segunda-feira, 2 de março de 2009

Luz Invisível


Quando no século XIX Victor Hugo morreu, arrastou cerca de dois milhões de acompanhantes no seu funeral em pleno Paris.
Era um lutador pelas causas sociais, defensor dos oprimidos, divulgador do ensino e da educação.
Victor Hugo deixou um legado de textos inéditos que, por sua expressa vontade, só foram publicados depois da sua morte.
Um desses textos, fala exactamente do homem e da sua imortalidade que se traduz mais ou menos nas seguintes palavras:

A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba e a alma começa. Que o digam esses que atravessam a hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém e que não acabou tudo?
Eu sou uma alma. Bem sinto o que darei ao túmulo, não é o meu eu, mas o meu ser. O que constitui o meu eu, irá mais além.
O homem é um prisioneiro! O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra. Coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro. Ali chegado, olha e distingue ao longe a campina.
Aspira o ar livre, vê a luz.
Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade.
Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à saída da sua vida?
Porque não possuirá ele um corpo subtil, e etéreo? Porque o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro? A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É demasiado pesado para esta Terra.
O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo luminoso é o que não vemos. Os nossos olhos carnais só vêem a noite.
A morte é uma mudança de vestimenta.
A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz.
Na morte, o homem fica sendo imortal.
A vida e o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a Terra, é pelo peso que faz sobre ela. A morte é uma continuação.
Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade.
As almas passam de uma esfera para a outra, tornam-se cada vez mais luz. Aproximam-se cada vez mais e mais de Deus.
O ponto de reunião será no infinito.
Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem.
Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é espírito.
Victor Hugo


Muitos consideram que, ao falecer a pessoa amada é a verdadeira desgraça, quando, na verdade, morrer não é finar-se nem consumir-se, mas libertar-se.
Assim, diante dos que partilham na direcção da morte, assuma o compromisso de preparar-se para o reencontro na vida espiritual com os seres que lhe foram queridos.
Prossiga a sua jornada na Terra sem adiar as realizações superiores que lhe competem, pois elas serão valiosas quando fizer a grande viagem rumo à madrugada clarificadora da eternidade.

(in “Momento Espírita” www.momento.com.br)

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