sábado, 25 de abril de 2009

Revolução de Abril


Estava grávida do meu primeiro filho, quando se deu a revolução dos cravos. Jamais esquecerei toda aquela agitação, o medo de uma guerra civil que, afinal, terminou em festa e com a distribuição dos famosos cravos vermelhos.
Volvidos 35 anos, quanta amargura, quanta desilusão... a competição continua em todos os sectores da sociedade.
Esta é a sociedade do homem pequeno e do homem rejeitado, que fica à margem, a dormir nas ruas. Esta é a sociedade dos condenados ao desemprego, aos salários de miséria, e daqueles que vivem à margem de tudo, de todos os direitos que um ser humano deve ter. O Estado não quer saber deles. Resta apenas a caridade. Mas a dignidade de um homem não se restitui com umas sopas. Esta é a sociedade da luta diária nos empregos pelo lugar, pela promoção, pela obediência ao chefe. Esta é a sociedade capitalista. A sociedade onde os macacos se agarram à maioria, à maioria da massa imbecilizada.
A maioria transmite-lhes segurança, mas as coisas começam a mudar. Sim, creio que sim, o que nos resta senão a esperança? Há manifestações anti-capitalistas em Londres, Paris, Berlim, Atenas. Não são só aumentos salariais que estão em causa. Está em causa o Homem, está em causa a Vida. A vida que não pode ser a vida dos economistas, do mercado, do dinheiro. A vida que não pode ser servilismo a nenhum deus. Daí o papel do amor como forma de resistência. O amor dos amantes, o amor louco, a fraternidade.
Amor, liberdade, revolução e poesia. Eis as palavras de ordem dos surrealistas.
Continuamos à espera... de melhores dias!
E, para recordar, aqui fica a "trova do vento que passa" de Manuel Alegre:

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país.
E o vento cala a desgraça
O vento nada me diz

Mas há sempre uma candeia
Dentro da própria desgraça
Há sempre alguém que semeia
Canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não.

4 comentários:

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimada Amiga Irene,

Um tema que envolveu todos os portugueses nos longiquos anos de 1974, tal como descrevi em meu blog estava em Portugal, Amadora nessa manhã do dia 25 de Abril.
Volvidos 35 anosm ganhamos DEMO cracia, mas vivemos em anarquia.
Estou plenamente de acorod com suas sábias palavras.
Um abraço amigo

Young Liberty disse...

Amiga,

...Contudo a esperança é a última a morrer.

25 de Abril... SEMPRE!...

Buck Jones

Unknown disse...

É pena que cada vez mais os que deviam dizer NÃO, digam Sim ou pior ainda,digam NIM.

Unknown disse...

O dia 25 de Abril de 1974 será, para mim, sempre uma das melhores memórias da minha vida...

Apesar de todos os ''acidentes de percurso'' que têm acontecido durante estes 35 anos, uns sociais outros políticos, alguns pessoais não consigo esquecer a emoção sentida por no meu país, termos liberdade de dizer e escrever o que pensamos e sentimos.

Que o 25 de Abril seja sempre festejado como um caminho aberto à liberdade, que a saibamos usar em prol do bem comum, não esquecendo de respeitar a liberdade dos outros.

Um abraço amigo para ti por manteres a esperança viva que há 35anos invadiu a minha alma.

manela