quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
A história do Sr. Palha
Esta, é a foto do Sr. Palha! Está na parede de uma importante firma de exportação de arroz, e os seus herdeiros contam com muito orgulho, como o seu parente se tornou num homem rico.
O Sr. Palha era um jovem que vivia sozinho desde criança, não tinha casa, nem mulher, nem filhos, vivia de trabalhos ocasionais e, em troca, davam-lhe comida e deixavam-no dormir nos celeiros ou num cantinho abrigado.
Era tão pobre que só tinha a roupa que, de vez em quando, alguém lhe dava. Alimentava-se mal e era tão magro como um fiapo de palha. Era por isso as pessoas lhe chamavam "Sr. Palha".
Mas a sua fé era a única coisa que ele possuía de seu e assim, todos os dias, o Sr. Palha ia rezar ao templo mais próximo, para pedir melhor sorte à Deusa da Fortuna. Um dia em que se concentrara mais que das outras vezes, ouviu uma voz a sussurrar-lhe: “a primeira coisa que tocares quando saíres do templo, vai trazer-te grande fortuna”.
Assustado, olhou em volta, mas viu que o templo estava vazio, só as figuras dos deuses é que o observavam na sua rigidez de estátuas. Pensou se estaria louco, ouvindo vozes ... e concluío, finalmente, que tinha adormecido por momentos e seria talvez um sonho.
Mas mesmo assim, com alguma esperança, resolveu correr para fora do templo, mas tropeçou e rebolou pelos degraus do templo até à rua.
Quando se levantou, reparou que tinha um fiapo de palha na mão e ao lembrar-se da voz que ouvira, mesmo pensando que não valia nada, resolveu guardá-lo. E lá seguiu o seu caminho, segurando o fiapo de palha na mão bem fechada.
Pouco depois apareceu uma libélula que zumbia incomodativa à volta da sua cabeça. Tentou espantá-la, mas não adiantou, porque o insecto continuava insistente a zumbir à volta dele. Então pensou: "está bem, se não queres ir-te embora, então ficas comigo".
Apanhou a libélula com muito cuidado, amarrou o fiapo de palha ao rabo dela e continuou a descer a rua.
A caminho do mercado, encontrou uma florista com o seu filhinho, que vinham de muito longe. O menino estava cansado, suado e todo empoeirado, mas quando viu a libélula a zumbir amarrada ao fiapo de palha, o seu rostinho animou-se:
- Por favor senhor, posso ficar com essa libélula? Por favor!
Assim o Sr. Palha, com pena do menino, estendeu-lhe a libélula no fiapo, com um grande sorriso.
- É muita bondade sua! - disse a florista - Não tenho nada para lhe dar em troca além de uma rosa.
O Senhor Palha agradeceu e continuou o seu caminho, levando a belissima rosa vermelha.
Andou mais um pouco e viu um jovem sentado num toco de árvore, que segurava a cabeça entre as mãos. Parecia tão infeliz, que o Sr. Palha perguntou-lhe o que tinha acontecido.
- Vou pedir a mão aos pais da minha noiva em casamento hoje à noite, mas sou tão pobre que não encontrei nada de real valor para lhe oferecer...
- Também sou pobre meu amigo. Não tenho nada de valor, mas se quiseres podes dar-lhe esta rosa vermelha, cor da paixão, decerto a tua noiva vai gostar.
O rapaz sorriu alegre ao ver a esplêndida rosa.
- Oh meu amigo, muito obrigada, fique com estas três laranjas, por favor. É só o que lhe posso dar em troca, por agora.
O Sr. Palha agradeceu e continuou o seu caminho, levando as três suculentas laranjas.
A seguir encontrou um vendedor de tecidos ofegante, que caminhava em passo incerto, arrastando um carro cheio de tecidos. Quando avistou o Sr. Palha, lamentou-se:
- Estou a puxar o carrinho desde esta manhã bem cedo. Estou tão cansado, com tanta sede e fome, que acho que vou desmaiar.
- Ah meu amigo, pouca sorte a tua, pois acho que não há nenhum poço por aqui, mas podes ficar com estas três sumarentas laranjas. Além de saciar a tua sede, ainda te vai alimentar.
O vendedor ficou tão agradecido, que ofereceu ao Sr. Palha uma peça da mais fina seda.
- O senhor é muito bondoso! Por favor, aceite esta seda em troca, bem a merece!
E mais uma vez o Sr. Palha seguiu pela rua, como a peça de seda debaixo do braço.
Ao fim de dez passos, avistou uma carruagem onde ia uma princesa. Esta, tinha um ar preocupado, mas quando se aproximou um pouco mais, alegrou-se ao ver o Sr. Palha.
- Ohhh que linda! Onde arranjou essa seda? É justamente o que eu andava à procura. Amanhã é o aniversário do meu pai e eu quero oferecer-lhe um quimono real.
- Já que é o aniversário dele, tenho prazer de lhe dar esta seda.
- O senhor é muito generoso - disse a princesa sorrindo - Por favor aceite esta jóia em troca, ela é valiosa e decerto vai-lhe ser muito útil.
A carruagem afastou-se, deixando o Sr. Palha pasmado a segurar uma linda jóia de inestimável valor, que brilhava à luz do sol.
Levou a jóia ao mercado e vendeu-a. Era de facto de muito valor porque, com esse dinheiro, comprou uma pequena plantação de arroz e ali trabalhou mais que nunca, arou, semeou e colheu. No ano seguinte, comprou mais uma plantação e assim, todos os anos, as plantações produziam mais arroz. Ele empregava cada vez mais trabalhadores e fazia bons negócios no mercado.
Ao fim de pouco tempo o Sr Palha ficou rico. Mas nunca se esquecendo da sua antiga condição e das dificuldades por que passou, ofereceu sempre arroz aos que tinham fome e ajudava todos aqueles que o procuravam.
Muitos diziam que a sua sorte tinha começado com um fiapo de palha, mas não terá sido antes com a sua generosidade?
Etiquetas:
Crónica,
história de vida
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2 comentários:
É muito bonita esta história, muito moralizante e comovente!
Linda essa reflexão...vale tudo quando somos generosos..
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