segunda-feira, 23 de março de 2009

Céu e Inferno



Um Samurai alto e forte, de carácter violento e rude, foi procurar um pequeno Monge, calmo e muito pacífico.
- «Monge” - disse autoritariamente – “ensina-me o que é isso do “Céu” e do “Inferno”!
O Monge, franzino, olhou para o temível guerreiro e respondeu com a mais absoluta calma:
- «Ensinar-te algo sobre o céu e o inferno? A ti? Nem pensar! Eu não te posso ensinar coisa alguma! Olha bem para ti, estás imundo, diria mais, nojento! O teu cheiro é insuportável.
A lâmina da tua espada está enferrujada, és uma vergonha, uma humilhação para a classe dos Samurais. Some-te da minha vista! Não consigo suportar a tua presença horrorosa!”
O Samurai nem queria acreditar no que estava a ouvir. Por instantes ficou boquiaberto, mas logo reagiu às palavras do pequeno Monge que fizeram eco dentro de si e a fúria veio à superfície como um vulcão quando entra em erupção.
Então o Samurai estremeceu de ódio, o sangue subiu-lhe ao rosto, e mal conseguiu dizer uma só palavra de tanta raiva.
Num gesto rápido, empunhou a espada enferrujada, ergueu-a sobre a cabeça e preparou-se para decapitar o Monge.
Nesse mesmo instante o Monge disse-lhe sem pestanejar:
- «Pronto! Aí tens...isso é o Inferno.»
O Samurai, mais uma vez, ficou pasmado e deteve-se. Testemunhou a serenidade, a compaixão e absoluta dedicação daquele pequeno homem, que colocou a própria vida em risco para lhe ensinar algo.
O Guerreiro baixou lentamente a espada e, cheio de gratidão subitamente pacificado pela sabedoria daquele ser, baixou os olhos e a cabeça numa atitude de humildade.
Nesse mesmo segundo, o Monge disse-lhe com serenidade:
- «Aí está...isso é o Céu.»
Os ensinamentos orientais que graças a Deus existem, para nos ensinar o doce caminho da paz interior.

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