os bons sentimentos concentrados nela neutralizam tudo de negativo.Feliz Páscoa!
Bjins, Betha.