quarta-feira, 18 de março de 2009

Ser ou não ser feliz


Passamos pelas coisas sem as ver, gastos, como animais envelhecidos.
Se alguém chama por nós, não respondemos.
Se alguém nos pede amor, não estremecemos.
Caminhamos como frutos sem sombra, sem sabor, vamos caindo no chão, apodrecidos.
Eugénio de Andrade


Se é verdade que em cada dia temos a nossa carga, porque então teimamos em carregar para o dia seguinte, as nossas mágoas e dores?
E há ainda os que carregam para a semana seguinte, para o mês seguinte e até anos a fio, o mesmo rancor, a mesma raiva, sede de vingança disto e daquilo…
Tudo porque nos apegamos ao sofrimento, ao ressentimento tal como nos apegamos aquelas coisinhas que guardamos no fundo das gavetas e armários, sabendo serem inúteis, mas sem coragem de as deitar fora.
Vivemos com o lixo da existência, quanto tudo seria mais claro e límpido como o coração renovado.
As marcas e cicatrizes ficam para nos lembrar que a vida conquista-se com esforço, para nos lembrar também o que fizemos certo ou errado, quem fomos e o que devemos evitar.
Que pena não terem inventado ainda uma cirurgia plástica para a alma, onde nos tirariam todas as más vivências e nos deixassem com uma alma sem mácula, porque de coração aberto e limpo, tornamo-nos mais bonitos, mais agradáveis atraindo também tudo o que é positivo.
A sua vida merece que em cada dia dê uma oportunidade a si próprio de ser feliz.

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